358 | Ano B | 7ª Semana Comum| Quinta-feira |
Marcos 9,41-50
23/05/2024
Ontem víamos que Jesus
chama seus discípulos à abertura e à colaboração ecumênica. Quem tem um coração
grande, um olhar abrangente e uma fé confiante não imagina ter concorrentes por
todo lado. Só uma mente imatura pode se mostrar incapaz de reconhecer o bem que
outros fazem e alimentar o desejo de que todos peçam sua aprovação para
qualquer iniciativa benemérita.
No texto de hoje, Jesus começa radicalizando o
ensino do episódio de ontem: qualquer gesto de hospitalidade, por menor que
seja e mesmo que seja proveniente de alguém de fora da comunidade cristã é
benemérito e nobre. Para Jesus, todos os que agem com solidariedade são
bem-vindos, são cidadãos do Reino de Deus. O que vale é a prática, e não o
rótulo religioso.
Para jesus, os cristãos devem atuar sem
preconceitos contra ninguém e sem pretensões de exclusividade. Não há
fronteiras rígidas que nos separam daqueles que não rezam pela nossa cartilha.
O bem pode estar tanto dentro como fora da comunidade, e o mal pode vir tanto
de fora quanto de dentro dela.
Este é o alerta que Jesus nos dá quando recorre à
metáfora dos membros do corpo. Para as comunidades apostólicas, o corpo era uma
imagem da diversidade dos membros, serviços e funções das comunidades cristãs.
E, na mentalidade judaica, os pés, as mãos e os olhos eram considerados o lugar
dos atos agressivos ou descontrolados.
Na verdade, a comunidade de Marcos vivia a triste e
dura experiência da deserção, da traição e da apostasia de parte dos seus
membros frente às violentas e reiteradas perseguições. E se perguntava como
reagir a esta pedra de tropeço que acabava derrubando os mais fracos. Uma
leitura atenta do texto evidencia que a solução não é a condenação à morte
(como era comum na tradição oriental), nem a exclusão pura e simples da
comunidade.
A metáfora do sal aponta para o trabalho paciente e
firme em vista da solução do conflito e da recuperação da paz e da harmonia. Na
tradição judaica, o sal é símbolo da Aliança. Assim, Jesus pede que todos
tenhamos este sal e vivamos a paz com os demais, inclusive com os traidores.
Meditação:
·
Releia o texto e contemple a cena, procurando dar atenção a cada
gesto e a cada palavra, assim como aos símbolos usados por jesus
·
Você consegue valorizar os pequenos e grandes gestos de humanismo
que ocorrem fora da sua Igreja?
·
Como costumamos tratar os membros da comunidade ou da família que
“cometem besteira” e nos deixam envergonhados?
·
Que passos poderíamos dar para desenvolver uma educação e uma
catequese capazes de evitar o preconceito e a exclusividade?
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