"Vai trabalhar pelo mundo a
fora..."
No dia 14 de fevereiro o
calendário nos traz à memória São Cirilo e São Metódio, apóstolos e
missionários do século IX que evangelizaram os povos eslavos; eles são
considerados, junto com São Bento, padroeiros da Europa. No Evangelho de Lucas
(cf. 4,14-21) Jesus resume seu anúncio proclamando que a felicidade pertence
aos pobres, aos que têm fome, aos que choram e aos que são perseguidos. Estes
fatos nos incitam a refletir sobre a dimensão missionária da Igreja.
Mas devemos começar lembrando que
a consciência missionária nem sempre foi cultivada na Igreja católica. Depois
do despertar missionário sustentado pelos religiosos no século XVI, passaram-se
dois séculos antes que a Igreja européia despertasse para essa dimensão. Em
1880 o Papa Leão XIII lamentava que, naquela época, 7/8 da humanidade ainda não
conhecia Jesus Cristo, e incentivava a criação de organismos missionários para
enviar agentes aos países não cristãos.
Mas foi durante o Concílio
Vaticano II que a Igreja católica ampliou sua visão de missão. Ela não se
entende mais como uma Igreja que tem missões e organismos missionários,
mas como uma Igreja missionária. Inspirado pelo Concílio, João Paulo II
sublinhou e repetiu à exaustão que ou a Igreja é missionária ou não é Igreja
de Jesus Cristo.
A missão começa em nossas comunidades. Uma comunidade cristã não
esgota seu objetivo na catequese, nas celebrações e nas diversas iniciativas de
serviço pastoral. Para ser cristã, a comunidade precisa ampliar o se horizonte
e assumir o desafio de enviar pessoas que se dedicam ao Evangelho de
Jesus Cristo nas situações humanas de maior necessidade, perto ou longe. O
mesmo vale para as paróquias e dioceses. O engajamento missionário é causa e
não apenas conseqüência do amadurecimento de uma comunidade, paróquia ou
diocese.
Como podemos entender a missão
hoje? A missão da Igreja consiste, antes de tudo, em sair de si mesma, deixar
de pensar só em suas necessidades, deixar de agir como se fosse o centro de
tudo. E isso acontece na medida em que a comunidade, paróquia ou diocese toma
consciência da necessidade de levar a boa notícia da salvação a todas as pessoas,
estejam geograficamente perto ou longe.
Uma
primeira esfera da missão é a encarnação do Evangelho na cultura, na sociedade e na
política, transformando as estruturas e abrindo caminhos de justiça, comunhão e
participação. Trata-se de atuar de forma evangélica e transformadora nas
organizações da sociedade, apoiando a luta dos oprimidos e marginalizados em
vista de uma sociedade mais justa e democrática.
Uma segunda esfera da
missão é a ajuda às Igrejas que ainda não têm muita vitalidade ou a perderam. Aqui se trata
de partilhar agentes evangelizadores com outras comunidades, paróquias ou
dioceses a fim de desenvolver a fé cristã do povo e apoiar a formação de
comunidades eclesiais de base.
Uma terceira esfera é a missão é além-fronteiras, junto aos povos não
cristãos. Aqui a missão representa um desafio maior e mais complexo. Nesta
esfera, para não ser discriminadora ou dominadora, a missão deve se basear no
serviço, no testemunho, no diálogo e, finalmente, no anúncio. Sem estas
atitudes básicas, a missão pode mais atrapalhar que ajudar a adesão a Jesus
Cristo. E o anúncio essencial é este que Jesus apresenta no Evangelho de hoje!
Itacir Brassiani
msf
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