Vivemos para
fazer o bem ao próximo, e não para impressionar a Deus | 385 | 19.06.24
| Mateus 6,1-16.16-18
Nas últimas
meditações, vimos refletindo sobre a proposta inovadora de Jesus frente aos
costumes e leis do judaísmo, em seis exemplos concretos. No evangelho de hoje
Jesus prossegue seu ensino, deslocando a atenção das prescrições legais para as
práticas de piedade mais relevantes do seu tempo: a esmola, a oração e o jejum.
É uma nova etapa na formação dos discípulos! Não faltemos a mais esta lição da
nossa formação permanente, nem nos distraiamos diante do Mestre.
Nos exemplos anteriores, o tema era a
justiça maior e plena que aquela praticada pelos fariseus, a justiça que
antecede e excede as prescrições e proibições. Este tema continua na presente seção,
como, de resto, em todo o evangelho de Mateus. Para alguns setores importantes
do judaísmo, tudo se resumia em aparecer, ser visto e reconhecido, em granjear
a fama aos olhos do povo, inclusive com práticas religiosas e morais muito
minuciosas. Em vista do reconhecimento eles faziam qualquer coisa, e a isso
subordinavam até as práticas religiosas.
Jesus começa sua exortação de hoje com
uma advertência contundente: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça
na frente das pessoas, só para serdes vistos por elas!” Jesus não é um pregador
ingênuo e sonhador, e percebe que a busca de evidência e de relevância pode
contaminar até aquilo que parece mais piedoso e religioso, como a partilha
mediante a esmola, a intimidade com Deus mediante a oração, e o jejum como
privação de algo bom em vista de algo superior. A hipocrisia pode contaminá-las
irremediavelmente e destituí-las de valor evangélico!
Por isso, Jesus
propõe um princípio prático, geral e efetivo para evitar esse risco: evitar a
busca do aplauso e da publicidade, deslocando o foco de nós mesmos e nossas
instituições para Deus e o Outro. É isso que nos faz bons e nos justifica! O
resto é teatro e espetáculo para impressionar as pessoas incautas. O que vale
todas as penas é a aprovação de Deus, que vê o que é discreto e secreto, aquilo
que ninguém vê, aqueles que ninguém quer ver, reconhecer e valorizar.
A ostentação e a aparência têm pouco a
ver com Deus, com sua vontade e com sua ação no mundo. Muito ao contrário, este
tipo de piedade é capaz de irritar em vez de agradar a Deus. Não podemos usar
as práticas de piedade e o culto solene como estratégias para seduzir o povo e
tentar o próprio Deus. “Fé cega é faca amolada”, e “quando a promessa é grande
o santo desconfia”, ensina a sabedoria popular.
Meditação:
· Deixe ressoar em você este ensino inovador de
Jesus, que ele mesmo viveu em primeira pessoa: fazer o bem sem olhar a quem
· Como você e sua comunidade tem vivido as
práticas de partilha solidária? Há algo a ser revisto e melhorado nelas?
· E o que pensamos hoje em relação ao jejum? Vemos
sentido? Com que sentido o praticamos, ou com que argumentos o contestamos?
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