Senhor, que queres que eu faça?
No segundo domingo do ano, a
liturgia da Igreja nos convida a acolher a boa notícia de Jesus que se revela
no casamento de Caná. Sua atitude de atenção e disponibilidade diante das
frustrações e necessidades humanas interpela e orienta a Igreja em sua missão.
Diante das muitas e graves necessidades humanas e para que haja vida abundante,
Maria ensina que a Igreja precisa fazer aquilo que Jesus manda.
Para que existe a Igreja? O
que se espera que ela faça no mundo? Para que existem e qual é a missão das
nossas comunidades cristãs? A Igreja existe, antes de tudo, para ser sinal e
instrumento do Reino de Deus, sinal e instrumento da unidade do gênero
humano. Trata-se de tornar clara e
visível a dignidade e a união de todos os seres humanos e de empenhar-se na
construção de um mundo justo, solidário, pacífico e fraterno, como o próprio
Jesus Cristo fez. E isso a Igreja fará mediante sua pregação, suas celebrações
e suas ações.
A missão da Igreja é anunciar o Reino de Deus. No seu tempo e a seu modo,
Jesus anunciou aos seus contemporâneos que o Reino de Deus não era mais
uma promessa para o futuro, mas uma realidade presente. E o conteúdo concreto e histórico do reino
de Deus era a saúde para os doentes, a libertação para oprimidos, a acolhida
aos pecadores e estrangeiros, enfim, o
resgate da vida plena para todos os seres humanos. Mas Jesus não quis fazer
isso sozinho: ele chamou discípulos e discípulas e os enviou a proclamar esta
mesma alegre boa notícia (cf. Mt 10,7).
A missão de anunciar o Reino
de Deus confiada à Igreja implica hoje três
aspectos. O primeiro aspecto é um anúncio
que desperte e forme nos membros da Igreja e na sociedade em geral a convicção de
quem um outro mundo é possível e precisa ser construído. O segundo
aspecto é a denúncia
profética e corajosa de todos os mecanismos e instituições que se opõem a um
mundo justo e fraterno e que provocam opressão, marginalização e exclusão. O
terceiro aspecto é o testemunho
desse mundo novo no jeito de viver, de se relacionar e se organizar no interior
das próprias comunidades e da Igreja como um todo.
A missão da Igreja é celebrar o Reino de Deus. Jesus sempre demonstrou
alegria e encantamento diante dos pequenos ou grandes sinais do Reino que ele
anunciava: a abertura dos simples e humildes à novidade do Reino; a força e a
generosidade da semente que germina e se multiplica; a acolhida e conversão dos
pecadores; a partilha de um copo de água ou um pedaço de pão; a cura e
libertação dos doentes e possessos; etc. Ele mesmo, estando próximo o momento
da doação maior, celebrou, mediante os ritos da páscoa dos hebreus, o
significado e a força deste gesto.
A missão de celebrar o Reino
de Deus é também confiada à comunidade dos discípulos e discípulas, à Igreja. À
luz do fato maior que é a vida, morte e ressurreição de Jesus, a Igreja
tem a missão de celebrar todas os sinais
de amor, doação, conversão, melhoria, crescimento e transformação do mundo.
E o faz através das celebrações dos
sacramentos, da Palavra, e das bênçãos e orações. Isso implica em dar destaque,
nas diversas liturgias, à memória das lutas e vitórias dos pobres e oprimidos.
Por isso, as celebrações devem evitar a legitimação dos poderosos e seus
interesses e se vincular às esperanças e necessidades populares.
A missão da Igreja é realizar o Reino de Deus. Jesus não se deteve no
anúncio e na celebração da chegada do Reino. Sua vida se caracteriza pela ação
eficaz e demonstrativa de que um outro mundo não era apenas possível, mas se
realizava em suas ações incansáveis e libertadoras.
A Igreja tem a missão de fazer do Reino de Deus uma realidade
histórica. Para isso ela precisa se organizar em diferentes pastorais e serviços. Tais pastorais e serviços têm como
objetivo resgatar e promover a vida dos
diferentes grupos e realidades humanas: crianças, jovens, idosos,
agricultores, dependentes químicos, doentes, operários, etc. Sem essa dimensão
de ação, a missão da Igreja cairia no vazio e perderia sua credibilidade.
Itacir
Brassiani msf
Nenhum comentário:
Postar um comentário