segunda-feira, 3 de junho de 2024

Quem segue a Jesus de Nazaré não se submete a nenhum poder

Quem segue a Jesus de Nazaré não se submete a nenhum poder exercido contra o povo | 370 | 04.06.24 | Mc 12,13-17

Chegando a Jerusalém, depois de uma longa e exigente viagem, que foi também um longo e detalhado curso de formação para os discípulos, Jesus vai ao suntuoso templo e toma uma atitude claramente provocativa. Para ele, o sistema do templo deve ser mudado radicalmente, por mais piedoso que pareça, e o mundo pode ser refeito, por mais que as elites digam que é o melhor dos mundos possíveis. Então as autoridades decidem matar Jesus.

Uma das estratégias para realizar esta decisão é revelada no episódio de hoje. A classe dirigente do templo manda um grupo de fariseus e de capachos de Herodes com a missão de preparar uma armadilha para que Jesus caia nela. Começam elogiando (ou ironizando?) Jesus, dizendo que ele fala livremente, sem medir as consequências. E apresentam-lhe duas questões: é ilegal e inaceitável pagar imposto ao imperador romano? Eles (e Jesus) devem ou não pagar?

Pagar impostos equivale a reconhecer a legitimidade do invasor, prestar-lhe lealdade, e essa era postura defendida pelos herodianos. Jesus percebe a hipocrisia que subjaz às perguntas, rejeita à tentativa de “fabricar provas” contra si mesmo, e responde dizendo que esse não é um problema seu, mas deles. Eles perguntam se “devemos” (inclui Jesus) pagar o imposto, e Jesus responde “dai” (vós!).

Jesus não possui moedas, e pede que eles as apresentem e digam qual é a figura e a inscrição que contém. A figura é do imperador romano, e a inscrição afirma que ele é o “Filho Augusto de Deus”. Um judeu fiel jamais poderia admitir isso! E o próprio soldado romano, no final do Evangelho, dirá, confirmando a inscrição colocada na cruz (Rei dos Judeus), afirmando: “Realmente este homem era o Filho de Deus”. Jesus de Nazaré, e não o imperador, é o “Filho Augusto de Deus”.

Mandando devolver ao imperador o que é dele (as moedas) e a Deus o que a ele pertence (o povo), Jesus não estabelece uma equivalência entre os dois, como se tornou habitual propagar. E, da mesma forma, não afirma a separação entre fé e política, ou entre Igreja e o mundo. No mundo, os cristãos devem ser sal, luz e fermento! Mas ele rejeita radicalmente a submissão a Roma.

 

Meditação:

·      Recomponha o episódio, relendo a cena, percebendo a tensão e a hipocrisia, penetrando nas intenções disfarçadas dos enviados

·      Perceba como, ao longo de sua vida e neste caso, Jesus não reconhece nenhuma submissão ou lealdade ao imperador e dominador romano

·      Observe atentamente, e veja como Jesus também não opõe política e fé, nem separa a Igreja do Mundo

·      Você concorda que os donos do poder, seja ele “Augusto” ou “Capitão”, não tem direitos sobre a vida do povo, não são donos das pessoas?

·      Como evitar interpretações que manipulam este texto, ensinando que Jesus separa fé e política e reconhece o poder dos dominadores?

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