quinta-feira, 10 de setembro de 2020

O Evangelho dominical (Pagola) - 13.09.2020


PERDOAR NOS FAZ BEM!

As grandes escolas de psicoterapia estudaram pouco a força curativa do perdão. Até muito recentemente, os psicólogos não lhe concediam um papel no crescimento de uma personalidade saudável. Pensava-se erroneamente – e ainda se pensa – que o perdão é uma atitude puramente religiosa.
Por outro lado, o cristianismo frequentemente contentou-se em exortar as pessoas a perdoar com generosidade, fundamentando esse comportamento no perdão que Deus nos concede, mas sem ensinar muito mais sobre os caminhos que devem ser seguidos para chegar a perdoar de coração. Por isso, não deve estranhar que existam pessoas que ignorem quase tudo sobre o dinamismo do perdão.
No entanto, o perdão é necessário para se conviver de forma saudável: na família, onde o atrito da vida cotidiana pode gerar frequentes tensões e conflitos; na amizade e no amor, onde se deve saber agir ante humilhações, enganos e infidelidades; em múltiplas situações da vida, nas quais temos de reagir ante agressões, injustiças e abusos. Quem não sabe perdoar pode ficar ferido para sempre.
Há algo que é necessário deixar claro desde o início. Muitos acreditam que são incapazes de perdoar porque confundem raiva com a vingança. A raiva é uma reação saudável de irritação à ofensa, à agressão ou à injustiça sofrida: a pessoa revolta-se de forma quase instintiva para defender a sua vida e a sua dignidade. Pelo contrário, o ódio, o ressentimento e a vingança vão além dessa primeira reação: a pessoa vingativa procura fazer mal, humilhar e até destruir a quem lhe fez mal.
Perdoar não significa necessariamente reprimir a raiva. Pelo contrário, reprimir esses primeiros sentimentos pode ser prejudicial se a pessoa acumula no seu interior uma ira que mais tarde se desviará para outras pessoas inocentes ou para si mesma. É mais saudável reconhecer e aceitar a raiva, partilhar a raiva e a indignação com alguém.
Então será mais fácil serenar e tomar a decisão de não continuar a alimentar o ressentimento nem as fantasias de vingança, para não nos fazer um mal maior. A fé num Deus perdoador é um estímulo e uma força inestimáveis. Aqueles/as que vivem do amor incondicional de Deus podem perdoar com mais facilidade.
José Antonio Pagola
(Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez)

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