sexta-feira, 5 de junho de 2020

Leitura Orante do Evangelho (06.06.2020)


Dia 06 de junho | Sábado | 9ª Semana do Tempo Comum
Evangelho segundo Marcos (12,38-44)

A Leitura Orante da Palavra de Deus é um exercício que visa iluminar e fecundar nossa vida cotidiana com a Palavra de Deus. Pode ser feita individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade, inclusive através das redes sociais. Basta combinar a mídia, a forma e o horário.

Em tempos de restrições à convivência e movimentação social, imposição que vem se prolongando mais do que esperávamos e gostaríamos, mas que é necessária, por respeito e cuidado com nosso irmãos e irmãs, a leitura orante é um modo de não reduzir nossa fé à simples assistência de celebrações virtuais e de impedir que seja um tempo estéril.

Os textos propostos e desenvolvidos aqui são aqueles indicados pela Igreja para a liturgia diária. Mas os grupos organizados podem também escolher outros textos, desde que tenham uma sequência, se evite ficar apenas com os textos que agradam mais e se proponha um roteiro.

Que a Palavra de Deus encontre em cada um de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses tempos inesperadamente difíceis – pela pandemia e pela crise generalizada que vivemos em nosso país – produza bons frutos.

(Missionários da Sagrada Família
https://misafala.org/ | Passo Fundo/RS)

(1)   Coloque-se em atitude de oração
·      Escolha um momento adequado e tranquilo/a para a oração
·      Escolha o lugar no qual você se sinta bem
·      Busque uma posição corporal que lhe ajude a concentrar-se
·      Acenda uma vela e tome a bíblia em suas mãos
·      Tome consciência de si mesmo/a e do momento que vivemos
·      Faça silêncio interior e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus
·      Ouça e cante o mantra: Ó Luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em nós! (Acessível em: https://www.youtube.com/watch?v=eK8iGnXsuL8)

(2)   Leia o texto da Palavra de Deus
·      Leia com toda a sua atenção o texto de Marcos 12,38-44
·      Leia o texto em voz alta (se possível)
·      Releia o texto uma ou mais vezes (se necessário)
·      Este texto está situado ambiente da crescente tensão entre Jesus e as autoridades do judaísmo
·      A cena que estamos meditando ocorre no templo, e desmascara a falsa piedade dos doutores da lei ou escribas
·      Aqui Jesus enfrenta com indignação a exploração dos mais vulneráveis em nome da fé
·      Feche a bíblia e responda: O que este trecho da Palavra de Deus diz em si mesmo?

(3)   Medite a Palavra de Deus
·      Reconstrua o cenário do texto, incluindo a si mesmo/a na cena
·      Situe-se dentro da cena, no templo, com Jesus e os escribas
·      Observe, com Jesus e os discípulos, a descarada ostentação dos ricos e piedosos, que com suas migalhas disfarçam e legitimam o que acumulam injustamente
·      Perceba a coragem de Jesus ao desmascarar e acusar os doutores da lei: “Tomai cuidado com eles!”
·      Fique atento/a ao que esta palavra e esta atitude de Jesus desperta em você
·      Saboreie interiormente aquilo que mais ressoa ou atrai você
·      Procure perceber: O que a Palavra de Deus diz a você hoje?
·      Acolha serenamente a mensagem que o texto transmite a você

(4)   Reze com o texto lido e meditado
·      Tome consciência de que este texto é Palavra de Deus
·      Como Deus iniciou o diálogo, e agora é sua vez de falar
·      Não mude de assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus
·      Permita que o próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta
·      Não se preocupe com raciocínios e frases bem articuladas
·      Tome consciência de suas possíveis atitudes de piedade ostentada, de legitimação religiosa da exploração, e suplique a misericórdia de Jesus, e a graça de mudar
·      Tome consciência também das suas atitudes e decisões corajosos para desmascarar falsos benfeitores e defender as vítimas
·      Procure perceber o que a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus?

(5)   Contemple a vida à luz da Palavra
·      Procure contemplar a realidade do mundo com o olhar de Deus
·      Busque meios para colocar em prática o que Deus lhe fala
·      O que fazer para que nossa fé seja lúcida e perspicaz, capaz de perceber e se opor a toda forma de exploração e enrolação, disfarçada ou explícita?
·      O que precisamos mudar na imagem de Jesus que veiculamos em nossos cânticos, nossa catequese, nas imagens que divulgamos e nas pregações que fazemos?
·      Perceba o que você precisa mudar a partir dessa meditação
·      Responda: O que Deus está pedindo que eu mude ou faça?
·      Assuma um compromisso pessoal de conversão e mudança

(6)   Retorne à vida cotidiana
·      Se considerar conveniente, leia, na página seguinte, o subsídio proposto para ajudar na compreensão do texto lido
·      Recite o Pai Nosso e a Ave Maria, ou faça uma oração pessoal que resuma a experiência de oração desse dia.
·      Recite ou cante a invocação: Jesus, Maria e José: acolhei-nos, iluminai-nos e ajudai-nos!
·      Ouça e cante o mantra: A Palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração! (Acessível em: https://www.youtube.com/watch?v=70ikIPVilyM)
·      Apague a vela, guarde a Bíblia e conclua seu tempo de oração
SUBSÍDIO
Depois de calar seus adversários e desmascarar a ideologia nacionalista e triunfalista dos que pregavam a restauração messiânica do império de Davi, Jesus continua por algum tempo no templo. Ele ensina as multidões e os seus discípulos, e se mostra implacável com os mestres ou doutores da Lei. Para Jesus, eles estão muito longe da novidade ética e religiosa do Reino de Deus!
Jesus começa pedindo ao povo que se cuide dos doutores da Lei: eles buscam apenas e sempre distinção, status e privilégios, enquanto que Jesus propõe o lugar do servo e do último. Por causa da aparência de piedade, eles haviam conseguido o direito legal de cuidar da herança das viúvas, e eram pagos para fazer isso. Entretanto, eles acabavam “devorando” os bens que pertencia a elas, fazendo o contrário do que pedia a própria Lei: proteger os órfãos e as viúvas.
Mas não é apenas isso. O próprio templo, que Jesus pede que seja lugar de oração, acaba sendo uma estrutura que empobrece ainda mais o povo já ferido e explorado. E Jesus não aceita isso. Sentado, diante do cofre das esmolas, ele observa como os ricos publicam suas ofertas, que são enganosas, e como a viúva é explorada, obrigada a dar mais que eles, a dar “tudo o que possuía para viver”. Esta cena não propõe um elogio, mas um lamento!
Se lemos com atenção, Jesus não compara a esmola dos ricos com a “oferta” que a viúva é obrigada a dar, mas ilustra aos seus discípulos como os doutores da Lei agem para “devorar” as casas das viúvas. A piedade ostentada pelos escribas é um véu que esconde oportunismo e exploração. A passagem não quer apresentar um exemplo, mas fazer ressoar um lamento. É por isso que, depois de chamar os discípulos e criticar a exploração travestida de piedade, Jesus deixa definitivamente o templo.
 (Itacir Brassiani msf)

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