340 | Ano B | 6ª Semana da Páscoa | Domingo | João 15,9-17
05/05/2024
Amor é uma palavra à qual damos
sentidos muito diferentes. A maioria das pessoas coloca o amor no âmbito dos
sentimentos e, com isso, acaba eliminando sua essência. Se é verdade que o
Evangelho segundo João dá ao amor fraterno um lugar central no anúncio de
Jesus, não podemos esquecer que os evangelhos sinóticos conferem esta mesma
centralidade à prática da nova justiça do Reino de Deus. Por isso, é preciso
escutar com atenção a proposta que Jesus nos faz no trecho do Evangelho do
sexto domingo do tempo pascal.
Precisamos compreender o amor mais
como verbo que como substantivo. A questão é como amar, e não o que é o amor.
Quem conjugou o verbo amar em todos tempos, modos e pessoas foi Jesus Cristo.
As primeiras comunidades cristãs expressaram isso de muitos modos. Jesus de
Nazaré, em suas palavras e ações é como a vitrine que expõe o amor de Deus no
mundo.
Eis como Jesus concretizou o amor:
acolheu pecadores e resgatou a dignidade deles; compadeceu-se dos famintos e
multiplicou pães e peixes em favor deles; comoveu-se com o sofrimento das
pessoas doentes e deu-lhes condições de plena cidadania; aproximou-se das
pessoas excluídas e sentou-se com elas à mesa; tomou a defesa de mulheres
condenadas violentamente pelos próprios homens que as usavam; afirmou que, para
o Pai, os últimos são os primeiros.
Como Jesus nos revelou, a vivência do
amor tem mais a ver com decisão e vontade que com sentimento. O sentimento é
involuntário, e se impõe sobre a vontade, enquanto que o amor é a decisão de
fazer-se próximo e servidor/a de quem é diferente e pode estar precisando de
nós, e não mero sentimento. Amar significa bem-querer, bem-dizer e bem-fazer,
tudo ao mesmo tempo
No evangelho que
meditamos hoje, Jesus apresenta a si mesmo como medida e referência do amor:
“Amem-se uns aos outros assim como eu amei vocês”. Com isso, Jesus quer nos
libertar da tentação de colocar nossos desejos como referência essencial para
todas as relações. O amor se concretiza no relacionamento de igual para igual,
na abolição de hierarquias, senhorios e servidões, na atitude de serviço
gratuito e irrestrito.
Meditação:
· Este ensino terno e incisivo de Jesus ocorre logo depois da
ceia, do lava-pés e da reflexão exortativa que se seguiram, e faz parte do seu
“testamento”
· Jesus focaliza sua reflexão sobre sua identidade e missão, e sobre
a necessidade de aderir a ele de modo inequívoco, permanecendo com ele
· Situe-se junto com os discípulos, perturbados com o gesto
extremo de fraternidade de Jesus expresso no lava-pés, com o anúncio da sua
morte e com a previsão de que seria traído por um dos seus discípulos mais
íntimos
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