sexta-feira, 16 de junho de 2023

O Evangelho de cada dia (20)

Ano A | Festa do Imaculado Coração de Maria | Lucas 2,41-52

(17/06/2023)

Ontem celebrávamos a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Hoje, nos é proposta a festa do Imaculado Coração de Maria. Em ambas as celebrações, precisamos evitar o risco de imaginar e apresentar Jesus como um ser errante e solitário, que não conheceu a beleza exigente da vida em família, assim como de pintar e apresentar Maria como uma espécie de divindade etérea, isolada do mistério do Reino de Deus vivido, revelado e proposto por Jesus.

O texto que meditamos na festa de hoje não tem nada de fábula infantil ou de anedota. Tem tudo a ver com o núcleo fundamental que dinamizou a vida de Jesus: o empenho em fazer a vontade do Pai (que é reunir todas as pessoas na única família do Pai), inclusive mediante a superação dos vínculos da família patriarcal e, principalmente, através da cruz. É isso que, mesmo sem entender cabalmente, devemos guardar e meditar em nosso coração, como Maria.

Na cena de hoje, a nossa atenção não pode se desviar do seu núcleo, que é a palavra de Jesus a seus pais (a primeira palavra que Jesus pronuncia no evangelho de Lucas): “Não sabeis que devo estar na casa (ou me ocupar das coisas) de meu Pai?” Trata-se da sua própria identidade e missão de Filho de Deus. E essa “estadia” na casa do Pai supõe a “saída” das “cercas” estreitas família de sangue e do judaísmo mediante a entrega generosa e sem reservas na cruz. Jesus não se perde no templo; ele decide alargar o horizonte da família.

Mas a festa do Imaculado Coração de Maria nos pede também uma atenção especial às atitudes de Maria. Ao lado do marido e junto com o Filho, Ela peregrina com seu povo e cultiva suas tradições religiosas. A angústia por perder o filho de vista, e o susto que teve ao encontrá-lo entre os mestres da lei, nos remete à dificuldade, dela e nossa, em assimilar o sentido da sua missão, paixão e morte. Ademais, Jesus escapa ao nosso controle...

Maria não se resigna à dificuldade inicial de entender o caminho e as palavras de Jesus. Conservando e interpretando no coração os fatos e as palavras, inclusive a paixão e a morte do filho, ela se mostra discípula exemplar, peregrina despojada, mulher de fé e reflexão. Seu coração – sua vida corporal e sua atitude de fé! – é imaculado porque ela acreditou na Palavra que lhe foi anunciada e colocou-se, de modo incondicional, a serviço da realização da Vontade de Deus.

 

Meditação:

·    Deixe-se envolver pela cena: a peregrinação da Galileia a Jerusalém, a perde de Jesus de vista, o encontro de Jesus com os doutores da lei, a busca ansiosa de José e Maria, o reencontro e no diálogo surpreendente

·    Maria, na sua dificuldade de compreender a palavra e a escolha de Jesus, é retrato de todo/a discípulo/a de que virá depois dela

·    Será que, acolhendo e interrogando os fatos no coração, Maria não nos convida a uma fé lúcida, reflexiva e amadurecida?

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