PERDOAR NOS FAZ BEM!
As grandes escolas de psicoterapia estudaram pouco a
força curativa do perdão. Até muito recentemente, os psicólogos não lhe
concediam um papel no crescimento de uma personalidade saudável. Pensava-se erroneamente – e ainda se pensa
– que o perdão é uma atitude puramente religiosa.
Por outro lado, o cristianismo frequentemente contentou-se em exortar as pessoas a
perdoar com generosidade, fundamentando esse comportamento no perdão que
Deus nos concede, mas sem ensinar muito
mais sobre os caminhos que devem ser seguidos para chegar a perdoar de coração.
Por isso, não deve estranhar que existam pessoas que ignorem quase tudo sobre o
dinamismo do perdão.
No entanto, o
perdão é necessário para se conviver de forma saudável: na família, onde o
atrito da vida cotidiana pode gerar frequentes tensões e conflitos; na amizade
e no amor, onde se deve saber agir ante humilhações, enganos e infidelidades;
em múltiplas situações da vida, nas quais temos de reagir ante agressões,
injustiças e abusos. Quem não sabe
perdoar pode ficar ferido para sempre.
Há algo que é necessário deixar claro desde o
início. Muitos acreditam que são
incapazes de perdoar porque confundem raiva com a vingança. A raiva é uma reação saudável de irritação à
ofensa, à agressão ou à injustiça sofrida: a pessoa revolta-se de forma
quase instintiva para defender a sua vida e a sua dignidade. Pelo contrário, o ódio, o ressentimento e a vingança vão
além dessa primeira reação: a pessoa vingativa procura fazer mal, humilhar
e até destruir a quem lhe fez mal.
Perdoar
não significa necessariamente reprimir a raiva. Pelo
contrário, reprimir esses primeiros sentimentos pode ser prejudicial se a
pessoa acumula no seu interior uma ira que mais tarde se desviará para outras
pessoas inocentes ou para si mesma. É
mais saudável reconhecer e aceitar a raiva, partilhar a raiva e a indignação
com alguém.
Então
será mais fácil serenar e tomar a
decisão de não continuar a alimentar o ressentimento nem as fantasias de
vingança, para não nos fazer um mal maior. A fé num Deus perdoador é um
estímulo e uma força inestimáveis. Aqueles/as
que vivem do amor incondicional de Deus podem perdoar com mais facilidade.
José
Antonio Pagola
(Tradução
de Antonio Manuel Álvarez Perez)
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