O que
devemos e podemos fazer para preparar os caminhos do Senhor? | 562 |15. 12.2024 | Lucas
3,10-18
Mesmo tendo tomado a decisão de viver no deserto e na
austeridade, não é isso que João Batista pede aos seus interlocutores. Mesmo
pertencendo ao judaísmo, ele sabe que, para acolher a vinda de Deus e o seu
Reino, não basta peregrinar ao templo ou cumprir as leis. Na sua interação com
pessoas e grupos que detém algum poder ou gozam de um status acima do
remediado, João Batista ensina que o caminho para Deus supõe a mudança interior
e das estruturas de relacionamento e de poder e a organização de uma sociedade
mais solidária e fraterna.
João
desdobra esse processo de conversão e mudança em três propostas concretas. A
comunidade cristã jamais esqueceu os três exemplos deixados por João. Às
pessoas e grupos que gozam de certa comodidade, que não sentem falta do básico
em termos de comida, vestuário e habitação, João pede que não pensem apenas no
próprio bem-estar, e que se engajem na correção das desigualdades sociais. É
isso que significa repartir a comida e as vestes.
Aos
cobradores de impostos, que extorquem, o povo cansado e abatido, com ou sem o
amparo da lei, João Batista pede que não abusem dos pobres e não enriqueçam às
custas deles. Aos soldados, que usam de violência para proteger os poderosos e
oprimir os dominados, o profeta do Jordão pede que não acusem ou condenem
ninguém recorrendo à mentira, nem usem de sua autoridade para roubar os
indefesos. É uma mudança e tanto, um sinal inequívoco de conversão.
Como
os cobradores de impostos, os soldados e o povo em geral, também nós precisamos
perguntar: E eu, minha família e minha classe social, o que devemos fazer para
viver bem o Natal e acolher o Evangelho do Reino? A resposta não pode ser um
sentimento difuso ou um pensamento abstrato. Não valem também constatações, tão
cínicas quanto ofensivas do tipo “como é difícil ser patrão no Brasil”, ou “os
pobres não precisam de ajuda, mas de oportunidade”. Afirmações desse tipo não
passam de pílulas teóricas para aliviar nossa má consciência.
Nada muda se não conseguirmos olhar para além dos
interesses de classe ou do mito da meritocracia. Os critérios que orientam
nossa vida e nossas decisões não podem ser as leis do mercado ou da falsa
piedade, mas a prática e o Evangelho de Jesus!
Meditação:
·
Releia atentamente esta cena e estas palavras que João proclama
às margens do rio Jordão, longe do templo de Jerusalém
·
Situe-se diante de João e, com sinceridade, pergunte: o que eu,
minha família, minha comunidade devemos fazer?
·
Você também se exercita na expectativa da vinda do Messias, da
manifestação do Reino de Deus, de um outro mundo possível?
·
Leia atentamente a descrição que João Batista faz de Jesus e da
sua relação com ele, e procure entendê-la profundamente
Um comentário:
Gostei da reflexão
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