sexta-feira, 21 de junho de 2024

Pessoa madura e feliz é aquela que necessita de pouco para viver

Pessoa madura e feliz é aquela que necessita de pouco para viver | 388 | 22.06.24 | Mateus 6,24-34

A parte do evangelho de Mateus que conhecemos como “sermão da montanha” é um momento de formação dos discípulos na novidade do Reino de Deus. Depois de dar exemplos de uma nova interpretação da antiga lei, e depois de criticar as práticas de piedade (esmola, oração e jejum), Jesus adverte seus discípulos em relação à tentação do acúmulo doentio de bens.

Para falar deste tema, aliás, sempre espinhoso, Jesus recorre à relação entre senhor e escravo, uma relação estruturante no império escravocrata de Roma sob o qual viviam Jesus e seu povo: o escravo faz parte da propriedade do senhor; quando não serve mais, não se dedica exclusivamente ou despreza seu senhor, é simplesmente descartado. Assim, a riqueza se converte num chefe tirano: não está a serviço da pessoa, mas se apropria da vida dela e não admite nenhum concorrente.

Para Jesus, o problema não reside simplesmente na necessidade de comer, de vestir, de ter uma moradia: estas não são preocupações desprezíveis, mas necessidades profundamente humanas, que a sociedade deve garantir, de algum modo. O problema é o materialismo, a busca desenfreada de ter sempre mais. Este desejo insaciável é gerado por uma ansiedade que nunca consegue se acalmar, e nos leva de preocupação a preocupação, numa ansiedade indestrutível e destruidora.

O problema é exatamente esta “necessidade” de ter sempre mais, de dominar as condições da existência, e de conseguir isso unicamente para si, competindo impiedosamente com tudo e com todos. Este desejo de açambarcar tudo e todos, com a maior rapidez possível, acaba fazendo-nos senhores implacáveis e nos transformando em escravos, invertendo a relação entre as pessoas e as coisas.

Para Jesus, esta preocupação de satisfazer nossas necessidades através do acúmulo e da competição demonstra uma fé pequena e doentia, é coisa de pagão, de gente sem fé. E é um caminho sem fim, porque cada dia impõe uma nova preocupação, pois cada meta atingida pede mais e mais. Para o discípulo, o reino de Deus – a fraternidade, a justiça, a misericórdia – é a única preocupação legítima, e deve ser pedida na oração, buscada na vida, testemunhada na sociedade. O verdadeiro rico é quem precisa se poucas coisas para viver.

 

Meditação:

·    Deixe ressoar em você este ensino inovador de Jesus, que ele viveu em primeira pessoa: confiar no Pai como uma criança, buscar o Reino de Deus, deixando o resto nas mãos do Pai

·    Preste atenção às metáforas que Jesus busca na vida cotidiana: a relação entre patrão e empregado; a beleza das flores; a liberdade e a confiança dos pássaros; as preocupações que nunca acabam...

·    Que sentido fazem estas palavras de Jesus num mundo que reduz os sonhos de muita gente à simples sobrevivência biológica?

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