Dia 03
de junho | Quarta-feira | 9ª Semana do Tempo Comum
Evangelho segundo Marcos (12,18-27)
A Leitura Orante da Palavra de Deus é um exercício
que visa iluminar e fecundar nossa vida cotidiana com a Palavra de Deus. Pode
ser feita individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade, inclusive através das redes sociais.
Basta combinar a mídia, a forma e o horário.
Em tempos de restrições à convivência e movimentação social,
imposição que vem se prolongando mais do que esperávamos e gostaríamos, mas que
é necessária, por respeito e cuidado com nosso irmãos e irmãs, a leitura orante
é um modo de não reduzir nossa fé à simples assistência de celebrações virtuais
e de impedir que seja um tempo estéril.
Os textos propostos
e desenvolvidos aqui são aqueles indicados
pela Igreja para a liturgia diária. Mas os grupos organizados podem também
escolher outros textos, desde que tenham uma sequência, se evite ficar apenas
com os textos que agradam mais e se proponha um roteiro.
Que a Palavra de Deus encontre em cada
um de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses
tempos inesperadamente difíceis – pela pandemia e pela crise generalizada
que vivemos em nosso país – produza bons
frutos.
(Missionários da Sagrada
Família
(1) Coloque-se em
atitude de oração
· Escolha um momento
adequado e tranquilo/a para a oração
· Escolha o lugar no
qual você se sinta bem
· Busque uma posição
corporal que lhe ajude a concentrar-se
· Acenda uma vela e
tome a bíblia em suas mãos
· Tome consciência
de si mesmo/a e do momento que vivemos
· Faça silêncio
interior e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus
· Ouça e cante o
mantra: Ó Luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em
nós! (Acessível em: https://www.youtube.com/watch?v=eK8iGnXsuL8)
(2)
Leia o texto da Palavra de Deus
· Leia com toda a
sua atenção o texto de Marcos 12,18-27
· Leia o texto em
voz alta (se possível)
· Releia o texto uma
ou mais vezes (se necessário)
· Este texto está situado literariamente no contexto da
crescente tensão entre Jesus e as autoridades do judaísmo, especialmente os
fariseus e os saduceus
· Esta cena e a palavra de Jesus estão focados na
superação das relações patriarcais e de garantia de herança
· É uma advertência àqueles/as que fazem leituras e
interpretações ideológicas das escrituras em vista de manter as estruturas de
dominação e exclusão
· Feche a bíblia e
responda: O que este trecho da Palavra de Deus diz em si mesmo?
(3) Medite a Palavra de
Deus
· Reconstrua o
cenário do texto, incluindo a si mesmo/a na cena
· Situe-se no interior da cena, diante de Jesus e em
meio aos saduceus e seus mal disfarçados interesses
· Você consegue perceber hoje, por detrás dos discursos
ortodoxos que defendem a família tradicional, interesses ideológicos e projetos
de violência e exclusão?
· Estaríamos nós sendo tentados a uma identificação
cômoda do Evangelho com o patriarcalismo e com o capitalismo?
· Fique atento/a ao
que esta palavra desperta em você
· Saboreie
interiormente aquilo que mais ressoa ou atrai você
· Procure perceber: O que
a Palavra de Deus diz a você hoje?
· Acolha serenamente
a mensagem que o texto transmite a você
(4) Reze com o texto
lido e meditado
· Tome consciência
de que este texto é Palavra de Deus
· Como Deus iniciou
o diálogo, e agora é sua vez de falar
· Não mude de
assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus
· Permita que o
próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta
· Não se preocupe
com raciocínios e frases bem articuladas
· Procure perceber o que
a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus?
(5) Contemple a vida à
luz da Palavra
· Procure contemplar
a realidade do mundo com o olhar de Deus
· Busque meios para
colocar em prática o que Deus lhe fala
· Quais são as atitudes e práticas que revelam a
conivência de setores e Igrejas cristãs com projetos de dominação e acúmulo?
· Como a Palavra e a ação de Jesus podem nos inspirar,
guiar e sustentar numa prática de valorização e respeito às mulheres, mesmo em
tempos de distanciamento social e de uma espécie de “luta de deuses”?
· Perceba o que você
precisa mudar a partir dessa meditação
· Responda: O que
Deus está pedindo que eu mude ou faça?
· Assuma um
compromisso pessoal de conversão e mudança
(6) Retorne à vida
cotidiana
· Se considerar
conveniente, leia, na página seguinte, o subsídio proposto para ajudar na
compreensão do texto lido
· Recite o Pai Nosso
e a Ave Maria, ou faça uma oração pessoal que resuma a experiência de oração
desse dia.
· Recite ou cante a
invocação: Jesus, Maria e José: acolhei-nos, iluminai-nos e ajudai-nos!
· Ouça e cante o
mantra: A Palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração! (Acessível
em: https://www.youtube.com/watch?v=70ikIPVilyM)
· Apague a vela,
guarde a Bíblia e conclua seu tempo de oração
“Deus não nos deu um
espírito de timidez mas de fortaleza, amor e sobriedade. Não te envergonhes do
testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo
Evangelho, fortificado pelo poder de Deus”
(1Tm 1,7-8).
SUBSÍDIO
Depois da armadilha apresentada a Jesus pelos
fariseus e herodianos, hoje é a vez dos saduceus. Trata-se de um grupo social
composto pela aristocracia sacerdotal e leiga, gente que detém o poder
econômico, político e religioso e divulga uma ideologia conservadora e
pragmática. Em geral, são aliados dos invasores romanos.
Atenção, porque podemos nos enganar pensando que os
saduceus estão interessados em discutir com Jesus sobre a ressurreição, que
eles negavam. Na verdade, estão interessados na manutenção da posse dos bens
(mediante a descendência) e da família patriarcal. Na história ridícula que eles
imaginam não há um pingo de preocupação com a figura da mulher, ferida pela
esterilidade, que eles consideravam uma maldição. O problema deles não era moral
ou teológico, mas econômico.
Chama a atenção a repetida afirmação de Jesus de
que eles estão enganados, que não sabem ler nem interpretar as escrituras. E
isso obviamente não se refere apenas à ressurreição dos mortos, mas também à
leitura ideológica e interesseira das escrituras para defender o patriarcalismo
e o patrimonialismo. Para Jesus, a ressurreição, que eles não querem aceitar, é
a afirmação das relações novas e igualitárias. Deus se recusa a perpetuar as
relações desiguais do patriarcado!
Jesus recoloca a centralidade da libertação e do
respeito à dignidade das pessoas no centro da revelação. Deus é o Deus dos
vivos, dos humanos, dos iguais, do homem e da mulher que se unem e formam uma
só carne, sem predomínio de um sobre o outro. E são chamados a colaborar com a
obra criadora e libertadora de Deus, cuidando da criação e das gerações humanas,
deixando em segundo plano a propriedade e a herança. No projeto de Deus não há
espaço para o patriarcalismo nem para o patrimonialismo.
(Itacir
Brassiani msf)
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