Pedro e Paulo: discípulos de Jesus e testemunhas do Reino!
Com a festa dos
apóstolos Pedro e Paulo estamos fechando o ciclo das festas juninas, marcado pela
memórias de santos populares. Pedro é o primeiro líder dos cristãos,
reconhecido como o principal no grupo dos Doze, e Paulo é o apóstolo e
evangelizador dos povos. Ambos por crises e dificuldades, provaram a prisão e
sofreram o martírio. Eles fazem parte daquela ‘nuvem de testemunhas’ da qual
fala a Carta aos Hebreus (12,1): viveram e morreram firmes na fé, seduzidos e
guiados pela visão do invisível.
Os Atos dos Apóstolos
nos lembra que Pedro, nosso ‘primeiro Papa’, foi presidiário! As chaves
prometidas por Jesus Cristo não serviram para abrir as algemas e a porta que
prenderam Pedro! Ele estava imerso na penumbra do abandono quando uma luz
iluminou a cela, uma mão tocou seu ombro e uma voz ordenou que se levantasse
depressa. As algemas que o prendiam caíram no chão, os guardas que vigiavam não
viram nada, e a porta que separava a cela da cidade se abriu sozinha.
Depois de ter sido um
fariseu zeloso e violento, e acumulado muitos méritos e honras por causa disso,
Paulo foi conquistado por Jesus Cristo e, diante do bem supremo desta acolhida
gratuita e imerecida, considerou tudo o mais como lixo e déficit na
contabilidade da vida (cf. Fil 3,1-14) e se lançou incansavelmente no anúncio
desta boa notícia. Como muitos outros da sua geração, foi denunciado, perseguido,
encarcerado e finalmente executado. Ele assimilou o que Jesus dissera ao enviar
os Doze: “Não tenham medo de nada!”
Mas ninguém conseguiu
colocar sob algemas aquilo que fazia de Paulo um homem livre: a Boa Notícia de
Jesus Cristo. “Por ele, eu tenho sofrido até ser acorrentado como um malfeitor.
Mas a Palavra de Deus não está acorrentada” (2Tm 2,9). Ele sabia muito bem em
quem colocara sua confiança, não se envergonhava de compartilhar a sorte dos
encarcerados e pedia que ninguém se envergonhasse dele nem de dar testemunho
público de Jesus Cristo, que também havia sido preso, julgado, condenado e
executado (cf. 2Tm 1,8).
Pedro e Paulo eram
membros de comunidades cristãs, e o vínculo entre a comunidade e seus líderes
presos se mostra de um modo comovente no relato dos Atos dos Apóstolos.
“Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja orava continuamente por ele.”
Um pouco antes, quando Pedro e João haviam sido liberados da prisão, a
comunidade pedia em oração: “Agora, Senhor, olha as ameaças que fazem, e
concede que teus servos anunciem corajosamente a tua Palavra” (At 4,29). Diante
da perseguição, as comunidades pedem coragem, e não tranquilidade. O que as
sustenta é o encontro com Deus em Jesus Cristo.
No terceiro bloco
narrativo de Mateus (11,2-16,20), Jesus faz uma pergunta decisiva: “Quem sou eu
para vocês?” Na voz de Pedro, esta é a primeira vez que um discípulo o
reconhece e proclama Messias. Porém, mesmo sem rejeitar a confissão de Pedro e
dos demais discípulos, Jesus prefere falar de si mesmo como Filho do Homem, e
não como Filho de Deus (cf. Mt 11,19; 12,8; 12,32), acentuando assim seus
vínculos com a humanidade. Isso significa que somente quem está aberto e
sintonizado com a lógica e a vontade de Deus pode reconhecer a presença de Deus
nas ações e palavras deste filho da humanidade e irmão de todos os seres
humanos. Esta é a base sólida sobre a qual Jesus Cristo constrói a comunidade
cristã, literalmente, a assembleia dos chamados, e contra a qual nada
prevalece. “Não foi um ser humano que te
revelou isso...”
Crer, confiar,
partilhar e anunciar: estes são os verbos essenciais da gramática vital dos
cristãos. Só chega à meta da caminhada de discípulo/a missionário/a quem
conjuga estes verbos em todos os tempos, modos e pessoas. É nesta perspectiva
que, escrevendo a Timóteo na cela da prisão, Paulo faz um balanço de sua vida e
suas palavras são eloquentes e comoventes: “Chegou o tempo da minha partida.
Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.” Um pouco antes, havia
escrito: “Estou suportando também os sofrimentos presentes, mas não me
envergonho. Sei em quem acreditei” (2Tm 1,12).
Jesus de Nazaré, filho de Deus e filho da humanidade!
A glória dos teus discípulos/as e santos/as não vem dos milagres ou das honras
e aplausos encomendados, mas do teu Pai, o Deus vivo. É por isso que os
humildes que os vêm podem se alegrar. Quem te reconhece como Filho de Deus
encarnado na humanidade não está livre das dificuldades, mas sabe que “o anjo
de Deus acampa em volta dos que o temem”. Por isso, feliz a pessoa que nele crê
e espera: viverá firme como quem vê o invisível. São Pedro e São Paulo,
testemunhas, evangelizadores e dirigentes da primeira hora, roguem por nós!
Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf
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