terça-feira, 21 de maio de 2024

A Luz do Evangelho em nossa vida (357)

357 | Ano B | 7ª Semana Comum| Quarta-feira | Marcos 9,38-40

22/05/2024

É paradoxal que os mesmos discípulos que resistiam a seguir Jesus pelas vias da compaixão e não conseguiam expulsar um espírito mau que amordaçava um jovem (cf. Mc 9,14-29) queiram proibir que outros o façam. Parece que eles queriam manter o monopólio do exorcismo como status e privilégio.

A resposta de Jesus chama à abertura e à colaboração ecumênica: Quem tem um coração grande, um olhar abrangente e uma fé confiante não imagina ter concorrentes por todo lado. Só uma mente imatura e institucionalizada pode se mostrar incapaz de reconhecer o bem que outros fazem e alimentar o desejo de que todos peçam sua aprovação para qualquer iniciativa benemérita.

Por que esta incapacidade de muitos de nós em respeitar, valorizar e cooperar com as demais Igrejas cristãs? Será que aquilo que temos em comum não é mais importante que as picuinhas que nos diferenciam? Se eles estão a favor de Jesus Cristo, poderiam estar contra nós?

A mesma reflexão se aplica à nossa relação com os movimentos sociais e culturais. Passou o tempo de ver em tudo o gérmen da discórdia e do confronto. Projetos que nascem fora das sacristias e das bênçãos eclesiásticas trazem a secreta marca do Espírito de Deus e realizam um bem enorme à humanidade. E até mesmo o copo de água não passa sem reconhecimento aos olhos de Deus.

Sejamos sinceros e verdadeiros: o bem e a justiça podem vir de fora da Igreja, e a traição e o escândalo podem vir de dentro dela. Muitos dos problemas que nossa Igreja enfrenta hoje são gerados e alimentados no seu próprio ventre. A ruptura com o Evangelho e muitas práticas que o negam surgem e são toleradas em nossas comunidades eclesiais.

Jesus enfrenta corajosamente este problema. Sob a pressão da perseguição, havia quem abandonasse o Evangelho, e isso era uma pedra de tropeço para muitos ‘pequeninos’. O corpo eclesial tinha membros que escandalizavam. E a proposta de Jesus é radical: vigilância e firmeza. É melhor ser uma comunidade pequena e coerente que grande e cheia de contradições. Ela não pode limitar ou perder sua missão de ser sal, de fazer a diferença.

 

Meditação:

·        Releia o texto e contemple a cena, procurando dar atenção a cada gesto e a cada palavra, tanto as de Jesus como as de João

·        Será que João, o discípulo no qual vemos puro amor e delicadeza, não estaria mostrando a rigidez doutrinal que nos ronda a todos?

·        Será que os problemas de nossas comunidades (eclesiais ou religiosas) vem somente de fora, ou principalmente de dentro?

·        Como costumamos agir em relação aos membros da comunidade que caem no erro ou causam escândalos?

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