Eu não troco a minha Igreja, não é por ser a
melhor...
Como cristãos sabemos que um ano não é novo
simplesmente porque o calendário mudou. E uma comunidade eclesial não é
evangélica pelo simples fato de se referir frequentemente a ele ou anuniá-lo
publicamente. Quero aproveitar esta espaço para partilhar algumas reflexões
sobre alguns aspectos mais relevantes da vida e da missão Igreja, favorecendo
assim a formação permanente dos agentes das comunidades eclesiais e dos seus
membros em geral.
Um hino muito querido e cantado em nossas
comunidades diz: "Eu não troco a minha Igreja, não é por ser a melhor; é
que nela eu me sinto bem: Jesus Cristo é um só. Nossa Igreja é dos pobres,
acolhe sempre o menor. Só me alegro quando vejo todo povo ao redor. Somos povo
unido num caminho só."
Esta é uma outra forma de dizer aquilo que os
primeiros cristãos experimentaram e expressaram nos evangelhos. A título de
exemplo: os pastores ficaram maravilhados diante de um Deus que se encarnou
numa criança frágil e pobre e voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo
o que haviam visto e ouvido. E Maria procurava compreender o sentido de tudo
isso. Paulo escreve à comunidade cristã dos gálatas que, na base da vida
cristã, está a experiência de ser adotado como filho ou filha, de reconhecer
Deus como Pai. E isso supõe também a convicção de ser herdeiro do reino de
Deus, de não ser escravo de nada e de ninguém.
O que significa isso? Que a Igreja é a
comunidade dos homens e mulheres que se reúnem em torno da vida e do
ensinamento de Jesus Cristo; que aprofunda o significado de um Deus que se faz
humano e pobre; que anuncia e testemunha com entusiasmo essa boa notícia; que
faz a experiência de ser libertada de todas as formas de escravidão; que se
empenha radicalmente na promoção da vida abundante para todas as pessoas. A
Igreja é povo unido num caminho só, espaço onde todas as pessoas, especialmente
os "menores" são acolhidos, podem se sentir bem e são solidariamente
apoiados.
Todos sabemos que nossas comunidades
eclesiais concretas acalentam o sonho de ser uma Igreja assim. E este sonho não
é uma utopia irrealizável, pois temos ao nosso lado pessoas que são testemunhos
vivos de um "povo novo", uma "nuvem de testemunhas" (cf. Hb
12,1). Todos os mártires, santos e santas são nossos irmãos e irmãs de Igreja,
e isso nos orgulha e nos compromete.
Mas sabemos também que nossas comunidades
reais não são muito melhores nem totalmente diferentes dos outros grupos
humanos. São comunidades de pessoas reais e concretas que desejam se orientar
pelo Evangelho de Jesus Cristo, mas que também trazem no seu interior disputas,
competições, fechamentos. São comunidades que vivem no mundo e às vezes
sucumbem sob sua influência. Por isso, nossa querida Igreja é contraditória,
provoca sofrimento, precisa de conversão. Mas nela nos sentimos bem e não
trocamos por outra, porque Jesus Cristo é um só...
Itacir Brassiani msf
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