XI Semana do Tempo Comum | Segunda-feira | Mateus
5,38-42
(19/06/2023)
No sermão da
montanha, que é uma espécie de minicurso de iniciação dos/as discípulos/as ao
Evangelho do Reino de Deus, Jesus se apresenta como o intérprete e consumador da lei e dos
costumes do judaísmo. Hoje nos deteremos no quinto exemplo de releitura da Lei
que Jesus desenvolve, como Mestre que ensina com autoridade e ousadia. Não
domestiquemos a novidade do Evangelho!
A vingança, que nasce no ventre
do medo, parece fazer parte da condição humana e da história das sociedades. O
judaísmo quis limitar este princípio ao “olho por olho e dente por dente”. “Bateu,
levou!”, diríamos hoje. E isso já representava um avanço diante da violência
ilimitada que a vingança desencadeava. Mas Jesus pede aos seus discípulos e
discípulas muito mais que isso. Ele pede que quebremos o círculo ou a lógica da
violência, que passemos da simples reação contra a violência sofrida à
iniciativa positiva e à gratuidade. “Não enfrenteis quem é malvado” (com a
mesma prática), diz Jesus.
Jesus dá alguns exemplos de como
podemos fazer isso na prática. Num contexto em que o tapa no rosto era um
insulto e uma violência física de uma pessoa superior contra outra pessoa tratada
como inferior, oferecer a outra face a quem bate é expressão inequívoca de
dignidade e superioridade, de capacidade de iniciativa, de uma atitude
fundamental de não-violência ativa. Isso jamais pode ser visto como sinal de
fraqueza e submissão.
Num ambiente no qual era comum um
proprietário rico penhorar judicialmente a túnica de um pobre endividado,
entregar também o manto, ou seja, todas as vestes, era uma forma de expor a
humanidade nua que iguala a todos os seres humanos, um jeito de protestar e de
desmascarar a violência dos prepotentes. Era uma forma de ação simbólica e
profética.
Num contexto em que os soldados
romanos, que garantiam com violência a ocupação colonialista, obrigavam o povo
nativo a caminhar com eles e carregar as armas que serviam para intimidá-los,
caminhar o dobro do que lhes era imposto significava não entrar no jogo dos
opressores, tomar a iniciativa e ser mais digno que eles. Não há qualquer
sombra de dúvidas! O ensinamento de Jesus não tem nada de submissão, e tudo de
alternativo, de maturidade humana.
Meditação:
· Deixe ressoar em você
este ensino de Jesus, que ele viveu em primeira pessoa: não pagar com a mesma
moeda, não ser uma pessoa reativa, mas inovadora
· Recorde cenas e
acontecimentos da vida de Jesus que demonstram que ele viveu em primeira pessoa
isso que ensina aos seus discípulos
· O que significa hoje
oferecer a outra face, dar o manto a quem quer se apropriar da túnica, andar o
dobro daquilo que nos impõem os violentos?
· Como poderíamos
praticar o ensino de Jesus nas relações violentas que infestam as redes
sociais, especialmente quando o assunto é política nacional?
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