quinta-feira, 1 de outubro de 2020

O Evangelho dominical (04.10.2020)

 O RISCO DE DEFRAUDAR A DEUS

A parábola dos viticultores homicidas é tão dura que é difícil pensar que esse aviso profético, dirigido por Jesus aos líderes religiosos de seu tempo, tem algo a ver conosco.

O relato fala de uns lavradores encarregados por um homem para trabalhar a sua vinha. Chegado o tempo da colheita, ocorre algo surpreendente e inesperado: os lavradores recusam-se a entregar a colheita. O senhor não colherá os frutos que tanto espera.

A  ousadia deles é incrível! Vão matando um depois do outro os servos que o senhor envia para recolher os frutos. Mais ainda: quando lhes envia o seu próprio filho, atiram-no para fora da vinha e matam-no para ficarem donos de tudo.

O que pode fazer o senhor da vinha com esses lavradores? Os líderes religiosos, que escutam nervosos a parábola, chegam a uma conclusão terrível: matá-los-á, e transferirá a vinha para outros lavradores que lhe entreguem os frutos no devido tempo. Eles mesmos se condenam! Jesus diz-lhes na cara: “Por isso vos digo: o reino de Deus vos será retirado, e entregue a um povo que produza frutos!”

Na vinha de Deus não há lugar para quem não dá frutos. O projeto do reino de Deus, que Jesus anuncia e promove, não pode continuar nas mãos de responsáveis indignos, que não reconheçam o senhorio do seu Filho porque se sentem donos, senhores e patrões do povo de Deus. Devem ser substituídos por  líderes que produzam frutos.

Por vezes pensamos que esta parábola tão ameaçadora aplica-se somente ao povo do Antigo Testamento, e não a nós, que somos o povo da Nova Aliança e temos já a garantia de que Jesus Cristo estará sempre conosco.

Não é assim! A parábola também esse dirige a nós, fala de nós. Deus não abençoa um cristianismo estéril, do qual não recebe os frutos que espera. Deus não se identifica com as nossas incoerências, desvios e infidelidades. Também hoje, Deus quer que os trabalhadores indignos de Sua vinha sejam substituídos por um povo que produza frutos dignos do reino de Deus.

José Antonio Pagola

(Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez)

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