quarta-feira, 7 de junho de 2023

O Evangelho de cada dia (12) - Corpus Christi - 08.06.2023

Tempo Comum | Solenidade de Corpus Christi | João 6,51-58


Nos versículos da catequese de Jesus sobre o Pão da Vida propostos para a Solenidade de Corpus Christi, o diálogo de Jesus se desloca das multidões (interlocutores dos versos anteriores) para os líderes do judaísmo. No centro, está a questão do caminho que para a vida plena e abundante: esse caminho seria a Lei (o ditado de Deus) ou seria a adesão à pessoa ou a humanidade de Jesus (o enviado do Pai) e o prosseguimento da sua prática?

Para o judaísmo, Lei era conjunto de valores e práticas (atitudes, mandamentos, proibições) que garantiam que uma pessoa chegasse a ser e fosse considerada boa, ou seja, os meios que asseguravam a salvação. É o que hoje chamamos de ideologia: o conjunto de fins e meios, valores e práticas que nos tornam “pessoas de bem”, pessoas pacíficas: viver “cada um para si”; ensinar que “quem pode mais chora menos”; afirmar que “direitos humanos são para os humanos direitos”; etc.

Os líderes do judaísmo consideraram incompreensível e inaceitável que Jesus, em sua concretude e fragilidade humana (carne e sangue) pudesse ser esse caminho. Para eles, não existia outro caminho senão o poder, a separação, a supremacia de uns sobre outros, a distância em relação àqueles “que não rezam pela sua cartilha”, enfim, não poderia haver outro caminho que não fosse a Lei. O que Jesus fizera alimentando uma multidão faminta carecia de importância.

Jesus insiste que não há outro caminho para a vida abundante que não seja a assimilação da compaixão que nos faz irmãos e servidores/as da humanidade, a ponto de dar a própria vida. Isso fica claro na expressão “carne e sangue”, que Jesus repete cinco vezes nesse breve texto. Na sua paixão, antecipada simbolicamente na ceia e no lava-pés, ele dá seu corpo e sangue e se torna pão para a vida do mundo. Ele é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo.

Assim, Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai para dar vida ao mundo, o Filho do Homem que encarna a compaixão de Deus, supera a Lei. O amor incondicional vivido por ele e assimilado pelos discípulos o que dá vida ao mundo. Quem come deste pão, viverá eternamente. É disso que a Eucaristia, corpo e sangue de Jesus, é sacramento! É diante desse mistério que nossos joelhos se dobram e nossos lábios cantam.

 

Meditação:

·    Acolha e deixe ressoar em você o ensino de Jesus em relação à Lei e aos costumes judaicos e o caminho para a vida plena

·    Que luzes esta catequese de Jesus nos oferece para uma correta compreensão do mistério da presença de Jesus na Eucaristia?

·    O que fazer para não separar a Eucaristia da ação concreta de Jesus e da missão de reconciliar e fraternizar o mundo?

·    Como passar da ideia de uma “hóstia branca”, presa no sacrário ou exposta no ostensório, a um Jesus preso e confinado nas casas, nos presídios, nas periferias?

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