Dia 05
de junho | Sexta-feira | 9ª Semana do Tempo Comum
Evangelho segundo Marcos (12,35-37)
A Leitura Orante da Palavra de Deus é um exercício
que visa iluminar e fecundar nossa vida cotidiana com a Palavra de Deus. Pode
ser feita individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade, inclusive através das redes sociais.
Basta combinar a mídia, a forma e o horário.
Em tempos de restrições à convivência e movimentação social,
imposição que vem se prolongando mais do que esperávamos e gostaríamos, mas que
é necessária, por respeito e cuidado com nosso irmãos e irmãs, a leitura orante
é um modo de não reduzir nossa fé à simples assistência de celebrações virtuais
e de impedir que seja um tempo estéril.
Os textos propostos
e desenvolvidos aqui são aqueles indicados
pela Igreja para a liturgia diária. Mas os grupos organizados podem também
escolher outros textos, desde que tenham uma sequência, se evite ficar apenas
com os textos que agradam mais e se proponha um roteiro.
Que a Palavra de Deus encontre em cada
um de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses
tempos inesperadamente difíceis – pela pandemia e pela crise generalizada
que vivemos em nosso país – produza bons
frutos.
(Missionários da Sagrada
Família
(1) Coloque-se em
atitude de oração
· Escolha um momento
adequado e tranquilo/a para a oração
· Escolha o lugar no
qual você se sinta bem
· Busque uma posição
corporal que lhe ajude a concentrar-se
· Acenda uma vela e
tome a bíblia em suas mãos
· Tome consciência
de si mesmo/a e do momento que vivemos
· Faça silêncio
interior e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus
· Ouça e cante o
mantra: Ó Luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em
nós! (Acessível em: https://www.youtube.com/watch?v=eK8iGnXsuL8)
(2)
Leia o texto da Palavra de Deus
· Leia com toda a
sua atenção o texto de Marcos 12,35-37
· Leia o texto em
voz alta (se possível)
· Releia o texto uma
ou mais vezes (se necessário)
· Este texto está situado ambiente da crescente tensão
entre Jesus e as autoridades do judaísmo
· A cena que estamos meditando ocorre no templo, diante
dos doutores da lei ou escribas
· Aqui Jesus enfrenta explicitamente e nega o
messianismo de corte davídico, marcado pelo triunfalismo e pelo nacionalismo
· Feche a bíblia e
responda: O que este trecho da Palavra de Deus diz em si mesmo?
(3) Medite a Palavra de
Deus
· Reconstrua o
cenário do texto, incluindo a si mesmo/a na cena
· Situe-se no interior da cena, no templo, diante de
Jesus e dos escribas que pregavam um messianismo davídico
· Estaríamos também sendo assediados pela tentação de
uma religião triunfalista e nacionalista, ao estilo do “Deus acima de todos, o
Brasil acima de tudo”?
· Perceba a novidade corajosa de Jesus: ele encarna um
messianismo despojado, compassivo e solidário
· Fique atento/a ao
que esta palavra desperta em você
· Saboreie
interiormente aquilo que mais ressoa ou atrai você
· Procure perceber: O que
a Palavra de Deus diz a você hoje?
· Acolha serenamente
a mensagem que o texto transmite a você
(4) Reze com o texto
lido e meditado
· Tome consciência
de que este texto é Palavra de Deus
· Como Deus iniciou
o diálogo, e agora é sua vez de falar
· Não mude de
assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus
· Permita que o
próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta
· Não se preocupe
com raciocínios e frases bem articuladas
· Expresse, em palavras orantes, seu amor agradecido a Jesus,
o Servo que se faz um de nós, assume nossa vulnerabilidade se entrega por nós
como expressão do seu amor
· Procure perceber o que
a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus?
(5) Contemple a vida à
luz da Palavra
· Procure contemplar
a realidade do mundo com o olhar de Deus
· Busque meios para
colocar em prática o que Deus lhe fala
· Aprendamos de Jesus: no seu caminho não há lugar para
escapismos, triunfalismos e espiritualismos
· O que precisamos mudar na imagem de Jesus veiculadas
por nossos cânticos, nossa catequese, nossas imagens, nossa pregação?
· Perceba o que você
precisa mudar a partir dessa meditação
· Responda: O que
Deus está pedindo que eu mude ou faça?
· Assuma um
compromisso pessoal de conversão e mudança
(6) Retorne à vida
cotidiana
· Se considerar
conveniente, leia, na página seguinte, o subsídio proposto para ajudar na
compreensão do texto lido
· Recite o Pai Nosso
e a Ave Maria, ou faça uma oração pessoal que resuma a experiência de oração
desse dia.
· Recite ou cante a
invocação: Jesus, Maria e José: acolhei-nos, iluminai-nos e ajudai-nos!
· Ouça e cante o
mantra: A Palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração! (Acessível
em: https://www.youtube.com/watch?v=70ikIPVilyM)
· Apague a vela,
guarde a Bíblia e conclua seu tempo de oração
“Desde a infância, conheces as Sagradas
Escrituras: elas têm o poder de te comunicar a sabedoria que conduz à salvação
pela fé em Cristo Jesus. Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para
ensinar, para argumentar, para corrigir e para educar na justiça...” (2Tm 3,15-16)
SUBSÍDIO
Jesus continua no espaço do templo, centro
ideológico, político e religioso do judaísmo. O texto de ontem terminava demonstrando
que Jesus havia vencido todos os opositores: expulsou os comerciantes, não caiu
nas ciladas dos fariseus e saduceus, questionou a legitimidade dos chefes,
assumiu seu papel de mestre, enfim: amarrou os homens fortes e reconquistou sua
casa.
Hoje, Jesus investe de novo contra os escribas ou mestres
da lei, enfrentando sem panos quentes a ideologia messiânica triunfalista e
nacionalista que eles veiculavam e alcançara grande aceitação popular. “Como é
que os mestres da lei dizem que o Messias é filho de Davi? Como é que ele pode
ser seu filho?” É o confronto claro e direto entre o projeto do Reino de Deus e
o ensinamento dos mestres da lei, entre o mundo solidário e inclusivo sonhado e
proposto por Jesus e a esperança da restauração do império davídico.
Está bem claro que aqui Jesus não está interessado
em discutir sua genealogia (se é, e como é descendente de Davi) mas a ideologia
dos mestres da lei. Quem propaga o messianismo davídico acaba legitimando o templo
e suas práticas de extorsão e discriminação, assim como o Estado teocrático que
nele tem sua validação. Definitivamente, Jesus toma distância dessa ideologia e
nega seus vínculos com o davidismo. O Messias não deve nada ao davidismo, é
anterior e superior a Davi, seu projeto e sua dinastia.
Talvez isso nos traga um certo desconforto, pois
estamos acostumados a afirmar (nos hinos, na catequese, nas pregações) que
Jesus é filho e descendente de Davi. Que isso não seja problema! O mais
importante é evitar todo e qualquer sinal de adesão a ideologias políticas e
religiosas eivadas de autoritarismo, nacionalismo, totalitarismo e
exclusivismo. É isso que o texto ensina.
(Itacir Brassiani msf)
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