quinta-feira, 11 de junho de 2020

Leitura Orante do Evangelho (12.06.2020)


Dia 12 de junho | Sexta-feira | 10ª Semana do Tempo Comum
Evangelho segundo Mateus (5,27-32)

A Leitura Orante da Palavra de Deus é um exercício que visa iluminar e fecundar nossa vida cotidiana com a Palavra de Deus. Pode ser feita individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade, inclusive através das redes sociais. Basta combinar a mídia, a forma e o horário.

Em tempos de restrições à convivência e movimentação social, imposição que vem se prolongando mais do que esperávamos e gostaríamos, mas que é necessária, por respeito e cuidado com nosso irmãos e irmãs, a leitura orante é um modo de não reduzir nossa fé à simples assistência de celebrações virtuais e de impedir que seja um tempo estéril.

Os textos propostos e desenvolvidos aqui são aqueles indicados pela Igreja para a liturgia diária. Mas os grupos organizados podem também escolher outros textos, desde que tenham uma sequência, se evite ficar apenas com os textos que agradam mais e se proponha um roteiro.

Que a Palavra de Deus encontre em cada um de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses tempos inesperadamente difíceis – pela pandemia e pela crise generalizada que vivemos em nosso país – produza bons frutos.

(Missionários da Sagrada Família
https://misafala.org/ | Passo Fundo/RS)

(1)   Coloque-se em atitude de oração
·      Escolha um momento adequado e tranquilo/a para a oração
·      Escolha o lugar no qual você se sinta bem
·      Busque uma posição corporal que lhe ajude a concentrar-se
·      Acenda uma vela e tome a bíblia em suas mãos
·      Tome consciência de si mesmo/a e do momento que vivemos
·      Faça silêncio interior e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus
·      Reze, repetindo várias vezes: Senhor, eu não sou digno que entres em minha casa, mas diz uma Palavra e isso me basta!
·      Ou ouça e cante o mantra: Ó luz do Senhor, que vem sobre a terra: inunda meu ser, permanece em nós! (Clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=WvGW83JfnyM)

(2)   Leia o texto da Palavra de Deus
·      Leia com toda a atenção o texto de Mateus 5,27-32
·      Leia o texto em voz alta (se possível)
·      Releia o texto uma ou mais vezes (se necessário)
·      Estamos no início da missão de Jesus, da sua intervenção na formação dos discípulos/as na perspectiva do Reino de Deus
·      Jesus inaugura uma postura inovadora em relação às leis e costumes do judaísmo, e ensina o mesmo aos seus discípulos/as
·      Hoje, no dia dos namorados, ele apresenta seu ensino inovador sobre a relação entre homem e mulher
·      Feche a bíblia e responda: O que este trecho da Palavra de Deus diz em si mesmo?

(3)   Medite a Palavra de Deus
·      Reconstrua o cenário do texto, incluindo a si mesmo/a na cena
·      Acolha e deixe ressoar em você este segundo e terceiros exemplos sobre como dar pleno cumprimento ao que a Lei diz
·      Há quem pense e ensine que denunciar o machismo, o patriarcalismo e o racismo é querer dirigir a vida olhando apenas no retrovisor: você acha que isso é coisa do passado?
·      Você percebe resquícios ou práticas de machismo e dominação masculina na Igreja e na sociedade?
·      Saboreie interiormente aquilo que mais ressoa ou atrai você
·      Procure perceber: O que a Palavra de Deus diz a você hoje?
·      Acolha serenamente a mensagem que o texto transmite a você

(4)   Reze com o texto lido e meditado
·      Tome consciência de que este texto é Palavra de Deus
·      Como Deus iniciou o diálogo, e agora é sua vez de falar
·      Não mude de assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus
·      Permita que o próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta
·      Não se preocupe com raciocínios e frases bem articuladas
·      Peça que Jesus lhe ensine e transmita o seu olhar, íntegro, transparente, livre do desejo predador de possuir e dominar
·      Procure perceber o que a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus?

(5)   Contemple a vida à luz da Palavra
·      Procure contemplar a realidade do mundo com o olhar de Deus
·      Busque meios para colocar em prática o que Deus lhe fala
·      Que passos nossas Igrejas, especialmente as comunidades, precisam dar para não manter ou criar novos aparatos que separam e discriminam e instrumentalizam as mulheres?
·      O que fazer para que, também nisso, a Igreja seja mais como um hospital de campanha que como uma alfândega?
·      Perceba o que você precisa mudar a partir dessa meditação
·      Responda: O que Deus está pedindo que eu mude ou faça?
·      Assuma um compromisso pessoal de conversão e mudança

(6)   Retorne à vida cotidiana
·      Se considerar conveniente, leia, na página seguinte, o subsídio proposto para ajudar na compreensão do texto lido
·      Recite o Pai Nosso e a Ave Maria, ou faça uma oração pessoal que resuma a experiência de oração desse dia.
·      Recite ou cante a invocação: Jesus, Maria e José: acolhei-nos, iluminai-nos e ajudai-nos!
·      Ouça e cante o mantra: Louvarei a Deus, seu nome bendizendo! Louvarei a Deus, à vida nos conduz! (Clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=-aYxTsYWn5Q)
·      Apague a vela, guarde a Bíblia e conclua seu tempo de oração

“Duplamente pobres são as mulheres que padecem situações de exclusão, maus-tratos e violência, porque frequentemente têm menores possibilidades de defender os seus direitos. Porém também entre elas encontramos os mais admiráveis gestos de heroísmo quotidiano na defesa e cuidado da fragilidade das suas famílias.” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 212)

SUBSÍDIO
Já vimos que a comunidade cristã deve ler e interpretar a Sagrada Escritura relacionando-a com o que Jesus fez e disse. Jesus é a chave de leitura da Bíblia! E ele disse que não é sua pretensão abolir as Escrituras, mas desmascarar as compreensões falsas, interesseiras e parciais. Ele nos dá uma série de exemplos da sua releitura crítica e libertadora, e hoje meditaremos sobre as relações de gênero no ambiente doméstico.
Sem negar a lei que regulava as situações nas quais o divórcio poderia ser feito, Jesus interpreta de modo inovador a lei antiga e chama a atenção para algo mais profundo, anterior e interior ao próprio divórcio: o olhar predador, cobiçoso e utilitário do homem sobre a mulher. No seu ensino, Jesus critica e reprova a cultura machista e patriarcal que faz concessões ilimitadas aos homens e menospreza e pune violentamente as mulheres.
Na verdade, a licença de se divorciar, concedida pela Lei judaica apenas aos homens e em situações bem precisas, era alargada de modo quase ilimitado pelos doutores da Lei. As mulheres eram maltratadas, e com o amparo e a bênção da lei e dos seus pregadores! Para alguns deles, qualquer motivo, até uma refeição mal preparada, era suficiente para o marido “despachar” a pobre mulher. Nas mãos deles, o documento de divórcio, que originalmente dava uma certa proteção à mulher, acaba sendo se transformando numa violência contra elas.
Com sua releitura “daquilo que foi dito aos antigos”, Jesus põe um limite no poder ilimitado do homem sobre a mulher. Como aqueles que dizem: “eu não sei porque bato na mulher, mas ela sabe porque apanha”; ou: “eu não te estupro porque você não merece!” Jesus reprova estas relações de dominação, mesmo quando aceitas pela cultura dominante, e nos propõe um novo modo de olhar a mulher.
 (Itacir Brassiani msf)

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