A FELICIDADE DE JESUS
Não é difícil traçar o perfil de uma pessoa feliz na sociedade que Jesus conhecia. Seria
um homem adulto e saudável, casado com uma mulher honesta e fértil, com filhos
do sexo masculino e terras ricas, cumpridor da religião e respeitado na sua
cidade. O que mais se podia pedir?
Certamente não
era este o ideal que animava e guiava Jesus. Sem esposa nem filhos, sem-terra
nem bens, percorrendo a Galileia como um vagabundo, a Sua vida não respondia a
nenhum tipo de felicidade convencional. O
Seu modo de vida era provocador. Se era feliz, era-O de forma contracultural,
ao contrário do estabelecido.
Na
verdade, Jesus não pensava muito na Sua felicidade. Sua vida girava mais em
torno de um projeto que o entusiasmava e o fazia viver intensamente.
Chamava-lhe «reino de Deus». Aparentemente, era feliz quando podia fazer os outros felizes. Sentia-se bem a
devolver às pessoas a saúde e a dignidade. Sentia-se bem restaurando as
pessoas para a saúde e a dignidade que lhes tinha sido arrebatada injustamente.
Jesus
não procurava o próprio interesse. Vivia criando novas condições de felicidade
para todos. Não sabia ser feliz sem incluir os outros. A
todos propunha critérios novos, mais livres e radicais para criar um mundo mais
digno e feliz.
Jesus
acreditava num Deus feliz, o Deus criador que olha para todas as suas criaturas
com amor profundo, o Deus amigo da vida e não da morte, mais atento ao
sofrimento das pessoas do que aos seus pecados.
A partir da fé nesse Deus, Jesus quebrava os
esquemas religiosos e sociais. Não pregava: «Felizes os justos e piedosos, pois
receberão o prêmio de Deus». Não dizia: «Felizes os ricos e poderosos, porque
contam com a sua bênção». O Seu grito era desconcertante para todos: «Felizes os pobres, porque Deus será a sua
felicidade».
O convite
de Jesus vem dizer mais ou menos isso: «Não
procurem a felicidade na satisfação dos próprios interesses ou na prática
interesseira da religião. Sejam felizes trabalhando de forma fiel e paciente
por um mundo mais feliz para todos».
José
Antonio Pagola
(Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez)
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