A vivência da fraternidade som
fronteiras vale mais que as leis e as penas | 379 | 13.06.24 | Mateus 5,20-26
Depois de propor o caminho da
felicidade plena e duradoura, Jesus sublinha que este caminho requer a vivência
de uma justiça maior que a justiça dos escribas e fariseus. E dá uma série de
exemplos, dos quais o texto de hoje apresenta o primeiro. Jesus parte das
Escrituras Sagradas, mas não se detém na simples transcrição literal ou na
afirmação da lei. Para ele, a Escritura tem por finalidade assegurar a proteção
social das pessoas vulneráveis e a harmonia no interior da comunidade.
Nesta perspectiva, Jesus reinterpreta
o 5º mandamento de Moisés, ciente de que o homicídio começa bem antes do ato
concreto, e tem suas raízes na falta de respeito à dignidade de quem é
diferente de nós, configurada na raiva e no insulto. Não matar não é o máximo,
mas o mínimo da justiça. A fraternidade sem fronteiras e a reconciliação sempre
renovada são exigências incontornáveis do Evangelho do Reino, e os discípulos
de Jesus não podemos ignorar ou menosprezar isso.
A justiça maior que aquela ostentada
pelos fariseus se expressa na vivência da fraternidade sem fronteiras, ou na
amizade social: agindo de tal forma que a pessoa diferente viva dignamente.
Isso é tão importante e decisivo que Jesus ensina que a nossa comunhão com Deus
depende da reconciliação com as pessoas e grupos que divergem de nós, e até com
quem nos persegue. A atitude de pacificação e reconciliação é mais importante
que a ortodoxia doutrinal e que o culto divino!
É claro que Jesus não recomenda fazer
uma parada durante a celebração, antes da apresentação das oferendas. Ele usa
uma imagem forte para reforçar a absoluta importância de cultivar, manter e
reatar os vínculos que, tanto do ponto de vista humano quanto religioso, nos
mantêm unidos ao próximo. E não se trata apenas de constatar que ofendemos
alguém e que isso nos pesa na consciência, mas de verificar se agimos mal e
provocamos dano e ressentimento nos outros.
O próximo, sendo diferente, e até
mesmo divergente de nós, é um dom, um presente, um desafio permanente à nossa
integridade e coerência. Relacionar-nos com ele de modo fraterno não pode ser vivido
como um peso, mas como uma grande alegria. Ou será que a vivência de uma
fraternidade sem fronteiras não é um grande motivo de alegria para qualquer
pessoa? A fraternidade sem exclusões vale todos as penas!
Meditação:
· Que impacto tem sobre você, seu pensamento e
suas ações este ensino de Jesus: não é suficiente não matar, é preciso evitar a raiva e o insulto?
· Quais são as consequências do pedido para
interromper o culto e as ofertas para primeiro se reconciliar com quem
prejudicamos?
· Como você, sua família e sua comunidade podem
exercitar este precioso e exigente ensinamento de Jesus?
· Com quem você precisa se reconciliar hoje, por
você tê-lo ofendido ou por ter se sentido ofendido por ele?
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