357 | Ano B | 7ª Semana Comum| Quarta-feira |
Marcos 9,38-40
22/05/2024
É paradoxal que os mesmos discípulos
que resistiam a seguir Jesus pelas vias da compaixão e não conseguiam expulsar
um espírito mau que amordaçava um jovem (cf. Mc 9,14-29) queiram proibir
que outros o façam. Parece que eles queriam manter o monopólio do exorcismo
como status e
privilégio.
A resposta de Jesus chama à abertura
e à colaboração ecumênica: Quem tem um coração grande, um olhar abrangente e
uma fé confiante não imagina ter concorrentes por todo lado. Só uma mente
imatura e institucionalizada pode se mostrar incapaz de reconhecer o bem que
outros fazem e alimentar o desejo de que todos peçam sua aprovação para
qualquer iniciativa benemérita.
Por que esta incapacidade de muitos
de nós em respeitar, valorizar e cooperar com as demais Igrejas cristãs? Será
que aquilo que temos em comum não é mais importante que as picuinhas que nos
diferenciam? Se eles estão a favor de Jesus Cristo, poderiam estar contra nós?
A mesma reflexão se aplica à nossa
relação com os movimentos sociais e culturais. Passou o tempo de ver em tudo o
gérmen da discórdia e do confronto. Projetos que nascem fora das sacristias e
das bênçãos eclesiásticas trazem a secreta marca do Espírito de Deus e realizam
um bem enorme à humanidade. E até mesmo o copo de água não passa sem
reconhecimento aos olhos de Deus.
Sejamos sinceros e verdadeiros: o bem
e a justiça podem vir de fora da Igreja, e a traição e o escândalo podem vir de
dentro dela. Muitos dos problemas que nossa Igreja enfrenta hoje são gerados e
alimentados no seu próprio ventre. A ruptura com o Evangelho e muitas práticas
que o negam surgem e são toleradas em nossas comunidades eclesiais.
Jesus enfrenta corajosamente este
problema. Sob a pressão da perseguição, havia quem abandonasse o Evangelho, e
isso era uma pedra de tropeço para muitos ‘pequeninos’. O corpo eclesial tinha
membros que escandalizavam. E a proposta de Jesus é radical: vigilância e
firmeza. É melhor ser uma comunidade pequena e coerente que grande e cheia de
contradições. Ela não pode limitar ou perder sua missão de ser sal, de fazer a
diferença.
Meditação:
·
Releia o texto e contemple a cena, procurando dar atenção a cada
gesto e a cada palavra, tanto as de Jesus como as de João
·
Será que João, o discípulo no qual vemos puro amor e delicadeza,
não estaria mostrando a rigidez doutrinal que nos ronda a todos?
·
Será que os problemas de nossas comunidades (eclesiais ou religiosas)
vem somente de fora, ou principalmente de dentro?
·
Como costumamos agir em relação aos membros da comunidade que caem
no erro ou causam escândalos?
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