Venha, Senhor,
o teu Reino, para que a festa da vida seja plena | 551 |04. 12.2024 | Mateus
15,19-37
A espiritualidade do advento é a
lente que devemos usar para ler e meditar os textos bíblicos indicados para as
celebrações deste tempo litúrgico. É o advento que ajusta nosso ouvido e nosso
olhar para reconhecermos a “visita” de Deus em trajes humanos de pobreza, de
simplicidade, de proximidade. E nos sensibiliza e nos abre ao sonho, à
esperança, à generosidade.
No trecho do Evangelho que meditamos
hoje, o evangelista nos apresenta Jesus em plena ação missionária, antecipando
a festa dos pequenos, a festa que celebra a preciosidade da vida dos pobres, a
festa que celebra a irrupção do Reino de Deus. Na montanha, lugar de reunião e
de encontro, de revelação e de aliança, Jesus cura as pessoas machucadas pela
sociedade e pela vida, e alimenta os famintos. Ali se concretiza a
“filantropia” de Deus, esperada sinalizada no Natal de Jesus.
Nesta cena, o evangelista nos mostra
que a festa da vida, sonhada e esperada, não se realiza no templo, como esperavam
e apregoavam os sacerdotes e doutores da lei, mas no encontro com Jesus nas
margens. E os protagonistas não são as pessoas piedosas ou poderosas, mas
aquelas que são jogadas nas margens da convivência social e do espaço
religioso. O objetivo de Jesus é ajustar nosso olhar para que sejamos capazes
de ver as necessidades dos outros e ser compassivos.
De fato, o que move Jesus em seu
falar e em seu agir é a compaixão. E a compaixão não é um sentimento ocasional,
mas uma força que coloca a dor e a vida dos outros acima e antes de tudo. É
esta compaixão vivida por Jesus em todas as relações que atrai a ele as pessoas
pobres e “estropiadas”. É esta compaixão que ele quer despertar em todos os
seus discípulos missionários, pois é ela que nos ajuda a encontrar soluções humanas
para os problemas humanos.
O pão que alimenta a multidão é fruto direto da compaixão
e resultado da superação do egoísmo dos discípulos e discípulas. Aqueles que o
possuem, mesmo em pouca quantidade, cedem a prioridade a quem tem maior
necessidade. É esse o sentido profundo do Natal: Deus ama o mundo com tal intensidade
que envia a ele seu Filho. Seja este o Natal que nos empenhamos em preparar.
Que a montanha do egoísmo seja rebaixada, que os vales que separam os fartos
dos famintos sejam aterrados.
Meditação:
§ Faça um esforço para
recriar a cena, colocando-se entre os personagens, contracenando e dialogando
com eles
§ Como repercute em você a
declaração de Jesus “Tenho compaixão desse povo que não tem nada para comer”?
§ Participe das ações de
Jesus e da alegria incontida e do louvor a Deus que brota da boca das pessoas
curadas e alimentadas
§ O que isso tem a ver
conosco, com a preparação e a celebração do Natal que se aproxima?