Que o Reino
de Deus e sua justiça inclusiva seja nosso mais precioso bem! | 387 | 21.06.24
| Mateus 6,19-23
A parte do
evangelho de Mateus que conhecemos como “sermão da montanha” é uma iniciação
dos discípulos à novidade do Reino de Deus vivida e proposta por Jesus. Depois
de dar exemplos de uma nova interpretação da antiga Lei, e depois de falar
criticamente das práticas de piedade (esmola, oração e jejum), Jesus adverte
seus discípulos sobre os compromissos do coração, ou seja, sobre a opção
fundamental que orienta e unifica todas as ações.
Na seção que estamos iniciando
hoje, e que vai até o fim do capítulo 6 de Mateus, adverte, Jesus discípulos e
demais ouvintes sobre a insensatez e a imprudência da cobiça e do acúmulo de
bens. Os “tesouros na terra” são os bens materiais, a obsessão de possuir
sempre mais, o consumo desmedido, a competição predatória, o sucesso a qualquer
custo. Apesar da sua aparência e promessa, estas são coisas instáveis cuja
posse nunca está garantida, coisas sem valor verdadeiro, sempre sujeitas à
deterioração. Tratar isso como essencial equivale a negligenciar a vontade de
Deus.
Jesus propõe a busca de “tesouros
no céu”, que são os valores do Reino de Deus: a misericórdia, o amor, a compaixão,
a partilha solidária, a fraternidade como bens maiores, imperdíveis e
indestrutíveis. Sobre isso Jesus já falara, de algum modo, nos trechos
anteriores (bem-aventuranças, superação das leis mesquinhas, radicalização do
amor ao próximo, amor aos inimigos, etc.). Trata-se então de ter isso como
desejo sincero, preponderante, profundo e permanente. Em outras palavras, aqui
trata-se de transformar isso em uma “opção fundamental”, que baseia e orienta
tudo.
Jesus ilustra a diferença entre
estes dois projetos de vida com a metáfora do olho. Na cultura do povo do seu
tempo, os olhos eram considerados uma espécie de faróis que projetam para fora
a luz que vem de dentro. Então, se nossos olhos faíscam cobiça, são faróis
queimados, que só projetam escuridão doentia, e tornam nossa vida algo
tenebroso. Se nossos olhos estão fixos no reino de Deus, projetam luz clara,
suave e benfazeja, e nossa vida então será luminosa e iluminadora.
O enfoque sincero e profundo no reino de Deus
significa: para os ricos, ruptura com a cobiça, renúncia à acumulação, partilha
solidária; para os pobres, confiança profunda em Deus, que cuida de nós como o
faz um pai; cooperação solidária com os iguais ou mais necessitados; superação
da tentação de imitar os ricos e poderosos. O seguimento de Jesus é uma
aventura bela, mas, igualmente exigente.
Meditação:
· Quais são os valores que “brilham aos nossos
olhos”, que mobilizam e potencializam nossas energias e nossas buscas?
· Como entender que a busca da prosperidade a
qualquer custo tenha ocupado o lugar da justiça em muitas pregações dos nossos
padres e pastores?
· Que pedidos ou súplicas costumam ocupar os
primeiros lugares nas “listas de desejos” que diariamente apresentamos a Deus?
Um comentário:
Linda reflexão
Postar um comentário