sábado, 4 de maio de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (340)

340 | Ano B | 6ª Semana da Páscoa | Domingo | João 15,9-17

05/05/2024

Amor é uma palavra à qual damos sentidos muito diferentes. A maioria das pessoas coloca o amor no âmbito dos sentimentos e, com isso, acaba eliminando sua essência. Se é verdade que o Evangelho segundo João dá ao amor fraterno um lugar central no anúncio de Jesus, não podemos esquecer que os evangelhos sinóticos conferem esta mesma centralidade à prática da nova justiça do Reino de Deus. Por isso, é preciso escutar com atenção a proposta que Jesus nos faz no trecho do Evangelho do sexto domingo do tempo pascal.

Precisamos compreender o amor mais como verbo que como substantivo. A questão é como amar, e não o que é o amor. Quem conjugou o verbo amar em todos tempos, modos e pessoas foi Jesus Cristo. As primeiras comunidades cristãs expressaram isso de muitos modos. Jesus de Nazaré, em suas palavras e ações é como a vitrine que expõe o amor de Deus no mundo.

Eis como Jesus concretizou o amor: acolheu pecadores e resgatou a dignidade deles; compadeceu-se dos famintos e multiplicou pães e peixes em favor deles; comoveu-se com o sofrimento das pessoas doentes e deu-lhes condições de plena cidadania; aproximou-se das pessoas excluídas e sentou-se com elas à mesa; tomou a defesa de mulheres condenadas violentamente pelos próprios homens que as usavam; afirmou que, para o Pai, os últimos são os primeiros.

Como Jesus nos revelou, a vivência do amor tem mais a ver com decisão e vontade que com sentimento. O sentimento é involuntário, e se impõe sobre a vontade, enquanto que o amor é a decisão de fazer-se próximo e servidor/a de quem é diferente e pode estar precisando de nós, e não mero sentimento. Amar significa bem-querer, bem-dizer e bem-fazer, tudo ao mesmo tempo

No evangelho que meditamos hoje, Jesus apresenta a si mesmo como medida e referência do amor: “Amem-se uns aos outros assim como eu amei vocês”. Com isso, Jesus quer nos libertar da tentação de colocar nossos desejos como referência essencial para todas as relações. O amor se concretiza no relacionamento de igual para igual, na abolição de hierarquias, senhorios e servidões, na atitude de serviço gratuito e irrestrito.

 

Meditação:

·      Este ensino terno e incisivo de Jesus ocorre logo depois da ceia, do lava-pés e da reflexão exortativa que se seguiram, e faz parte do seu “testamento”

·      Jesus focaliza sua reflexão sobre sua identidade e missão, e sobre a necessidade de aderir a ele de modo inequívoco, permanecendo com ele

·      Situe-se junto com os discípulos, perturbados com o gesto extremo de fraternidade de Jesus expresso no lava-pés, com o anúncio da sua morte e com a previsão de que seria traído por um dos seus discípulos mais íntimos

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