segunda-feira, 5 de junho de 2023

O Evangelho de cada dia (10) - 06.06.2023

IX Semana do Tempo Comum | Terça-feira | Marcos 12,13-17

(06/06/2023)

Chegando a Jerusalém, depois de uma longa e exigente viagem, que foi também um percurso formativo dos discípulos, Jesus vai ao suntuoso templo e toma uma atitude claramente provocativa. Para ele, o sistema do templo deve ser mudado, por mais piedoso que pareça, e o mundo pode ser refeito, por mais que as elites digam que é o melhor dos mundos possíveis e que a fé nada tem a ver com a política e a organização social. Então as autoridades decidem matar Jesus.

Uma das estratégias para realizar esta decisão é revelada no episódio de hoje. A classe dirigente do templo manda um grupo de fariseus e de capachos de Herodes para aprontar a Jesus uma armadilha. Começam elogiando (ou ironizando?) Jesus, dizendo que ele fala sem medir as consequências. E apresentam-lhe duas questões: o pagamento do imposto ao imperador romano é legal ou ilegal? Eles (e Jesus) devem ou não pagar?

Pagar impostos equivale a reconhecer a legitimidade do invasor, prestar-lhe lealdade. Essa era a postura defendida pelos herodianos. Jesus percebe a hipocrisia subjacente às perguntas, rejeita à tentativa de “fabricar provas” contra si mesmo, e responde dizendo que esse não é um problema seu, mas um problema deles, que aceitam passivamente o invasor. Eles perguntam se “devemos” (inclui Jesus) pagar o imposto, e Jesus responde “dai” (vós!).

Jesus não carrega moedas, e pede que eles as apresentem e digam qual é a figura e a inscrição que contém. A figura é do imperador romano, e a inscrição afirma que ele é o “Filho Augusto de Deus”. Um judeu fiel jamais poderia admitir isso! E o próprio soldado romano, no final do Evangelho, dirá, confirmando a inscrição colocada na cruz (Rei dos Judeus), afirmando: “Realmente este homem era o Filho de Deus”. Jesus, e não o imperador, é o “Filho Augusto de Deus”.

Mandando devolver ao imperador o que é dele (as moedas) e a Deus o que a ele pertence (o povo e o culto), Jesus não estabelece de modo nenhum uma equivalência entre os dois. E, da mesma forma, não afirma a separação entre fé e política, ou entre Igreja e o mundo. No mundo, os cristãos devem ser sal, luz e fermento! O que Jesus rejeita radicalmente é a submissão aos invasores. Não há lugar nem para a acomodação, nem para a deserção.

 

Meditação:

·          Perceba como, ao longo de sua vida e neste caso, Jesus não reconhece nenhuma submissão ou lealdade ao imperador e dominador romano

·          Observe atentamente, e veja como Jesus também não opõe política e fé, nem separa a Igreja do Mundo

·          Você concorda que os donos do poder, seja ele “Augusto” ou “Capitão”, não têm direitos sobre a vida do povo, não são donos das pessoas?

·          Como evitar interpretações que manipulam este texto, ensinando que Jesus separa fé e política e reconhece o poder dos dominadores? 

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