quinta-feira, 8 de junho de 2023

Uma celebração muito especial

Porque há um só pão, nós todos somos um só corpo!

Há diversos modos de celebrar a solenidade do Corpo e Sangue do Senhor, assim como são várias as expressões da presença dele no meio de nós e são muitas as consequências da adesão a ele e seu Evangelho. Basicamente, a Eucaristia é o sinal que torna presente e mantém vivo o dinamismo da sua vida no mundo: a comunhão apaixonada de Deus com suas criaturas e das suas amadas criaturas entre si.

Nascida e desenvolvida no seio do catolicismo num contexto de disputa com o cristianismo protestante, a solenidade do Corpo e Sangue do Senhor, profundamente enraizada no catolicismo popular, não pode se afastar daquilo que lhe é próprio: a vida e a missão de Jesus Cristo. O Corpo e Sangue que exaltamos são dele, e ele os consagrou e consumiu integralmente a serviço a vontade do Pai: reconciliar a humanidade, criar a fraternidade entre as pessoas e povos.

A arte que expressa com uma infinidade de cores, sons e passos a nobreza desse corpo e desse sangue deve apontar para a nobreza e a dignidade de todos os corpos, pois todas as vidas importam. E Aquele que desceu, eliminando a distância que nossos medos e interesses imaginaram entre Deus e a Humanidade, deve suscitar e sustentar em nós o movimento de aproximação e de partilha que ameniza um pouco a dor da fome que fere tantos irmãos.

É essa percepção que ultimamente vem reinventando e dinamizando a celebração de Corpus Christi em muitas comunidades cristãs. Esse é o caso da paróquia São José Operário, animada pelos Missionários da Sagrada Família na Ilha do Governador (RJ). Motivados pela espiritualidade eucarística e interpelados pelo sofrimento de quem não tem assegurado seu humano direito à alimentação, a comunidade prepara um belo tapete para receber Jesus.

Em vez de preparar tapetes artísticos sobre os quais Jesus Eucarístico desfila como que numa passarela, os fiéis trazem alimentos para que cheguem à mesa dos pobres. E um grupo de voluntários organiza esses dons com arte e compaixão de modo a formar uma passarela digna do Corpo de Jesus. Na alegria agradecida da comunhão com Jesus, pequenos gestos de fraternidade e partilha amenizam um pouco o sofrimento de irmãs e irmãos que padecem fome.

“Porque há um só pão, somos um só corpo”, proclama São Paulo (1Cor 10,17). E aquilo que ocorre com um dos membros, seja alegria ou seja sofrimento, chega a todos e é por todos compartilhado. O “pão que desce do céu” faz com que desçamos do pedestal que a indiferença e a ilusão de superioridade nos catapultou, abramos um pouco nossas mãos e nosso coração e nos descubramos, por um instante, irmãos que sofrem e lutam lado a lado.

Itacir Brassiani msf




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