terça-feira, 18 de junho de 2024

Vivemos para fazer o bem ao próximo, e não para impressionar a Deus

Vivemos para fazer o bem ao próximo, e não para impressionar a Deus | 385 | 19.06.24 | Mateus 6,1-16.16-18

Nas últimas meditações, vimos refletindo sobre a proposta inovadora de Jesus frente aos costumes e leis do judaísmo, em seis exemplos concretos. No evangelho de hoje Jesus prossegue seu ensino, deslocando a atenção das prescrições legais para as práticas de piedade mais relevantes do seu tempo: a esmola, a oração e o jejum. É uma nova etapa na formação dos discípulos! Não faltemos a mais esta lição da nossa formação permanente, nem nos distraiamos diante do Mestre.

Nos exemplos anteriores, o tema era a justiça maior e plena que aquela praticada pelos fariseus, a justiça que antecede e excede as prescrições e proibições. Este tema continua na presente seção, como, de resto, em todo o evangelho de Mateus. Para alguns setores importantes do judaísmo, tudo se resumia em aparecer, ser visto e reconhecido, em granjear a fama aos olhos do povo, inclusive com práticas religiosas e morais muito minuciosas. Em vista do reconhecimento eles faziam qualquer coisa, e a isso subordinavam até as práticas religiosas.

Jesus começa sua exortação de hoje com uma advertência contundente: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente das pessoas, só para serdes vistos por elas!” Jesus não é um pregador ingênuo e sonhador, e percebe que a busca de evidência e de relevância pode contaminar até aquilo que parece mais piedoso e religioso, como a partilha mediante a esmola, a intimidade com Deus mediante a oração, e o jejum como privação de algo bom em vista de algo superior. A hipocrisia pode contaminá-las irremediavelmente e destituí-las de valor evangélico!

Por isso, Jesus propõe um princípio prático, geral e efetivo para evitar esse risco: evitar a busca do aplauso e da publicidade, deslocando o foco de nós mesmos e nossas instituições para Deus e o Outro. É isso que nos faz bons e nos justifica! O resto é teatro e espetáculo para impressionar as pessoas incautas. O que vale todas as penas é a aprovação de Deus, que vê o que é discreto e secreto, aquilo que ninguém vê, aqueles que ninguém quer ver, reconhecer e valorizar.

A ostentação e a aparência têm pouco a ver com Deus, com sua vontade e com sua ação no mundo. Muito ao contrário, este tipo de piedade é capaz de irritar em vez de agradar a Deus. Não podemos usar as práticas de piedade e o culto solene como estratégias para seduzir o povo e tentar o próprio Deus. “Fé cega é faca amolada”, e “quando a promessa é grande o santo desconfia”, ensina a sabedoria popular.

 

Meditação:

·    Deixe ressoar em você este ensino inovador de Jesus, que ele mesmo viveu em primeira pessoa: fazer o bem sem olhar a quem

·    Como você e sua comunidade tem vivido as práticas de partilha solidária? Há algo a ser revisto e melhorado nelas?

·    E o que pensamos hoje em relação ao jejum? Vemos sentido? Com que sentido o praticamos, ou com que argumentos o contestamos?

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