sexta-feira, 9 de junho de 2023

O Evangelho de cada dia (13) - 10.06.2023

IX Semana do Tempo Comum | Sábado | Marcos 12,38-44

(10/06/2023)

Depois de ter calado seus adversários e desmascarado a ideologia nacionalista e triunfalista dos que pregavam a restauração messiânica do império de Davi, Jesus continua por algum tempo no templo. Ele ensina as multidões e os seus discípulos a respeito da novidade do Reino de Deus, e se mostra implacável com os mestres ou doutores da Lei. Para Jesus, eles estão muito longe da novidade ética e religiosa do Reino de Deus inaugurado por ele.

Jesus começa pedindo ao povo que se cuide dos doutores da Lei: eles buscam apenas e sempre distinção, status e privilégios, enquanto que Jesus propõe que ocupemos o lugar do servo e do último. Por causa da aparência de piedade, os doutores da Lei haviam conseguido o direito legal de cuidar da herança das viúvas, e eram muito bem pagos para fazer isso. Entretanto, mesmo sendo pagos, eles acabavam “devorando” os bens delas, fazendo o contrário do que pedia a própria Lei: proteger os órfãos e as viúvas.

Mas não é apenas isso. O próprio templo, que Jesus lembra que deve ser sempre um lugar de oração, acaba sendo uma estrutura que espolia e empobrece ainda mais o povo já ferido e explorado. E Jesus não aceita isso de modo nenhum. Sentado, diante do cofre das esmolas, ele observa como os ricos propagandeiam suas ofertas, que são enganosas, e como a viúva é explorada, obrigada a dar mais que eles, a dar “tudo o que possuía para viver”.

Esta cena não propõe um elogio à “doação forçada” da viúva, mas um lamento pelo que ela sofre. Se a lemos com atenção e inteligência, Jesus não compara a esmola dos ricos com a “oferta” que a viúva é obrigada a dar, que não passa de uma extorsão inaceitável, mas ilustra aos seus discípulos como é que os doutores da Lei agem para “devorar” as casas das viúvas. A piedade ostentada pelos escribas é um véu que mal esconde oportunismo e exploração.

Esta passagem não quer apresentar um exemplo de generosidade, e não deve ser apresentada como motivação para o dízimo. Ela fazer ressoar um lamento, o clamor dos pobres, explorados até em nome de Deus. Jesus nunca poupou críticas e denúncias contra o templo e seus controladores. É por isso que, depois de chamar os discípulos e criticar a exploração travestida de piedade, ele deixa o templo definitivamente.

 

Meditação:

·      Situe-se dentro da cena, no templo, com Jesus e os escribas, e observe, com Jesus, a descarada ostentação dos ricos e piedosos, que com suas migalhas disfarçam e legitimam o que acumulam injustamente

·      Perceba a coragem de Jesus ao desmascarar os doutores da lei, pois eles dão legitimidade teológica à exploração dos pobres: “Tomai cuidado com eles!”

·      Fique atento/a aos sentimentos e pensamentos que esta palavra e esta atitude de Jesus desperta em você

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