O RISCO DE DEFRAUDAR A DEUS
A parábola dos viticultores homicidas é tão dura
que é difícil pensar que esse aviso profético, dirigido por Jesus aos líderes
religiosos de seu tempo, tem algo a ver conosco.
O relato fala de uns lavradores encarregados por um
homem para trabalhar a sua vinha. Chegado
o tempo da colheita, ocorre algo surpreendente e inesperado: os lavradores
recusam-se a entregar a colheita. O senhor não colherá os frutos que tanto
espera.
A ousadia deles é incrível! Vão matando um depois do
outro os servos que o senhor envia para recolher os frutos. Mais ainda: quando
lhes envia o seu próprio filho, atiram-no para fora da vinha e matam-no para
ficarem donos de tudo.
O que
pode fazer o senhor da vinha com esses lavradores? Os
líderes religiosos, que escutam nervosos a parábola, chegam a uma conclusão
terrível: matá-los-á, e transferirá a
vinha para outros lavradores que lhe entreguem os frutos no devido tempo.
Eles mesmos se condenam! Jesus diz-lhes na cara: “Por isso vos digo: o reino de
Deus vos será retirado, e entregue a um povo que produza frutos!”
Na vinha de Deus não há lugar para quem não dá
frutos. O projeto do reino de Deus, que
Jesus anuncia e promove, não pode continuar nas mãos de responsáveis indignos, que não reconheçam o senhorio do seu Filho porque se sentem donos, senhores e
patrões do povo de Deus. Devem ser substituídos por líderes que
produzam frutos.
Por vezes pensamos que esta parábola tão ameaçadora
aplica-se somente ao povo do Antigo Testamento, e não a nós, que somos o povo
da Nova Aliança e temos já a garantia de que Jesus Cristo estará sempre conosco.
Não é
assim! A parábola também esse dirige a
nós, fala de nós. Deus não abençoa um cristianismo estéril, do qual não recebe
os frutos que espera. Deus não se identifica com as nossas incoerências, desvios
e infidelidades. Também hoje, Deus
quer que os trabalhadores indignos de Sua vinha sejam substituídos por um povo
que produza frutos dignos do reino de Deus.
José Antonio Pagola
(Tradução de Antonio Manuel
Álvarez Perez)
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