Solenidade do Sagrado Coração de Jesus | Mateus
11,25-30
(16/06/2023)
Na solenidade do
Sagrado Coração de Jesus interrompemos a reflexão sobre a formação que Jesus
oferece aos discípulos sobre a novidade do Reino de Deus (cf. Mt 5-7), mas
permanecemos ainda com Mateus, antecipando um texto que meditaremos
proximamente. Ao falarmos de Jesus mediante a metáfora do coração, queremos
sublinhar a sua humanidade. Deus é humano, tem um corpo, tem um coração, e
“haja coração!”
No imaginário
bíblico, o coração designa o núcleo da identidade e o centro dinamizador dos relacionamentos
e compromissos da pessoa. Pode ser equiparado ao termo moderno “consciência”,
dimensão das decisões. Não tem nada a ver com sentimento! Celebrar o coração de
Jesus e seu caráter sagrado significa superar uma imagem de Deus reduzido a um
juiz implacável e sem coração, a um sujeito solitário, inacessível e desprovido
de traços humanos.
Num contexto de
rejeição de sua pessoa e sua mensagem, Jesus eleva seu louvor ao Pai pelos
discípulos/as humildes, cansados/as e abatidos/as que entendem e acolhem o
caminho do Reino de Deus, o pequeno caminho, pavimentado de pequenas coisas
possíveis. E sublinha que é resultado do querer de Deus que a elite do judaísmo
nada consiga entender. Depois disso, Jesus como que, “abre seu coração”
àqueles/as que o seguem e que ele ama.
Sua alegria e seu
consolo é que, para encontrar alívio dos fardos que carregamos, sigamos seus
passos. Sua palavra e suas ações abrem as portas da liberdade e da humanização,
e todos/as precisamos aprender dele e com ele a reconhecer e promover, em
palavras e ações, o Reino de Deus, que suscita e inaugura práticas, estruturas,
relações, prioridades e perspectivas alternativas. Seu caminho não está cheio
de alfândegas, mas tomado por enfermarias...
O jugo ou caminho
de Jesus não é canga que amarra e domina, mas leveza que nos torna mais
humanos. E ele nos convida a aprender do seu coração a mansidão e a bondade,
pois nele não há espaço para a indiferença, a vingança e a violência. O coração
de Jesus, ou o Reino que ele encarna e antecipa é suave, bom e amável, é
misericórdia e compaixão infinitas, que afirmam, reabilitam e libertam os/as sofredores/as
e oprimidos/as. Assim devem ser nossas comunidades, estas devem ser
a marca registrada das nossas igrejas.
Meditação:
· Deixe ressoar em você a
oração de louvor que brota da boca de Jesus e seu convite intenso e caloroso
para que se aproximar e aprender dele
· O que a ênfase no
coração, na concretude humana e na compaixão de Jesus podem ensinar para nossas
igrejas, comunidades e famílias?
· O que podemos fazer
para que a imagem do Sagrado Coração de Jesus não sejam reféns de uma piedade
intimista e desligada do todo do Evangelho?
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