segunda-feira, 1 de junho de 2020

Leitura Orante do Evangelho (02.06.2020)


Dia 02 de junho | Terça-feira | 9ª Semana do Tempo Comum
Evangelho segundo Marcos (12,13-17)

A Leitura Orante da Palavra de Deus é um exercício que visa iluminar e fecundar nossa vida cotidiana com a Palavra de Deus. Pode ser feita individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade, inclusive através das redes sociais. Basta combinar a mídia, a forma e o horário.

Em tempos de restrições à convivência e movimentação social, imposição que vem se prolongando mais do que esperávamos e gostaríamos, mas que é necessária, por respeito e cuidado com nosso irmãos e irmãs, a leitura orante é um modo de não reduzir nossa fé à simples assistência de celebrações virtuais e de impedir que seja um tempo estéril.

Os textos propostos e desenvolvidos aqui são aqueles indicados pela Igreja para a liturgia diária. Mas os grupos organizados podem também escolher outros textos, desde que tenham uma sequência, se evite ficar apenas com os textos que agradam mais e se proponha um roteiro.

Que a Palavra de Deus encontre em cada um de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses tempos inesperadamente difíceis – pela pandemia e pela crise generalizada que vivemos em nosso país – produza bons frutos.

(Missionários da Sagrada Família
https://misafala.org/ | Passo Fundo/RS)

(1)   Coloque-se em atitude de oração
·      Escolha um momento adequado e tranquilo/a para a oração
·      Escolha o lugar no qual você se sinta bem
·      Busque uma posição corporal que lhe ajude a concentrar-se
·      Acenda uma vela e tome a bíblia em suas mãos
·      Tome consciência de si mesmo/a e do momento que vivemos
·      Faça silêncio interior e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus
·      Ouça e cante o mantra: Ó Luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em nós! (Acessível em: https://www.youtube.com/watch?v=eK8iGnXsuL8)

(2)   Leia o texto da Palavra de Deus
·      Leia com toda a sua atenção o texto de Marcos 12,13-17
·      Leia o texto em voz alta (se possível)
·      Releia o texto uma ou mais vezes (se necessário)
·      Este texto está situado literariamente no contexto da crescente tensão entre Jesus e as autoridades do judaísmo, especialmente os fariseus e os saduceus
·      Esta cena não está focada, como entendem alguns, na separação entre fé e política, mas é uma deslegitimação do império romano e suas práticas de dominação
·      Ao mesmo tempo, é uma advertência à acomodação e colaboração de alguns grupos judeus ao império romano
·      Feche a bíblia e responda: O que este trecho da Palavra de Deus diz em si mesmo?

(3)   Medite a Palavra de Deus
·      Reconstrua o cenário do texto, incluindo a si mesmo/a na cena
·      Situe-se no interior da cena, diante de Jesus e em meio aos discípulos/ aos herodianos e fariseus
·      Será que também os cristãos no Brasil de hoje não se sentem tentados a “casar” o Evangelho de Jesus com o apoio a regimes autoritários, a propostas que excluem, a práticas de dominação, a projetos armamentistas e violentos?
·      Estaríamos nós sendo tentados a uma identificação cômoda e covarde com o projeto autoritário, antidemocrático e antissocial ou a sermos taxados de rebeldes e de não amar o Brasil?
·      Fique atento/a ao que esta palavra desperta em você
·      Saboreie interiormente aquilo que mais ressoa ou atrai você
·      Procure perceber: O que a Palavra de Deus diz a você hoje?
·      Acolha serenamente a mensagem que o texto transmite a você

(4)   Reze com o texto lido e meditado
·      Tome consciência de que este texto é Palavra de Deus
·      Como Deus iniciou o diálogo, e agora é sua vez de falar
·      Não mude de assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus
·      Permita que o próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta
·      Não se preocupe com raciocínios e frases bem articuladas
·      Procure perceber o que a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus?

(5)   Contemple a vida à luz da Palavra
·      Procure contemplar a realidade do mundo com o olhar de Deus
·      Busque meios para colocar em prática o que Deus lhe fala
·      Quais são as atitudes e práticas que denunciam a conivência de setores cristãos com projetos de dominação e tirania no momento atual do Brasil?
·      Como a Palavra e a ação de Jesus podem nos inspirar, guiar e sustentar numa prática alternativa, mesmo em tempos de distanciamento social?
·      Perceba o que você precisa mudar a partir dessa meditação
·      Responda: O que Deus está pedindo que eu mude ou faça?
·      Assuma um compromisso pessoal de conversão e mudança

(6)   Retorne à vida cotidiana
·      Se considerar conveniente, leia, na página seguinte, o subsídio proposto para ajudar na compreensão do texto lido
·      Recite o Pai Nosso e a Ave Maria, ou faça uma oração pessoal que resuma a experiência de oração desse dia.
·      Recite ou cante a invocação: Jesus, Maria e José: acolhei-nos, iluminai-nos e ajudai-nos!
·      Ouça e cante o mantra: A Palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração! (Acessível em: https://www.youtube.com/watch?v=70ikIPVilyM)
·      Apague a vela, guarde a Bíblia e conclua seu tempo de oração
SUBSÍDIO
A solenidade de Pentecostes fechou o ciclo litúrgico da páscoa, e iniciamos o ciclo do tempo comum. Este tempo não tem nada de “comum”, pois é o tempo da encarnação do mistério do Reino de Deus na vida cotidiana. Assim, voltamos ao evangelho segundo Marcos, deixado de lado no início da quaresma. Nosso texto está situado na segunda parte do evangelho, que discorre como seguir Jesus.
O contexto literário é o confronto de Jesus com as autoridades que se aninham no templo e colaboram com o imperialismo de Roma. Fariseus e herodianos vigiam Jesus, atrás de motivos para acusá-lo. Usam a bajulação, mas a pergunta é uma armadilha: respondendo, Jesus poderá se colocar entre os colaboradores do império colonialista ou se juntar aos grupos subversivos.
Jesus deixa claro que submeter-se ao imperialismo romano ou rebelar-se contra ele não é um problema seu, mas dos fariseus e herodianos. Eles é que carregam moedas com a efígie e a inscrição do império, e aceitam tacitamente seu domínio e sua pretensão de ser divino. Eles é que titubeiam entre servir a Deus e servir ao imperador, e precisam decidir a quem servem. Para Jesus, o povo e o território da Palestina pertencem a Deus, e não a César!
Longe de propor uma separação entre política e religião, Jesus exige uma decisão política dos/as discípulos/as: submeter-se ao dominador de plantão e usufruir de suas benesses, ou seguir Jesus na defesa da dignidade de todas pessoas e participar do seu destino; servir ao império romano e seus marionetes ou a Deus e seu Reino. A prática e o ensino de Jesus deixam clara a proposta de Jesus.
Devolver a César o que é dele significa dizer com clareza quem é idólatra e oprime, e fazer caminho com Jesus, que que conduz os oprimidos à liberdade, à solidariedade e à vida. E esta é uma opção também política.
(Itacir Brassiani msf)

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