quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Quais são as expectativas que nos levam a anunciar Jesus Cristo?

Quais são as expectativas que nos levam a anunciar Jesus Cristo? | 485 | 27.09.2024 | Lucas 9,18-22

Ontem meditamos sobre o trecho do evangelho no qual Lucas nos apresenta as perguntas e hipóteses que Herodes levantava sobre a identidade e a missão de Jesus. Perseguido pelo medo de enfrentar um concorrente, e de represálias por ter assassinado João Batista, o pequeno e impotente e violento rei da Galileia desejava ver Jesus por pura curiosidade, sem nenhuma vontade de levá-lo a sério.

Depois da multiplicação dos pães para os famintos, o próprio Jesus dá voz à pergunta sobre quem ele é, pedindo que seus discípulos o coloquem a par das opiniões que circulam entre o povo, e isso não porque estivesse preocupado com uma possível baixa do seu índice de popularidade. As opiniões convergem para sua identidade profética, de que ele é algum profeta importante que voltou à vida. Mas, pelo testemunho dos evangelistas, já sabemos que ele é maior e mais que os profetas.

Jesus espera dos seus discípulos uma resposta nova, pessoal, envolvente. Tomando a palavra em nome dos demais, Pedro embarca na ideia de que a chegada do messias esperado seria precedida pelo retorno do profeta Elias, e declara que Jesus é o messias/ungido de Deus. Sua resposta é formalmente correta, mas Jesus proíbe que isso seja anunciado ao povo, pois sente necessidade de corrigir e esclarecer o que significa reconhecer e proclamar que ele é o Messias (pois temos outros messias, inclusive um assentado na cadeira presidencial!).

Para evitar mal-entendidos, Jesus evita falar de si mesmo como “Messias”, r prefere autodenominar-se “Filho do Homem”. Com isso, sublinha várias coisas: sua consciência da necessidade de enfrentar a violência e passar pela cruz; que a fidelidade e a coerência com a vontade do Pai desembocam na perseguição; que isso tudo faz parte do plano de Deus, mas não é uma espécie de suicídio premeditado; que o mistério de Deus e da salvação está profundamente imbricado na condição humana; que Deus mostra sua força na fragilidade, na pobreza e no despojamento.

Para Jesus, a vontade do Pai é absolutamente soberana, e não passa necessariamente pela religião e seus espaços e agentes, tanto que faz questão de ressaltar que é nas mãos deles que irá sofrer. Isso pede obviamente uma revisão da nossa ideia de Deus e uma crítica avaliação das práticas das Igrejas e seus agentes. Será que o querer de Deus é a multiplicação de dízimos, orações e cultos?

 

Meditação:

·    Retome a cena, as palavras e as orientações de Jesus no evangelho de hoje

·    Deixe-se surpreender pelo encontro vivo com Jesus e com seu Evangelho (seu exercício diário de Leitura Orante!)

·    Procure superar a expectativa de que em Jesus seremos beneficiados por eventos grandiosos e miraculosos

·    Contemple a compaixão e a presença ativa de Jesus junto do povo, inclusive na perseguição e na morte na cruz

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