Para Jesus,
a medida do amor é amar sempre, e sem medida | 384 | 18.06.24 | Mateus 5,43-48
A parte do
evangelho de Mateus que conhecemos como “sermão da montanha” é uma espécie de
iniciação dos discípulos à novidade do Reino de Deus inaugurada e vivida por
Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai. Se é verdade que Jesus não quer simplesmente
descartar a Lei e os costumes do judaísmo do seu tempo, também não há dúvidas
de que ele opera uma mudança substancial nas tradições sagradas, e se apresenta
como seu autorizado intérprete e
consumador.
Hoje temos o sexto exemplo de releitura da Lei
exercitada por Jesus: o mandamento de amar o próximo. Para a tradição judaica,
originalmente faziam parte do conceito de “próximo” os familiares de sangue e
de casa e os membros do judaísmo, mas o conceito se estendia também, ao menos
em parte, aos doentes, aos pobres e aos estrangeiros. Na prática, no tempo de
Jesus, este círculo era bem mais estreito, e se restringia a poucas pessoas.
Por outro lado, faziam parte do grupo dos “inimigos” os oponentes pessoais, os
adversários nacionais, os estrangeiros e infiéis, mas também gente da própria
casa, quando se comportava de modo considerado inaceitável.
Para Jesus está muito claro que Deus não orienta sua
relação conosco pelos parâmetros do gênero, da aparência, da riqueza, da
condição social ou religiosa, do sangue ou da nação. O Reino, porque é de Deus
e porque Deus é bom, não separa nem opõe bons e maus. Todos somos pecadores
necessitados da misericórdia do Pai, pessoas limitadas que não chegam à melhor
versão de si mesmos sem a acolhida e a ajuda dele. Por isso, Jesus pede e
espera de seus discípulos a disposição de amar até nossos inimigos e de rezar
pelos que nos perseguem. É assim que manifestaremos que somos filhos de Deus,
pois nossa ação de identifica com a dele.
Mas é também claro que amar o próximo não é a mesma
coisa que ser gentil com as pessoas, ou ter bons sentimentos. Amar é reconhecer
e afirmar, por decisão e por ação, a dignidade de cada pessoa, para além da sua
condição humana, social ou moral. E o amor, por sua própria natureza, não é da
parte dos sentimentos, mas da ordem da vontade, das decisões. Ninguém ama por
instinto, por sentimento ou por natureza, mas por decisão e compromisso. A
medida do amor é amar sem medida, pois o amor calculado e mensurável não passa
de cínico egoísmo e de acordo de cavalheiros. Atenção, pois, no uso do verbo
amar!
Meditação:
· Deixe ressoar em você este ensino inovador que
Jesus viveu: não pagar com a mesma moeda, não ser uma pessoa reativa, mas
inovadora, revolucionária
· Recorde cenas e acontecimentos da vida de Jesus
que demonstram que ele viveu isso que ensina aos seus discípulos
· O que significa hoje oferecer a outra face, dar
o manto a quem quer se apropriar da túnica, andar o dobro daquilo que nos
impõem?
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