sábado, 14 de dezembro de 2024

O que devemos e podemos fazer para preparar os caminhos do Senhor?

O que devemos e podemos fazer para preparar os caminhos do Senhor? | 562 |15. 12.2024 | Lucas 3,10-18

Mesmo tendo tomado a decisão de viver no deserto e na austeridade, não é isso que João Batista pede aos seus interlocutores. Mesmo pertencendo ao judaísmo, ele sabe que, para acolher a vinda de Deus e o seu Reino, não basta peregrinar ao templo ou cumprir as leis. Na sua interação com pessoas e grupos que detém algum poder ou gozam de um status acima do remediado, João Batista ensina que o caminho para Deus supõe a mudança interior e das estruturas de relacionamento e de poder e a organização de uma sociedade mais solidária e fraterna.

João desdobra esse processo de conversão e mudança em três propostas concretas. A comunidade cristã jamais esqueceu os três exemplos deixados por João. Às pessoas e grupos que gozam de certa comodidade, que não sentem falta do básico em termos de comida, vestuário e habitação, João pede que não pensem apenas no próprio bem-estar, e que se engajem na correção das desigualdades sociais. É isso que significa repartir a comida e as vestes.

Aos cobradores de impostos, que extorquem, o povo cansado e abatido, com ou sem o amparo da lei, João Batista pede que não abusem dos pobres e não enriqueçam às custas deles. Aos soldados, que usam de violência para proteger os poderosos e oprimir os dominados, o profeta do Jordão pede que não acusem ou condenem ninguém recorrendo à mentira, nem usem de sua autoridade para roubar os indefesos. É uma mudança e tanto, um sinal inequívoco de conversão.

Como os cobradores de impostos, os soldados e o povo em geral, também nós precisamos perguntar: E eu, minha família e minha classe social, o que devemos fazer para viver bem o Natal e acolher o Evangelho do Reino? A resposta não pode ser um sentimento difuso ou um pensamento abstrato. Não valem também constatações, tão cínicas quanto ofensivas do tipo “como é difícil ser patrão no Brasil”, ou “os pobres não precisam de ajuda, mas de oportunidade”. Afirmações desse tipo não passam de pílulas teóricas para aliviar nossa má consciência.

Nada muda se não conseguirmos olhar para além dos interesses de classe ou do mito da meritocracia. Os critérios que orientam nossa vida e nossas decisões não podem ser as leis do mercado ou da falsa piedade, mas a prática e o Evangelho de Jesus!

 

Meditação:

·        Releia atentamente esta cena e estas palavras que João proclama às margens do rio Jordão, longe do templo de Jerusalém

·        Situe-se diante de João e, com sinceridade, pergunte: o que eu, minha família, minha comunidade devemos fazer?

·        Você também se exercita na expectativa da vinda do Messias, da manifestação do Reino de Deus, de um outro mundo possível?

·        Leia atentamente a descrição que João Batista faz de Jesus e da sua relação com ele, e procure entendê-la profundamente

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei da reflexão