Tudo nos é permitido quando o amor é a “cláusula pétrea” da nossa vida | 459 |
01.09;2024 | Marcos 7,1-23
O amor solidário
de Deus, manifestado e atestado em Jesus Cristo, não muda jamais. E não muda
também o amor como único caminho possível para construir outro mundo. Quando
falamos em amor não estamos nos referindo a um vago sentimento interior, mas a um dinamismo
envolvente, que encontra em Jesus sua máxima expressão e concretude: é o
conjunto de atitudes de reconhecimento dos outros em sua dignidade, valorização
da sua verdade e atendimento das suas necessidades.
É lamentável que inda hoje alguns
cristãos priorizem a limpeza das toalhas e cálices, deem a máxima importância a
panos e hábitos vistosos, mas pouco se importem com as atitudes
anti-evangélicas que precisam ser combatidas. É esta a “lei” que os legistas e
fariseus defendem diante da liberdade libertadora de Jesus e dos seus
discípulos. “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, pois comem o pão sem lavar as mãos?” Eles
não se interessam pela partilha dos pães e peixes, mas o fato de que os
discípulos e todo o povo haviam comido sem lavar as mãos! Para eles, essa é a
única tradição legítima e respeitável.
Também em nosso tempo, alguns costumes
irrelevantes e hábitos perniciosos vão conquistando uma importância cada vez
maior, e acabam sendo considerados vontade de Deus. Quanta discussão sobre se é
permitido receber a hóstia na mão ou não, e quanta polêmica em torno da prática
de chamar leigos e leigas para proclamar o Evangelho numa celebração
eucarística! E sem falar na comunhão aos casais separados ou recasados, aos
critérios para o batismo e para a escolha de padrinhos e madrinhas. São
tradições humanas que ocupam o lugar da vontade de Deus!
Jesus estabelece
um princípio universal e concreto para o discernimento de cada dia: “O que vem
de fora e entra na pessoa não a torna impura; as coisas que saem de dentro da
pessoa é que a tornam impura”. O que nos torna dignos ou indignos não é nossa
condição social, nosso grau de estudo, nossos recursos e bens, nossa orientação
sexual, nossa condição moral ou nossa pertença religiosa, mas as ações e
decisões que tomamos, as relações que estabelecemos. “Pois é de dentro do
coração das pessoas que saem as más intenções, como a imoralidade, roubos,
crimes, adultério, ambições sem limites, maldades...”
Meditação:
·
Releia o texto, procurando entender bem as práticas dos doutores
da lei e o que eles criticam em Jesus e seus discípulos, e o sentido da
parábola
·
Procure compreender a crítica de Jesus aos escribas, e o exemplo
de como eles esvaziam a Palavra de Deus
·
Você percebe também hoje a tentação de esvaziar a Palavra de Deus
e substitui-la por interesses mesquinhos? Dê exemplos
·
Quais são os argumentos mais usados hoje para defender a
superioridade de alguns povos (religiões, classes) sobre outros?
2 comentários:
Mensagem linda que nos remete à uma profunda reflexão
Bem esclarecedor.
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