Dia 02
de junho | Terça-feira | 9ª Semana do Tempo Comum
Evangelho segundo Marcos (12,13-17)
A Leitura Orante da Palavra de Deus é um exercício
que visa iluminar e fecundar nossa vida cotidiana com a Palavra de Deus. Pode
ser feita individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade, inclusive através das redes sociais.
Basta combinar a mídia, a forma e o horário.
Em tempos de restrições à convivência e movimentação social,
imposição que vem se prolongando mais do que esperávamos e gostaríamos, mas que
é necessária, por respeito e cuidado com nosso irmãos e irmãs, a leitura orante
é um modo de não reduzir nossa fé à simples assistência de celebrações virtuais
e de impedir que seja um tempo estéril.
Os textos propostos
e desenvolvidos aqui são aqueles indicados
pela Igreja para a liturgia diária. Mas os grupos organizados podem também
escolher outros textos, desde que tenham uma sequência, se evite ficar apenas
com os textos que agradam mais e se proponha um roteiro.
Que a Palavra de Deus encontre em cada
um de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses
tempos inesperadamente difíceis – pela pandemia e pela crise generalizada
que vivemos em nosso país – produza bons
frutos.
(Missionários da Sagrada
Família
(1) Coloque-se em
atitude de oração
· Escolha um momento
adequado e tranquilo/a para a oração
· Escolha o lugar no
qual você se sinta bem
· Busque uma posição
corporal que lhe ajude a concentrar-se
· Acenda uma vela e
tome a bíblia em suas mãos
· Tome consciência
de si mesmo/a e do momento que vivemos
· Faça silêncio interior
e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus
· Ouça e cante o
mantra: Ó Luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em
nós! (Acessível em: https://www.youtube.com/watch?v=eK8iGnXsuL8)
(2)
Leia o texto da Palavra de Deus
· Leia com toda a
sua atenção o texto de Marcos 12,13-17
· Leia o texto em
voz alta (se possível)
· Releia o texto uma
ou mais vezes (se necessário)
· Este texto está situado literariamente no contexto da
crescente tensão entre Jesus e as autoridades do judaísmo, especialmente os
fariseus e os saduceus
· Esta cena não está focada, como entendem alguns, na
separação entre fé e política, mas é uma deslegitimação do império romano e
suas práticas de dominação
· Ao mesmo tempo, é uma advertência à acomodação e
colaboração de alguns grupos judeus ao império romano
· Feche a bíblia e
responda: O que este trecho da Palavra de Deus diz em si mesmo?
(3) Medite a Palavra de
Deus
· Reconstrua o cenário
do texto, incluindo a si mesmo/a na cena
· Situe-se no interior da cena, diante de Jesus e em
meio aos discípulos/ aos herodianos e fariseus
· Será que também os cristãos no Brasil de hoje não se
sentem tentados a “casar” o Evangelho de Jesus com o apoio a regimes
autoritários, a propostas que excluem, a práticas de dominação, a projetos
armamentistas e violentos?
· Estaríamos nós sendo tentados a uma identificação
cômoda e covarde com o projeto autoritário, antidemocrático e antissocial ou a
sermos taxados de rebeldes e de não amar o Brasil?
· Fique atento/a ao
que esta palavra desperta em você
· Saboreie
interiormente aquilo que mais ressoa ou atrai você
· Procure perceber: O que
a Palavra de Deus diz a você hoje?
· Acolha serenamente
a mensagem que o texto transmite a você
(4) Reze com o texto
lido e meditado
· Tome consciência
de que este texto é Palavra de Deus
· Como Deus iniciou
o diálogo, e agora é sua vez de falar
· Não mude de
assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus
· Permita que o
próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta
· Não se preocupe
com raciocínios e frases bem articuladas
· Procure perceber o que
a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus?
(5) Contemple a vida à
luz da Palavra
· Procure contemplar
a realidade do mundo com o olhar de Deus
· Busque meios para
colocar em prática o que Deus lhe fala
· Quais são as atitudes e práticas que denunciam a
conivência de setores cristãos com projetos de dominação e tirania no momento
atual do Brasil?
· Como a Palavra e a ação de Jesus podem nos inspirar,
guiar e sustentar numa prática alternativa, mesmo em tempos de distanciamento
social?
· Perceba o que você
precisa mudar a partir dessa meditação
· Responda: O que
Deus está pedindo que eu mude ou faça?
· Assuma um
compromisso pessoal de conversão e mudança
(6) Retorne à vida
cotidiana
· Se considerar
conveniente, leia, na página seguinte, o subsídio proposto para ajudar na
compreensão do texto lido
· Recite o Pai Nosso
e a Ave Maria, ou faça uma oração pessoal que resuma a experiência de oração
desse dia.
· Recite ou cante a
invocação: Jesus, Maria e José: acolhei-nos, iluminai-nos e ajudai-nos!
· Ouça e cante o
mantra: A Palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração! (Acessível
em: https://www.youtube.com/watch?v=70ikIPVilyM)
· Apague a vela,
guarde a Bíblia e conclua seu tempo de oração
SUBSÍDIO
A solenidade de Pentecostes fechou o ciclo
litúrgico da páscoa, e iniciamos o ciclo do tempo comum. Este tempo não tem
nada de “comum”, pois é o tempo da encarnação do mistério do Reino de Deus na
vida cotidiana. Assim, voltamos ao evangelho segundo Marcos, deixado de lado no
início da quaresma. Nosso texto está situado na segunda parte do evangelho, que
discorre como seguir Jesus.
O contexto literário é o confronto de Jesus com as
autoridades que se aninham no templo e colaboram com o imperialismo de Roma.
Fariseus e herodianos vigiam Jesus, atrás de motivos para acusá-lo. Usam a
bajulação, mas a pergunta é uma armadilha: respondendo, Jesus poderá se colocar
entre os colaboradores do império colonialista ou se juntar aos grupos subversivos.
Jesus deixa claro que submeter-se ao imperialismo
romano ou rebelar-se contra ele não é um problema seu, mas dos fariseus e
herodianos. Eles é que carregam moedas com a efígie e a inscrição do império, e
aceitam tacitamente seu domínio e sua pretensão de ser divino. Eles é que
titubeiam entre servir a Deus e servir ao imperador, e precisam decidir a quem
servem. Para Jesus, o povo e o território da Palestina pertencem a Deus, e não
a César!
Longe de propor uma separação entre política e
religião, Jesus exige uma decisão política dos/as discípulos/as: submeter-se ao
dominador de plantão e usufruir de suas benesses, ou seguir Jesus na defesa da
dignidade de todas pessoas e participar do seu destino; servir ao império
romano e seus marionetes ou a Deus e seu Reino. A prática e o ensino de Jesus
deixam clara a proposta de Jesus.
Devolver
a César o que é dele significa dizer com clareza quem é idólatra e oprime, e
fazer caminho com Jesus, que que conduz os oprimidos à liberdade, à
solidariedade e à vida. E esta é uma opção também política.
(Itacir
Brassiani msf)
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