domingo, 26 de maio de 2024

A solidariedade com os pobres é a porta de entrada no Reino de Deus

A solidariedade com os pobres é a porta de entrada no Reino de Deus  Mc 10,17-27 | 27.05.24 | 362 

Na reflexão do último sábado vimos que, na família iluminada pelo Evangelho nas comunidades cristãs, as crianças têm seu lugar e são bem colhidas. Mais: todas as pessoas e grupos sociais fragilizados e vulneráveis devem ser acolhidos e tratados como cidadãos plenos, portadores de dignidade e sujeitos de direito.

Na cena do evangelho de hoje Jesus conclui seu dramático ensinamento sobre as novas relações sociais instauradas pelo Reino de Deus e nos mostra plasticamente como “pessoas de bem” têm enormes dificuldades de entender e seguir Jesus. O personagem é proprietário de muitos bens, e não é discípulo de Jesus. Nesta cena, a questão do maior e do menor é aplicada às classes sociais.

O sujeito se aproxima de Jesus sem disfarçar seu jeito bajulador. Ele é qualificado como “muito rico”, e se dirige a Jesus com uma saudação que equivale â expressão “excelência”, esperando ser tratado da mesma forma. Jesus rejeita o título para si mesmo e não o usa para o homem rico. Na verdade, Jesus sempre reprovou e rejeitou esse tipo de bajulação e falsidade.

O homem pergunta o que deve fazer para conseguir a vida eterna, e Jesus recorda alguns dos mandamentos, acrescentando “não prejudicarás (roubarás) ninguém”, que não aparece entre os conhecidos 10 mandamentos. Nesse acréscimo está embutido uma advertência ou um questionamento: como aquele homem “muito rico” adquiriu suas riquezas? Simplesmente por herança ou trabalho pessoal?

O homem não se dá por rogado, sente-se perfeito, não percebe que suas muitas posses escondem o que realmente lhe falta: partir, vender, dar, vir, seguir. Em outras palavras: falta-lhe libertar-se das propriedades que o possuem e tornar-se discípulo de Jesus. Isso ele não suporta, e procura esquivar-se diante do imperativo de repartir os bens com os pobres para ser livre.

O comentário de Jesus diante da atitude do homem não deixa dúvidas: a posse de muitos bens é um grande impedimento para a adesão ao Reino de Deus. Jesus é muito cético diante dos discípulos ricos. A metáfora do camelo e do buraco da agulha, uma picante ironia de Jesus, o dizem claramente. A solidariedade com os pobres é a porta de entrada no Reino de Deus. Riqueza não é sinal de bênção!

 Meditação:

·        Releia o texto e contemple a cena, procurando dar atenção a cada gesto e a cada palavra, tanto as de Jesus como as do home rico

·        Não ocorre também hoje considerar as elites como mais abençoadas, exemplares e dignas de serem imitadas?

·        Como nos aproximamos de Jesus: ostentando nossos méritos e perfeições, sem consciência das nossas carências e desejos?

·        Como assimilar na vida e na missão essa oposição excludente seguir Jesus e não se importar com as necessidades dos pobres?


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