Na base das
verdadeiras mudanças está sempre a compaixão | 394 | 28.06.24 | Mateus 8,1-4
Depois de
concluir a primeira etapa da formação dos discípulos e discípulas, feita na
montanha e concluída com o chamado a construir a casa sobre a rocha (ouvindo e praticando
a Boa Notícia de Deus), Jesus desce da montanha para continuar o processo
formativo, agora na ação, mediante o testemunho. Jesus ensina por aquilo que
faz, e age de forma transformadora com aquilo que anuncia.
Jesus havia afirmado que são felizes,
entre outras, as pessoas que choram compartilhando a dor das outras, assim como
as pessoas misericordiosas. Uma multidão de gente marcada pela dor e pela
esperança o seguia, porque só podiam contar com ele. Na cena de hoje, um
leproso, que não poderia estar com a multidão nem com sua própria família, se
aproxima de Jesus, transgredindo os preceitos, que o obrigavam a tomar
distância e anunciar sua maldição.
O leproso se aproxima e, demonstrando
sua reverência e dependência, se ajoelha diante de Jesus e lhe faz um pedido:
“Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. Como a lepra, sendo uma
contagiosa doença de pele, era vista como impureza que excluía a pessoa da
convivência social, o leproso não pede apenas para ser curado, mas para ser “purificado”.
A purificação (ou o perdão) é a ação interior e espiritual que se expressa na
cura exterior ou física.
Jesus realiza o querer e o agir de
Deus, por isso afirma que ele quer sim purificar/curar aquela pessoa sofrida e
excluída, quer que ela fique totalmente “limpa”, e possa frequentar todos os
espaços sociais e religiosos antes absolutamente interditados a ela. “Purificado”,
o leproso é reinserido na convivência social, e tem o direito de ser tratado
como ser humano e como cidadão.
Pode parecer estranho que, fazendo
algo que não poderia fazer segundo a lei judaica e denunciando a incapacidade
do templo de fazê-lo em nome de Deus, Jesus tenha enviado o homem “purificado”
justamente ao templo. Mas Jesus o faz por dois motivos: mostrando-se aos
sacerdotes e apresentando sua oferta, o homem adquire o “passaporte” que lhe
permite frequentar o templo e a sociedade; ao mesmo tempo, demonstra “ao vivo e
a cores” a incompetência do pessoal do templo.
Meditação:
·
Participe
desta cena e interaja com os personagens, descendo com Jesus da montanha,
misturando-se à multidão, observando o leproso
·
Quem
são hoje as pessoas e grupos sociais cuja presença e circulação na sociedade
não é bem vista, é indesejada ou é até proibida?
·
Quais
são os critérios que hoje a sociedade elitista e consumista estabelece para
excluir uma pessoa dos seus círculos?
·
Há
algo em você ou em sua família ou em sua comunidade que você vê como impureza,
que lhe tira a dignidade e a alegria de viver e conviver?
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