quinta-feira, 15 de junho de 2023

O Evangelho de cada dia (19)

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus | Mateus 11,25-30

(16/06/2023)

Na solenidade do Sagrado Coração de Jesus interrompemos a reflexão sobre a formação que Jesus oferece aos discípulos sobre a novidade do Reino de Deus (cf. Mt 5-7), mas permanecemos ainda com Mateus, antecipando um texto que meditaremos proximamente. Ao falarmos de Jesus mediante a metáfora do coração, queremos sublinhar a sua humanidade. Deus é humano, tem um corpo, tem um coração, e “haja coração!”

No imaginário bíblico, o coração designa o núcleo da identidade e o centro dinamizador dos relacionamentos e compromissos da pessoa. Pode ser equiparado ao termo moderno “consciência”, dimensão das decisões. Não tem nada a ver com sentimento! Celebrar o coração de Jesus e seu caráter sagrado significa superar uma imagem de Deus reduzido a um juiz implacável e sem coração, a um sujeito solitário, inacessível e desprovido de traços humanos.

Num contexto de rejeição de sua pessoa e sua mensagem, Jesus eleva seu louvor ao Pai pelos discípulos/as humildes, cansados/as e abatidos/as que entendem e acolhem o caminho do Reino de Deus, o pequeno caminho, pavimentado de pequenas coisas possíveis. E sublinha que é resultado do querer de Deus que a elite do judaísmo nada consiga entender. Depois disso, Jesus como que, “abre seu coração” àqueles/as que o seguem e que ele ama.

Sua alegria e seu consolo é que, para encontrar alívio dos fardos que carregamos, sigamos seus passos. Sua palavra e suas ações abrem as portas da liberdade e da humanização, e todos/as precisamos aprender dele e com ele a reconhecer e promover, em palavras e ações, o Reino de Deus, que suscita e inaugura práticas, estruturas, relações, prioridades e perspectivas alternativas. Seu caminho não está cheio de alfândegas, mas tomado por enfermarias...

O jugo ou caminho de Jesus não é canga que amarra e domina, mas leveza que nos torna mais humanos. E ele nos convida a aprender do seu coração a mansidão e a bondade, pois nele não há espaço para a indiferença, a vingança e a violência. O coração de Jesus, ou o Reino que ele encarna e antecipa é suave, bom e amável, é misericórdia e compaixão infinitas, que afirmam, reabilitam e libertam os/as sofredores/as e oprimidos/as. Assim devem ser nossas comunidades, estas devem ser a marca registrada das nossas igrejas.

 

Meditação:

·      Deixe ressoar em você a oração de louvor que brota da boca de Jesus e seu convite intenso e caloroso para que se aproximar e aprender dele

·      O que a ênfase no coração, na concretude humana e na compaixão de Jesus podem ensinar para nossas igrejas, comunidades e famílias?

·      O que podemos fazer para que a imagem do Sagrado Coração de Jesus não sejam reféns de uma piedade intimista e desligada do todo do Evangelho?

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