quarta-feira, 18 de setembro de 2024

O que nos afasta de Deus é nosso preconceito

O que nos afasta de Deus é nosso preconceito e falta de misericórdia | 477 | 19.09.2024 | Lucas 7,36-50

No final da parábola que antecede o texto de hoje, a passagem que meditamos ontem, Jesus sentenciava: “A sabedoria foi justificada por todos os seus filhos”. Os filhos da sabedoria são as pessoas que entendem Jesus, os pobres e pecadores, e não os mestres da lei ou os fariseus. Isso é reforçado no episódio de hoje.

Estamos diante de uma obra-prima da arte narrativa que usa de forma exuberante tons de simpatia e delicadeza. O fariseu Simão recebe Jesus em sua própria casa, e está cercado de gente do seu círculo de amizade num clima de cumplicidade e confraternização. Mas eis que aparece do nada uma visita embaraçante, que se dirige a Jesus com um gesto profundamente desconcertante.

A cena é esta: uma mulher conhecida como pecadora (não quer dizer que o seja de fato!) entra na sala, se coloca atrás de Jesus chorando, lava os pés dele com suas lágrimas, enxuga-os com seus próprios cabelos, beija-os e unge-os com perfume. Jesus aparentemente não faz caso disso, e até aprova o gesto da mulher. Ele entende o sentido do gesto, mas Simão abre a boca contra Jesus, mesmo sem pronunciar palavras. Ele se pergunta que tipo de profeta é Jesus se aceita coisas desse tipo.

O mais surpreendente e eloquente da cena é que Jesus não se preocupa com a situação da mulher, mas com a atitude preconceituosa e excludente de Simão e seus colegas. Enquanto os fariseus e doutores da lei consideram o gesto da mulher inoportuno e ambíguo, para não dizer condenável, Jesus o vê positivamente, como reconhecimento da misericórdia que Deus vem manifestando nas suas ações. Este da mulher é um gesto de amor agradecido. Ela diz tudo sem palavras.

O pensamento crítico de Simão é próprio de quem esquece ou esconde que é pecador, e revela que seu conceito de profecia não é correto. Para Jesus, o gesto da mulher não tem nada de ambíguo, e, mediante a parábola dos dois devedores perdoados, afirma que quem está em pecado e não foi perdoado é o próprio fariseu e aqueles que pensam e agem como ele: são mais preconceituosos que religiosos.

Simão não reconhece sua condição de pecador e, com isso, se fecha ao perdão e à gratidão. E a mulher, porque perdoada, expressa sua confiança e gratidão a Jesus. Eis que o modelo a ser imitado não é o fariseu, mas a mulher pecadora. É ela que vive uma fé que tem força libertadora e regeneradora. E nós, com quem nos parecemos?

 

Meditação:

·        Retome, em todos os delicados detalhes e nuances, a cena que se desenvolve na casa do fariseu Simão

·        Visualize as reações dos diferentes sujeitos, entre na parábola de Jesus, e deixe-se ensinar por seu gesto e sua palavra

·        Você se reconhece serenamente como pecador/a perdoado/a, como profundamente amado/a por Deus, se relaciona com as pessoas sem preconceitos, e é capaz de mostrar gratidão?

Um comentário:

Anônimo disse...

Amém eu creio que assim seja Amém