segunda-feira, 19 de junho de 2023

O Evangelho de cada dia (23)

XI Semana do Tempo Comum | Terça-feira | Mateus 5,43-48

(20/06/2023)

A parte do evangelho de Mateus que conhecemos como “sermão da montanha” é uma espécie de iniciação dos/as discípulos/as à novidade do Reino de Deus inaugurada e vivida por Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai. Se é verdade que Jesus não quer simplesmente descartar a Lei e os costumes do judaísmo, também não há dúvidas de que ele opera uma mudança substancial nas tradições sagradas, e se apresenta como seu intérprete e consumador.

Hoje temos o sexto exemplo de releitura da Lei exercitada por Jesus: o mandamento de amar o próximo. Para a tradição judaica, originalmente faziam parte do conceito de “próximo” os familiares de sangue e de casa e os membros do judaísmo, mas o conceito se estendia também, ao menos em parte, aos doentes, aos pobres e aos estrangeiros. Na prática, no tempo de Jesus, este círculo era bem mais estreito e se restringia a poucas pessoas. Por outro lado, faziam parte do grupo dos “inimigos” os oponentes pessoais, os adversários nacionais, os estrangeiros e infiéis, mas também gente da própria casa, quando se comportava de modo considerado imoral ou inaceitável.

Para Jesus está muito claro que Deus não orienta sua relação conosco pelos parâmetros do gênero, da aparência, da riqueza, da condição social ou religiosa, do sangue ou da nação. O Reino, porque é de Deus e porque Deus é bom, não separa nem opõe bons e maus. Todos/as somos pecadores/as necessitados/as da misericórdia do Pai. Por isso, Jesus pede e espera de seus discípulos/as a disposição de amar até os inimigos e de rezar pelos que os/as perseguem. É assim que manifestaremos que somos filhos/as de Deus.

Mas é também claro que amar o próximo não é a mesma coisa que ser gentil ou ter bons sentimentos. Amar é reconhecer e afirmar, por decisão e por ação, a dignidade de cada pessoa, para além da sua condição humana, social ou moral. E o amor, por sua própria natureza, não é da parte dos sentimentos, mas da ordem da vontade, das decisões. Ninguém ama por instinto, por sentimento ou por natureza, mas por decisão e compromisso. A medida do amor é amar sem medida, pois o amor calculado e mensurável não passa de egoísmo e de acordo de cavalheiros. Atenção, pois, no uso desse verbo!

 

Meditação:

·    Deixe ressoar em você este ensino inovador que Jesus viveu: não pagar com a mesma moeda, não ser uma pessoa reativa, mas inovadora, revolucionária

·    Recorde cenas e acontecimentos da vida de Jesus que demonstram que ele viveu isso que ensina aos seus discípulos

·    O que significa hoje oferecer a outra face, dar o manto a quem quer se apropriar da túnica, andar o dobro daquilo que nos impõem?

·    Como poderíamos praticar este ensinamento de Jesus nas relações violentas que infestam as redes sociais, especialmente quando o assunto é política?

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