sábado, 3 de junho de 2023

O Evangelho de cada dia (08) - 04.06.2023

IX Semana do Tempo Comum | Santíssima Trindade | João 3,16-18

(04/06/2023)

A festa da Santíssima Trindade marca o fim do ciclo litúrgico da páscoa e a retomada do ciclo litúrgico comum. É uma espécie de desdobramento da solenidade de pentecostes, pois o Espírito Santo é dinamismo e fator de comunhão de tudo com tudo, ele estabelece o parentesco de todas as criaturas. É também a antecipação da imagem de Deus que marca o tempo comum: um Deus caracterizado pela comunhão, pelo dom, pela entrega, pela amizade.

O trecho do evangelho que ilumina a solenidade de hoje está no contexto do diálogo tenso de Jesus com Nicodemos, um fariseu importante, membro do conselho superior do templo. O diálogo é perpassado pelo confronto de duas imagens de Deus e dois caminhos para conhece-lo e adorá-lo. Nicodemos não esconde sua pretensão de saber quem é Deus e de ter competência para ensinar o caminho que leva a ele, a ponto de querer ensinar o próprio Jesus.

Jesus sublinha, de forma provocativa, que para entrar no dinamismo de Deus e do seu Reino é preciso ser regenerado, nascer de novo, ou nascer do alto. Isso significa renascer da cruz, deixar-se conduzir pelo vendaval do Espírito suscitado pela encarnação de Deus na humanidade e pela sua doação radical e solidária na cruz. Sem adentrar nesse mistério com humildade e sede de aprender continuamente, não passaremos de analfabetos na escola da fé cristã.

Nossa profissão de fé na tri-unidade de Deus não é uma simples questão quantitativa ou numérica (1 e 3), nem um enigma a ser decifrado ou uma charada a ser explicada. É uma questão de fé, um mistério que aponta para o coração ou a essencialidade de Deus e do ser humano: Deus não é solidão, poder, separação, distanciamento ou lei, mas Comunhão, Amor, Proximidade, Amizade, Compaixão, Dom pleno de si. Ele se define por seu amor pelo mundo e por todas as criaturas. Ele habita, de modo diferenciado e único, em cada criatura.

Em Jesus, Deus nos revela que ama a humanidade, especialmente a humanidade mais vulnerável, mas ama também o mundo: as organizações e sistemas que possibilitam as relações e a vida, por mais ambíguas que sejam. Em Jesus, o Pai se dá ao mundo para que ele alcance a plenitude e a abundância da vida. Isso é possível pela adesão àquele que o Pai envia, pela prática do amor e do serviço vividos por Jesus Cristo na sua relação com o Pai e com os irmãos.

 

Meditação:

·          Releia o texto, se possível, retomando também os versos anteriores (v. 1-15), e relacionando-o com o diálogo com Nicodemos

·          Na ideia que você faz de Deus, e na imagem que você faz dele, o que predomina: o isolamento, a distância, a impassibilidade, o poder, ou o amor e a comunhão?

·          Quais são as consequências da nossa fé num Deus que se define pela Comunhão, pelo Dom de si, pela Compaixão, pela Proximidade, para a vida das nossas Comunidades

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