Ano A | X Semana do Tempo Comum | Domingo | Mateus
9,9-13
(11/06/2023)
Depois de curar um paralítico, que contou com o
auxílio de pessoas amigas, Jesus não reivindica para si mesmo os créditos do
perdão e da cura. Ele passa do perdão (ação interior, cujos frutos não são
visíveis) à cura (lado visível da mesma ação). Diante do que viu, o povo fica
com medo e glorifica a Deus por ter dado tal poder a Jesus e aos seus
discípulos. O medo, uma mistura de surpresa e estupor, é uma reação tipicamente
presente nas experiências da divindade.
No texto de hoje, Jesus se encontra com
Levi, que é cobrador de impostos, colaborador do império romano e, por isso,
também considerado pecador, execrado e banido da convivência social e religiosa
pelos judeus. Mas Jesus não se orienta por preconceitos que excluem, pelas
aparências e exterioridades. Partindo da base e da periferia social, Jesus
chama e congrega pessoas de boa vontade para, com elas, iniciar uma comunidade
alternativa.
Levi responde prontamente ao chamado de
Jesus, e o segue no seu caminho. Como não exclui ninguém da mesa do Reino,
desde que a pessoa entre no dinamismo do Reino de Deus, Jesus se confraterniza
com Levi, seus colegas cobradores de impostos e muitas outras pessoas tratadas
pelo judaísmo como pecadoras. Pecador é o termo usado para designar e
identificar quem desaprova e não vive de acordo com as normas de um grupo.
Essa prática inclusiva e inovadora de
Jesus desestabiliza a ordem social, e, por isso, é criticada pelos fariseus e
mestres da lei. Esta manifestação da misericórdia de Deus é por eles vista como
desconformidade com a vontade de Deus. A condescendência e a justiça de Deus,
assim como é entendida e praticada por Jesus, deslegitima as práticas
excludentes do judaísmo e dos seus representantes, e também dos seus sucessores
até os dias hoje.
Levi tomará parte desta comunidade
vivificadora que compartilha os bens e estabelece relações estáveis de acolhida
e inclusão, e passa a ser visto como modelo de discípulo e apóstolo. Ele
entendeu que Deus quer misericórdia, e não legalismo, que Jesus veio para quem
está necessitado, e não para quem se considera justo e satisfeito. E esse deve
ser o caminho da Igreja e todos os seus organismos e membros, em todos os
tempos e latitudes.
Meditação:
· Retome a cena de Mateus trabalhando, sendo
interpelado por Jesus, deixando tudo para segui-lo, e confraternizando-se com
ele
· Participe da cena, da alegria de Mateus e dos
outros pecadores, repudie a postura crítica dos fariseus e demais líderes do
judaísmo
· Contemple a vida de Jesus e, com Mateus, acolha-o
em sua vida e aprenda essa lição fundamental: Deus quer misericórdia e não
sacrifícios
· Como nós e nossas igrejas acolhemos e praticamos
esse princípio fundamental que orienta toda a vida e a missão de Jesus?
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