sexta-feira, 2 de junho de 2023

O Evangelho de cada dia (06) - 03.06.2023

VIII Semana do Tempo Comum | Sábado | Marcos 11,27-33

(03/06/2023)

Vimos que as diversas cenas do evangelho de ontem são uma contundente crítica ao templo como centro simbólico da ordem social judaica. Na sua ação mais direta e provocativa, Jesus expulsa os vendedores, derruba as mesas dos cambistas, e proíbe qualquer movimento e ensina. Na prática, Jesus denuncia a rapina e o roubo que o templo encobre e patrocina, e paralisa suas atividades. É como se declarasse a interdição dos negócios.

Para Jesus, o sistema do templo deve ser mudado, por mais que apareça como sólido e piedoso; o mundo pode ser refeito, por mais que as elites digam que é o melhor dos mundos possíveis. Por isso, entendendo muito bem onde Jesus quer chegar, as autoridades do templo decidem matar Jesus. Mas nem isso o intimida, e ele volta ao templo. A consciência de que foi enviado exatamente para isso o mantém firme, com os olhos fixos na vontade do Pai e na defesa da vida.

Jesus é imediatamente interceptado e questionado pela classe dirigente e controladora do templo. Sumos sacerdote, escribas e anciãos são a máxima autoridade de Deus na terra, e controlam o Sinédrio, conselho que julga as questões religiosas e políticas. Como eles se entendem a autoridade máxima, questionam a autoridade de Jesus para criticar aquilo que eles autorizam e fazem. Eles já haviam suspeitado de que Jesus tinha pacto com o diabo.

A pergunta que as autoridades do templo dirigem a Jesus não tem sequer uma pitada de boa vontade, de desejo de saber. Querem apenas armar uma arapuca. E Jesus também não responde, senão apresentando outra pergunta como réplica. Eles se recusaram a responder, mas o evangelista desnuda os motivos do silêncio: por mais que se mostrem poderosos, eles têm medo do povo, e evitam se auto incriminar pela omissão frente à morte de João Batista.

Jesus não aposta nenhuma ficha neste diálogo estéril e nessa discussão sobre suas credenciais. E é suficientemente perspicaz para não produzir a prova que eles esperam para condená-lo. Não adianta argumentar para quem decidiu não entender. Até porque Jesus não reconhecia a eles nenhuma autoridade, mas apenas hipocrisia, rapinagem e exploração dos mais vulneráveis e humildes em nome da religião. E fala, ensina, critica, denuncia e age em nome do Deus vivo, do Deus que se caracteriza pela compaixão e pela intervenção libertadora.

 

Meditação:

·          Você consegue perceber como Jesus assume uma postura de relativização do templo, das autoridades e de todas as instituições oficiais?

·          Por que os cristãos perdemos ou menosprezamos a dimensão profética e libertária da nossa fé, que relativiza instituições e autoridades?

·          Qual poderia ser a reação dos cristãos de hoje diante de uma liderança religiosa que respondesse como Jesus aos questionamentos oficiais?

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