Quais são as
expectativas que nos levam a anunciar Jesus Cristo? | 485 | 27.09.2024 | Lucas 9,18-22
Ontem meditamos sobre o trecho do
evangelho no qual Lucas nos apresenta as perguntas e hipóteses que Herodes
levantava sobre a identidade e a missão de Jesus. Perseguido pelo medo de
enfrentar um concorrente, e de represálias por ter assassinado João Batista, o pequeno
e impotente e violento rei da Galileia desejava ver Jesus por pura curiosidade,
sem nenhuma vontade de levá-lo a sério.
Depois da multiplicação dos pães para os famintos,
o próprio Jesus dá voz à pergunta sobre quem ele é, pedindo que seus discípulos
o coloquem a par das opiniões que circulam entre o povo, e isso não porque
estivesse preocupado com uma possível baixa do seu índice de popularidade. As
opiniões convergem para sua identidade profética, de que ele é algum profeta
importante que voltou à vida. Mas, pelo testemunho dos evangelistas, já sabemos
que ele é maior e mais que os profetas.
Jesus espera dos seus discípulos uma resposta nova,
pessoal, envolvente. Tomando a palavra em nome dos demais, Pedro embarca na
ideia de que a chegada do messias esperado seria precedida pelo retorno do
profeta Elias, e declara que Jesus é o messias/ungido de Deus. Sua resposta é
formalmente correta, mas Jesus proíbe que isso seja anunciado ao povo, pois
sente necessidade de corrigir e esclarecer o que significa reconhecer e
proclamar que ele é o Messias (pois temos outros messias, inclusive um
assentado na cadeira presidencial!).
Para evitar mal-entendidos, Jesus evita falar de si
mesmo como “Messias”, r prefere autodenominar-se “Filho do Homem”. Com isso,
sublinha várias coisas: sua consciência da necessidade de enfrentar a violência
e passar pela cruz; que a fidelidade e a coerência com a vontade do Pai
desembocam na perseguição; que isso tudo faz parte do plano de Deus, mas não é
uma espécie de suicídio premeditado; que o mistério de Deus e da salvação está
profundamente imbricado na condição humana; que Deus mostra sua força na
fragilidade, na pobreza e no despojamento.
Para Jesus, a vontade do Pai é
absolutamente soberana, e não passa necessariamente pela religião e seus
espaços e agentes, tanto que faz questão de ressaltar que é nas mãos deles que
irá sofrer. Isso pede obviamente uma revisão da nossa ideia de Deus e uma
crítica avaliação das práticas das Igrejas e seus agentes. Será que o querer de
Deus é a multiplicação de dízimos, orações e cultos?
Meditação:
· Retome
a cena, as palavras e as orientações de Jesus no evangelho de hoje
· Deixe-se
surpreender pelo encontro vivo com Jesus e com seu Evangelho (seu exercício
diário de Leitura Orante!)
· Procure
superar a expectativa de que em Jesus seremos beneficiados por eventos
grandiosos e miraculosos
· Contemple a compaixão e a
presença ativa de Jesus junto do povo, inclusive na perseguição e na morte na
cruz
2 comentários:
Amém
Amém
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