sexta-feira, 26 de junho de 2020

ANO A | TEMPO COMUM | SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO | 28.06.2020


Pedro e Paulo: discípulos de Jesus e testemunhas do Reino!
Com a festa dos apóstolos Pedro e Paulo estamos fechando o ciclo das festas juninas, marcado pela memórias de santos populares. Pedro é o primeiro líder dos cristãos, reconhecido como o principal no grupo dos Doze, e Paulo é o apóstolo e evangelizador dos povos. Ambos por crises e dificuldades, provaram a prisão e sofreram o martírio. Eles fazem parte daquela ‘nuvem de testemunhas’ da qual fala a Carta aos Hebreus (12,1): viveram e morreram firmes na fé, seduzidos e guiados pela visão do invisível.
Os Atos dos Apóstolos nos lembra que Pedro, nosso ‘primeiro Papa’, foi presidiário! As chaves prometidas por Jesus Cristo não serviram para abrir as algemas e a porta que prenderam Pedro! Ele estava imerso na penumbra do abandono quando uma luz iluminou a cela, uma mão tocou seu ombro e uma voz ordenou que se levantasse depressa. As algemas que o prendiam caíram no chão, os guardas que vigiavam não viram nada, e a porta que separava a cela da cidade se abriu sozinha.
Depois de ter sido um fariseu zeloso e violento, e acumulado muitos méritos e honras por causa disso, Paulo foi conquistado por Jesus Cristo e, diante do bem supremo desta acolhida gratuita e imerecida, considerou tudo o mais como lixo e déficit na contabilidade da vida (cf. Fil 3,1-14) e se lançou incansavelmente no anúncio desta boa notícia. Como muitos outros da sua geração, foi denunciado, perseguido, encarcerado e finalmente executado. Ele assimilou o que Jesus dissera ao enviar os Doze: “Não tenham medo de nada!”
Mas ninguém conseguiu colocar sob algemas aquilo que fazia de Paulo um homem livre: a Boa Notícia de Jesus Cristo. “Por ele, eu tenho sofrido até ser acorrentado como um malfeitor. Mas a Palavra de Deus não está acorrentada” (2Tm 2,9). Ele sabia muito bem em quem colocara sua confiança, não se envergonhava de compartilhar a sorte dos encarcerados e pedia que ninguém se envergonhasse dele nem de dar testemunho público de Jesus Cristo, que também havia sido preso, julgado, condenado e executado (cf. 2Tm 1,8).
Pedro e Paulo eram membros de comunidades cristãs, e o vínculo entre a comunidade e seus líderes presos se mostra de um modo comovente no relato dos Atos dos Apóstolos. “Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja orava continuamente por ele.” Um pouco antes, quando Pedro e João haviam sido liberados da prisão, a comunidade pedia em oração: “Agora, Senhor, olha as ameaças que fazem, e concede que teus servos anunciem corajosamente a tua Palavra” (At 4,29). Diante da perseguição, as comunidades pedem coragem, e não tranquilidade. O que as sustenta é o encontro com Deus em Jesus Cristo.
No terceiro bloco narrativo de Mateus (11,2-16,20), Jesus faz uma pergunta decisiva: “Quem sou eu para vocês?” Na voz de Pedro, esta é a primeira vez que um discípulo o reconhece e proclama Messias. Porém, mesmo sem rejeitar a confissão de Pedro e dos demais discípulos, Jesus prefere falar de si mesmo como Filho do Homem, e não como Filho de Deus (cf. Mt 11,19; 12,8; 12,32), acentuando assim seus vínculos com a humanidade. Isso significa que somente quem está aberto e sintonizado com a lógica e a vontade de Deus pode reconhecer a presença de Deus nas ações e palavras deste filho da humanidade e irmão de todos os seres humanos. Esta é a base sólida sobre a qual Jesus Cristo constrói a comunidade cristã, literalmente, a assembleia dos chamados, e contra a qual nada prevalece.  “Não foi um ser humano que te revelou isso...”
Crer, confiar, partilhar e anunciar: estes são os verbos essenciais da gramática vital dos cristãos. Só chega à meta da caminhada de discípulo/a missionário/a quem conjuga estes verbos em todos os tempos, modos e pessoas. É nesta perspectiva que, escrevendo a Timóteo na cela da prisão, Paulo faz um balanço de sua vida e suas palavras são eloquentes e comoventes: “Chegou o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.” Um pouco antes, havia escrito: “Estou suportando também os sofrimentos presentes, mas não me envergonho. Sei em quem acreditei” (2Tm 1,12).
Jesus de Nazaré, filho de Deus e filho da humanidade! A glória dos teus discípulos/as e santos/as não vem dos milagres ou das honras e aplausos encomendados, mas do teu Pai, o Deus vivo. É por isso que os humildes que os vêm podem se alegrar. Quem te reconhece como Filho de Deus encarnado na humanidade não está livre das dificuldades, mas sabe que “o anjo de Deus acampa em volta dos que o temem”. Por isso, feliz a pessoa que nele crê e espera: viverá firme como quem vê o invisível. São Pedro e São Paulo, testemunhas, evangelizadores e dirigentes da primeira hora, roguem por nós! Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf
Atos dos Apóstolos 12,1-11 | Salmo 33 (34)
Segunda Carta de Paulo a Timóteo 4,6-8.17-18|Evangelho de São Mateus 16,13-19

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