quinta-feira, 27 de junho de 2024

Na base das verdadeiras mudanças está sempre a compaixão

Na base das verdadeiras mudanças está sempre a compaixão | 394 | 28.06.24 | Mateus  8,1-4

Depois de concluir a primeira etapa da formação dos discípulos e discípulas, feita na montanha e concluída com o chamado a construir a casa sobre a rocha (ouvindo e praticando a Boa Notícia de Deus), Jesus desce da montanha para continuar o processo formativo, agora na ação, mediante o testemunho. Jesus ensina por aquilo que faz, e age de forma transformadora com aquilo que anuncia.

Jesus havia afirmado que são felizes, entre outras, as pessoas que choram compartilhando a dor das outras, assim como as pessoas misericordiosas. Uma multidão de gente marcada pela dor e pela esperança o seguia, porque só podiam contar com ele. Na cena de hoje, um leproso, que não poderia estar com a multidão nem com sua própria família, se aproxima de Jesus, transgredindo os preceitos, que o obrigavam a tomar distância e anunciar sua maldição.

O leproso se aproxima e, demonstrando sua reverência e dependência, se ajoelha diante de Jesus e lhe faz um pedido: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. Como a lepra, sendo uma contagiosa doença de pele, era vista como impureza que excluía a pessoa da convivência social, o leproso não pede apenas para ser curado, mas para ser “purificado”. A purificação (ou o perdão) é a ação interior e espiritual que se expressa na cura exterior ou física.

Jesus realiza o querer e o agir de Deus, por isso afirma que ele quer sim purificar/curar aquela pessoa sofrida e excluída, quer que ela fique totalmente “limpa”, e possa frequentar todos os espaços sociais e religiosos antes absolutamente interditados a ela. “Purificado”, o leproso é reinserido na convivência social, e tem o direito de ser tratado como ser humano e como cidadão.

Pode parecer estranho que, fazendo algo que não poderia fazer segundo a lei judaica e denunciando a incapacidade do templo de fazê-lo em nome de Deus, Jesus tenha enviado o homem “purificado” justamente ao templo. Mas Jesus o faz por dois motivos: mostrando-se aos sacerdotes e apresentando sua oferta, o homem adquire o “passaporte” que lhe permite frequentar o templo e a sociedade; ao mesmo tempo, demonstra “ao vivo e a cores” a incompetência do pessoal do templo.

 

Meditação:

·        Participe desta cena e interaja com os personagens, descendo com Jesus da montanha, misturando-se à multidão, observando o leproso

·        Quem são hoje as pessoas e grupos sociais cuja presença e circulação na sociedade não é bem vista, é indesejada ou é até proibida?

·        Quais são os critérios que hoje a sociedade elitista e consumista estabelece para excluir uma pessoa dos seus círculos?

·        Há algo em você ou em sua família ou em sua comunidade que você vê como impureza, que lhe tira a dignidade e a alegria de viver e conviver?

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