XI Semana do Tempo Comum | Terça-feira | Mateus
5,43-48
(20/06/2023)
A parte do
evangelho de Mateus que conhecemos como “sermão da montanha” é uma espécie de
iniciação dos/as discípulos/as à novidade do Reino de Deus inaugurada e vivida por
Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai. Se é verdade que Jesus não quer simplesmente
descartar a Lei e os costumes do judaísmo, também não há dúvidas de que ele
opera uma mudança substancial nas tradições sagradas, e se apresenta como seu
intérprete e consumador.
Hoje temos o sexto exemplo de
releitura da Lei exercitada por Jesus: o mandamento de amar o próximo. Para a
tradição judaica, originalmente faziam parte do conceito de “próximo” os familiares
de sangue e de casa e os membros do judaísmo, mas o conceito se estendia
também, ao menos em parte, aos doentes, aos pobres e aos estrangeiros. Na
prática, no tempo de Jesus, este círculo era bem mais estreito e se restringia
a poucas pessoas. Por outro lado, faziam parte do grupo dos “inimigos” os
oponentes pessoais, os adversários nacionais, os estrangeiros e infiéis, mas
também gente da própria casa, quando se comportava de modo considerado imoral
ou inaceitável.
Para Jesus está muito claro que
Deus não orienta sua relação conosco pelos parâmetros do gênero, da aparência,
da riqueza, da condição social ou religiosa, do sangue ou da nação. O Reino,
porque é de Deus e porque Deus é bom, não separa nem opõe bons e maus. Todos/as
somos pecadores/as necessitados/as da misericórdia do Pai. Por isso, Jesus pede
e espera de seus discípulos/as a disposição de amar até os inimigos e de rezar
pelos que os/as perseguem. É assim que manifestaremos que somos filhos/as de
Deus.
Mas é também claro que amar o
próximo não é a mesma coisa que ser gentil ou ter bons sentimentos. Amar é
reconhecer e afirmar, por decisão e por ação, a dignidade de cada pessoa, para
além da sua condição humana, social ou moral. E o amor, por sua própria
natureza, não é da parte dos sentimentos, mas da ordem da vontade, das
decisões. Ninguém ama por instinto, por sentimento ou por natureza, mas por
decisão e compromisso. A medida do amor é amar sem medida, pois o amor
calculado e mensurável não passa de egoísmo e de acordo de cavalheiros.
Atenção, pois, no uso desse verbo!
Meditação:
· Deixe ressoar em você
este ensino inovador que Jesus viveu: não pagar com a mesma moeda, não ser uma
pessoa reativa, mas inovadora, revolucionária
· Recorde cenas e
acontecimentos da vida de Jesus que demonstram que ele viveu isso que ensina
aos seus discípulos
· O que significa hoje
oferecer a outra face, dar o manto a quem quer se apropriar da túnica, andar o
dobro daquilo que nos impõem?
· Como poderíamos
praticar este ensinamento de Jesus nas relações violentas que infestam as redes
sociais, especialmente quando o assunto é política?
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