quarta-feira, 10 de junho de 2020

Leitura Orante do Evangelho - Corpus Christi (11.06.2020)


Dia 11 de junho | Quinta-feira | Solenidade de Corpus Christi
Evangelho segundo João (6,51-58)

A Leitura Orante da Palavra de Deus é um exercício que visa iluminar e fecundar nossa vida cotidiana com a Palavra de Deus. Pode ser feita individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade, inclusive através das redes sociais. Basta combinar a mídia, a forma e o horário.

Em tempos de restrições à convivência e movimentação social, imposição que vem se prolongando mais do que esperávamos e gostaríamos, mas que é necessária, por respeito e cuidado com nosso irmãos e irmãs, a leitura orante é um modo de não reduzir nossa fé à simples assistência de celebrações virtuais e de impedir que seja um tempo estéril.

Os textos propostos e desenvolvidos aqui são aqueles indicados pela Igreja para a liturgia diária. Mas os grupos organizados podem também escolher outros textos, desde que tenham uma sequência, se evite ficar apenas com os textos que agradam mais e se proponha um roteiro.

Que a Palavra de Deus encontre em cada um de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses tempos inesperadamente difíceis – pela pandemia e pela crise generalizada que vivemos em nosso país – produza bons frutos.

(Missionários da Sagrada Família
https://misafala.org/ | Passo Fundo/RS)

(1)   Coloque-se em atitude de oração
·      Escolha um momento adequado e tranquilo/a para a oração
·      Escolha o lugar no qual você se sinta bem
·      Busque uma posição corporal que lhe ajude a concentrar-se
·      Acenda uma vela e tome a bíblia em suas mãos
·      Tome consciência de si mesmo/a e do momento que vivemos
·      Faça silêncio interior e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus
·      Reze, repetindo várias vezes: Senhor, eu não sou digno que entres em minha casa, mas diz uma Palavra e isso me basta!
·      Ou ouça e cante o mantra: Deus seja louvado no pão partilhado! No pão partilhado, Deus seja louvado! (Clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=YnBxmvilC-Y)

(2)   Leia o texto da Palavra de Deus
·      Leia com toda a atenção o texto de João 6,51-58
·      Leia o texto em voz alta (se possível)
·      Releia o texto uma ou mais vezes (se necessário)
·      O texto é parte da catequese de Jesus sobre o pão que dá vida, depois da multiplicação do pão e dos peixes
·      Sugerido para a solenidade de Corpus Christi, o texto pretende oferecer uma luz específica para compreender a Eucaristia
·      Feche a bíblia e responda: O que este trecho da Palavra de Deus diz em si mesmo?

(3)   Medite a Palavra de Deus
·      Reconstrua o cenário do texto, incluindo a si mesmo/a na cena
·      Acolha e deixe ressoar em você o ensino de Jesus em relação à Lei e aos costumes judaicos e o caminho para a vida plena
·      Que luzes esta catequese de Jesus nos oferece para a correta compreensão do mistério da eucaristia?
·      O que fazer para não separar a Eucaristia na ação concreta de Jesus e com a missão de reconciliar e fraternizar o mundo?
·      Como passar da ideia de uma “hóstia branca” presa no sacrário ou exposta no ostensório para um Jesus preso e confinado nas casas, nos presídios, nas periferias?
·      Saboreie interiormente aquilo que mais ressoa ou atrai você
·      Procure perceber: O que a Palavra de Deus diz a você hoje?
·      Acolha serenamente a mensagem que o texto transmite a você

(4)   Reze com o texto lido e meditado
·      Tome consciência de que este texto é Palavra de Deus
·      Como Deus iniciou o diálogo, e agora é sua vez de falar
·      Não mude de assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus
·      Permita que o próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta
·      Não se preocupe com raciocínios e frases bem articuladas
·      Fale com Jesus, e peça dele a graça de ser “infectado/a” pelo “vírus” da compaixão e da comunhão, para viver intensamente sua paixão por Deus e pelo mundo
·      Procure perceber o que a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus?

(5)   Contemple a vida à luz da Palavra
·      Procure contemplar a realidade do mundo com o olhar de Deus
·      Busque meios para colocar em prática o que Deus lhe fala
·      O que fazer para que a Igreja seja mais como uma mesa acolhedora e fraterna que um “self servisse” de sacramentos e um refúgio para as pessoas indiferentes e pouco humanas?
·      Perceba o que você precisa mudar a partir dessa meditação
·      Responda: O que Deus está pedindo que eu mude ou faça?
·      Assuma um compromisso pessoal de conversão e mudança

(6)   Retorne à vida cotidiana
·      Se considerar conveniente, leia, na página seguinte, o subsídio proposto para ajudar na compreensão do texto lido
·      Recite o Pai Nosso e a Ave Maria, ou faça uma oração pessoal que resuma a experiência de oração desse dia.
·      Recite ou cante a invocação: Jesus, Maria e José: acolhei-nos, iluminai-nos e ajudai-nos!
·      Medite a sequência de Corpus Christi (Clique aqui: https://www.youtube.com/watch?time_continue=4&v=Lo0VRMERbPc&feature=emb_title)
·      Apague a vela, guarde a Bíblia e conclua seu tempo de oração
“Hoje a Igreja te convida: ao pão vivo que dá vida vem com ela celebrar! O que o Cristo faz na ceia, manda a Igreja que o rodeia repeti-lo até voltar. Alimento verdadeiro, permanece o Cristo inteiro quer no vinho, quer no pão. É por todos recebido, não em parte ou dividido, pois inteiro é que se dá.”

SUBSÍDIO

Nos versículos da catequese de Jesus sobre o Pão da Vida propostos para a Solenidade de Corpus Christi, o diálogo de Jesus se desloca das multidões para os líderes do judaísmo. No centro, está a questão do caminho que para a vida plena e abundante: é a Lei (o ditado de Deus) ou a pessoa ou a humanidade de Jesus (o enviado do Pai)?

Para o judaísmo, Lei era conjunto de valores e práticas (atitudes, mandamentos, proibições) que garantiam que uma pessoa fosse boa, ou seja, asseguravam a salvação. É o que hoje chamamos de ideologia: o conjunto de fins e meios, valores e práticas que nos tornam “pessoas de bem”: “cada um pra si”; “quem pode mais chora menos”; “direitos humanos são para os humanos direitos”; etc.

Os líderes do judaísmo consideraram incompreensível e inaceitável que Jesus, em sua concretude e fragilidade (carne e sangue) pudesse ser este caminho. Para eles, não existia outro caminho senão o poder, a separação, a supremacia de uns sobre outros, a distância em relação àqueles “que não rezam pela sua cartilha”, enfim, a Lei.

Jesus insiste que não há outro caminho para a vida abundante que não seja a assimilação da compaixão que nos faz irmãos e servidores da humanidade, a ponto de dar a própria vida. Isso fica claro na expressão “carne e sangue”, que Jesus repete cinco vezes nesse breve texto. Na sua paixão, ele dá seu corpo e sangue e se torna pão para a vida do mundo.

Assim, Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai para dar vida ao mundo, o Filho do Homem que encarna a compaixão de Deus, supera a Lei. O amor incondicional vivido por Jesus e assimilado pelos discípulos o que dá vida ao mundo. Quem come deste pão, viverá eternamente. É disso que a Eucaristia é sacramento! É diante desse mistério que nossos joelhos se dobram e nossos lábios cantam.
 (Itacir Brassiani msf)

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