Com Jesus, aprendemos o que significa
cumprir a Lei e a Profecia | 378 | 12.06.24 | Mateus 5,17-19
Os evangelhos não deixam dúvidas: aos
olhos de grande parte dos seus contemporâneos, Jesus era um anarquista que
estimulava a desobediência da lei religiosa e civil. A liberdade recebida e
vivida por aqueles que se fizeram seus discípulos também causou preocupações,
até por causa do exagero de alguns. Daí a pergunta: Jesus teria vindo da parte
de Deus para abolir a Lei?
Estamos na primeira grande “aula” no
processo de formação dos discípulos, que conhecemos como “sermão da montanha”.
É claro que a indicação das características das pessoas que são “bem-aventurados”,
os santos, as pessoas que agradam a Deus, causou um certo desconcerto, em todos
os tempos. A intervenção de Jesus que refletimos hoje procura esclarecer e colocar
as coisas no seu devido lugar.
As citações diretas das escrituras que
podemos ler nos capítulos anteriores já poderiam ter eliminado as dúvidas: tudo
na vida de Jesus ocorre “para que se cumpra a Lei”. Mas então, se fosse simples
assim, Jesus seria apenas um profeta judeu como todos os outros, ou um simples
reformador dos costumes? Nele só haveria continuidade, sem nenhuma espécie de
ruptura em relação ao judaísmo?
Para responder a estas interrogações,
Jesus começa com uma advertência: “Não pensem que eu vim abolir a Lei e os
Profetas!” Tanto a Lei como os Profetas, continuam como uma espécie de
“pedagogos” até que o Reino de Deus seja consumado, até que passe este velho
sistema social, cultural e religioso (“o céu e a terra”). “Eu vim para cumprir
plenamente” tanto a Lei como a Profecia, diz Jesus. Para ele, a prática dos
escribas e fariseus era ostensivamente parcial e imperfeita.
A expressão “em verdade, em verdade,
eu vos digo” enfatiza a autoridade de Jesus, que se apresenta como o cumpridor
do sentido profético da Lei, até então escondido aos judeus, especialmente às
lideranças que haviam ocupado a cátedra de Moisés. Jesus se apresenta como a
“chave” que abre o sentido das escrituras, que devem ser lidas e revistas a
partir daquilo que ele viveu e ensinou. Desobedecendo (ou ultrapassando) as
leis para atender as necessidades das pessoas vulneráveis, Jesus se mostra um
profeta, e manifesta o verdadeiro sentido e o objetivo último da Lei. Quem o
segue deva estar disposto a renunciar ao legalismo e ao medo.
Meditação:
· Você não tem a impressão de que, com seu
ensino e sua prática, Jesus estimula uma postura desobediente e anárquica
frente às leis?
· Você não acha que, por outro lado, muitas
pregações e práticas de hoje prendem Jesus à simples e inflexível obediência às
leis e costumes?
· O que significa para nós, hoje, levar a sério
que Jesus cumpre e revela plenamente as escrituras anteriores a ele?
· Quais as implicações de assumir “o olhar, o
agir e o sentir” de Jesus como chaves para a leitura das Escrituras Sagradas?
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