quinta-feira, 22 de junho de 2023

O Evangelho de cada dia (26)

XI Semana do Tempo Comum | Sexta-feira | Mateus 6,19-23

(23/06/2023)

A parte do evangelho de Mateus que conhecemos como “sermão da montanha” é uma iniciação dos/as discípulos/as à novidade do Reino de Deus vivida e proposta por Jesus. Depois de dar exemplos de uma nova interpretação da antiga lei, e depois de falar criticamente das práticas de piedade (esmola, oração e jejum), Jesus adverte seus discípulos/as sobre os compromissos do coração, ou seja, sobre a opção fundamental que orienta e unifica todas as ações.

A seção que começamos hoje, e que vai até o fim do capítulo 6 de Mateus, adverte os/as discípulos/as e demais ouvintes sobre a insensatez e a imprudência da cobiça e do acúmulo de bens. Os “tesouros na terra” são os bens materiais, a obsessão da prosperidade, o consumo desmedido, a competição predatória, o sucesso a qualquer custo. São coisas instáveis cuja posse nunca está garantida, coisas sem valor verdadeiro, sempre sujeitas à deterioração. Tratar isso como essencial equivale a negligenciar a vontade de Deus.

Jesus propõe a busca de “tesouros no céu”, que são os valores do Reino de Deus: a misericórdia, o amor, a compaixão, a partilha solidária, a fraternidade como bens maiores, imperdíveis e indestrutíveis. Sobre isso Jesus já falara, de algum modo, nos trechos anteriores (bem-aventuranças, superação das leis mesquinhas, radicalização do amor ao próximo, amor aos inimigos, etc.). Trata-se então de ter isso como desejo sincero, preponderante, profundo e permanente. Em outras palavras, de transformar isso em nossa opção fundamental.

Jesus ilustra a diferença entre estes dois projetos de vida com a metáfora do olho. Na cultura do povo e do tempo de Jesus, os olhos eram considerados faróis que projetam para fora a luz que vem de dentro. Se nossos olhos faíscam cobiça, são faróis queimados, que só projetam escuridão doentia, e tornam nossa vida algo tenebroso. Se nossos olhos estão fixos no reino de Deus, projetam luz clara, suave e benfazeja, e nossa vida então será luminosa e iluminadora.

O enfoque sincero e profundo no reino de Deus significa: para os ricos, ruptura com a cobiça, renúncia à acumulação, partilha solidária; para os pobres, confiança profunda em Deus, que cuida de nós como o faz um pai; cooperação solidária com os/as iguais; superação da tentação de imitar os ricos e poderosos.

 

Meditação:

·    Quais são os valores que “brilham aos nossos olhos”, que mobilizam e potencializam nossas energias e nossas buscas?

·    O quanto nossos olhos brilham com a emancipação das pessoas, o crescimento humano, a igualdade e a compaixão, a justiça social?

·    Como entender que a busca da prosperidade a qualquer custo tenha ocupado o lugar da justiça em muitas pregações dos nossos padres e pastores?

·    Que pedidos ou súplicas costumam ocupar os primeiros lugares nas “listas de desejos” que diariamente apresentamos a Deus?

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