quarta-feira, 14 de junho de 2023

O Evangelho de cada dia (18)

X Semana do Tempo Comum | Quinta-Feira | Mateus 5,20-26

(15/06/2023)

Depois de propor o caminho da felicidade plena e duradoura, Jesus sublinha que este caminho requer a vivência de uma justiça maior que a justiça dos escribas e fariseus. E dá uma série de exemplos, dos quais o texto de hoje nos apresenta o primeiro. Jesus parte das Escrituras Sagradas, mas não se detém na simples transcrição e afirmação da lei. Para ele, a Escritura tem por fim assegurar a proteção social das pessoas vulneráveis e a harmonia no interior da comunidade.

Nesta perspectiva, Jesus reinterpreta o 5º mandamento e Moisés, ciente de que o homicídio começa bem antes do ato concreto, e tem suas raízes na falta de respeito à dignidade de quem é diferente de nós, configurada na raiva e no insulto. Não matar não é o máximo, mas o mínimo da justiça. A fraternidade sem fronteiras e a reconciliação sempre renovada são exigências incontornáveis do Evangelho do Reino, e os/as discípulos/as de Jesus não podemos ignorar isso.

A justiça maior que aquela ostentada pelos fariseus se expressa na vivência da fraternidade e da reconciliação, ou seja: agindo de tal forma que a pessoa diferente viva dignamente. Isso é tão importante e decisivo que Jesus ensina que a nossa comunhão com Deus depende da reconciliação com as pessoas e grupos que divergem de nós, e até das que nos perseguem. A atitude de pacificação e reconciliação é mais importante que a ortodoxia doutrinal e o culto divino!

É claro que Jesus não recomenda fazer uma parada durante a celebração ou antes da apresentação das oferendas. Ele usa uma imagem forte para reforçar a absoluta importância de cultivar, manter e reatar os vínculos que, tanto do ponto de vista humano como religioso, nos unem ao próximo. E não se trata apenas de constatar que ofendemos alguém e que isso nos pesa na consciência, mas de verificar se agimos mal e provocamos dano e ressentimento nos outros.

O próximo, sendo diferente, e até mesmo divergente de nós, é um dom, um presente, um desafio permanente à nossa integridade e coerência. Relacionar-nos fraternalmente com ele jamais poderá ser um peso, mas deve ser sempre uma grande alegria. Ou será que a vivência de uma fraternidade sem fronteiras não é um grande motivo de alegria para qualquer pessoa? A fraternidade sem exclusões vale todos as penas!

 

Meditação:

·    Que impacto tem sobre você, seu pensamento e suas ações este ensino de Jesus: não é suficiente não matar, é preciso evitar a raiva e o insulto?

·    Quais são as consequências do pedido para interromper o culto e as ofertas para primeiro se reconciliar com quem prejudicamos?

·    Como você, sua família e sua comunidade podem exercitar este precioso e exigente ensinamento de Jesus?

·    Com quem você precisa se reconciliar hoje, por você tê-lo ofendido/a ou por ter se sentido ofendido/a por ele/a?

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