Ano A | Festa do Imaculado Coração de Maria | Lucas
2,41-52
(17/06/2023)
Ontem celebrávamos
a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Hoje, nos é proposta a festa do
Imaculado Coração de Maria. Em ambas as celebrações, precisamos evitar o risco
de imaginar e apresentar Jesus como um ser errante e solitário, que não
conheceu a beleza exigente da vida em família, assim como de pintar e
apresentar Maria como uma espécie de divindade etérea, isolada do mistério do
Reino de Deus vivido, revelado e proposto por Jesus.
O texto que meditamos
na festa de hoje não tem nada de fábula infantil ou de anedota. Tem tudo a ver
com o núcleo fundamental que dinamizou a vida de Jesus: o empenho em fazer a
vontade do Pai (que é reunir todas as pessoas na única família do Pai),
inclusive mediante a superação dos vínculos da família patriarcal e, principalmente,
através da cruz. É isso que, mesmo sem entender cabalmente, devemos guardar e
meditar em nosso coração, como Maria.
Na cena de hoje,
a nossa atenção não pode se desviar do seu núcleo, que é a palavra de Jesus a
seus pais (a primeira palavra que Jesus pronuncia no evangelho de Lucas): “Não
sabeis que devo estar na casa (ou me ocupar das coisas) de meu Pai?” Trata-se
da sua própria identidade e missão de Filho de Deus. E essa “estadia” na casa
do Pai supõe a “saída” das “cercas” estreitas família de sangue e do judaísmo
mediante a entrega generosa e sem reservas na cruz. Jesus não se perde no
templo; ele decide alargar o horizonte da família.
Mas a festa do
Imaculado Coração de Maria nos pede também uma atenção especial às atitudes de
Maria. Ao lado do marido e junto com o Filho, Ela peregrina com seu povo e
cultiva suas tradições religiosas. A angústia por perder o filho de vista, e o
susto que teve ao encontrá-lo entre os mestres da lei, nos remete à
dificuldade, dela e nossa, em assimilar o sentido da sua missão, paixão e
morte. Ademais, Jesus escapa ao nosso controle...
Maria não se
resigna à dificuldade inicial de entender o caminho e as palavras de Jesus.
Conservando e interpretando no coração os fatos e as palavras, inclusive a
paixão e a morte do filho, ela se mostra discípula exemplar, peregrina
despojada, mulher de fé e reflexão. Seu coração – sua vida corporal e sua
atitude de fé! – é imaculado porque ela acreditou na Palavra que lhe foi
anunciada e colocou-se, de modo incondicional, a serviço da realização da
Vontade de Deus.
Meditação:
· Deixe-se envolver pela
cena: a peregrinação da Galileia a Jerusalém, a perde de Jesus de vista, o
encontro de Jesus com os doutores da lei, a busca ansiosa de José e Maria, o
reencontro e no diálogo surpreendente
· Maria, na sua
dificuldade de compreender a palavra e a escolha de Jesus, é retrato de todo/a
discípulo/a de que virá depois dela
· Será que, acolhendo e
interrogando os fatos no coração, Maria não nos convida a uma fé lúcida,
reflexiva e amadurecida?
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