A solidariedade com os pobres é a porta de entrada no Reino de Deus | Mc 10,17-27 | 27.05.24 | 362
Na reflexão do último sábado vimos que, na família iluminada pelo
Evangelho nas comunidades cristãs, as crianças têm seu lugar e são bem
colhidas. Mais: todas as pessoas e grupos sociais fragilizados e vulneráveis
devem ser acolhidos e tratados como cidadãos plenos, portadores de dignidade e
sujeitos de direito.
Na cena do evangelho de hoje Jesus conclui seu dramático ensinamento
sobre as novas relações sociais instauradas pelo Reino de Deus e nos mostra
plasticamente como “pessoas de bem” têm enormes dificuldades de entender e
seguir Jesus. O personagem é proprietário de muitos bens, e não é discípulo de
Jesus. Nesta cena, a questão do maior e do menor é aplicada às classes sociais.
O sujeito se aproxima de Jesus sem disfarçar seu jeito bajulador. Ele é
qualificado como “muito rico”, e se dirige a Jesus com uma saudação que
equivale â expressão “excelência”, esperando ser tratado da mesma forma. Jesus
rejeita o título para si mesmo e não o usa para o homem rico. Na verdade, Jesus
sempre reprovou e rejeitou esse tipo de bajulação e falsidade.
O homem pergunta o que deve fazer para conseguir a vida eterna, e Jesus
recorda alguns dos mandamentos, acrescentando “não prejudicarás (roubarás)
ninguém”, que não aparece entre os conhecidos 10 mandamentos. Nesse acréscimo
está embutido uma advertência ou um questionamento: como aquele homem “muito
rico” adquiriu suas riquezas? Simplesmente por herança ou trabalho pessoal?
O homem não se dá por rogado, sente-se perfeito, não percebe que suas
muitas posses escondem o que realmente lhe falta: partir, vender, dar, vir,
seguir. Em outras palavras: falta-lhe libertar-se das propriedades que o
possuem e tornar-se discípulo de Jesus. Isso ele não suporta, e procura
esquivar-se diante do imperativo de repartir os bens com os pobres para ser
livre.
O comentário de Jesus diante da atitude do homem não deixa dúvidas: a
posse de muitos bens é um grande impedimento para a adesão ao Reino de Deus.
Jesus é muito cético diante dos discípulos ricos. A metáfora do camelo e do
buraco da agulha, uma picante ironia de Jesus, o dizem claramente. A
solidariedade com os pobres é a porta de entrada no Reino de Deus. Riqueza não
é sinal de bênção!
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Releia o texto e contemple a cena, procurando dar atenção a cada
gesto e a cada palavra, tanto as de Jesus como as do home rico
·
Não ocorre também hoje considerar as elites como mais abençoadas,
exemplares e dignas de serem imitadas?
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Como nos aproximamos de Jesus: ostentando nossos méritos e
perfeições, sem consciência das nossas carências e desejos?
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Como assimilar na vida e na missão essa oposição excludente seguir
Jesus e não se importar com as necessidades dos pobres?
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