José educou
Jesus na tradição profética que une a justiça e o amor | 565 |18. 12.2024 | Mateus 1,18-24
O trecho do evangelho de ontem nos convocava a
acolher Jesus como irmão da humanidade. Como ele, somos acolhidos pelo Pai e
por ele enviados para levar todos os homens e mulheres a ser a grande família
de Deus, sem nenhuma exclusão. Hoje, o evangelho de Mateus, que prossegue o
texto de ontem, nos mostra José como ouvinte atento e fiel cumpridor da Palavra
que Deus pronuncia nos acontecimentos.
No verso 16 do capítulo 1, Mateus diz que “Jacó
gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado
o Cristo”. Os versos de hoje parecem querer demonstrar como isso aconteceu.
Mateus parte da figura de José, que ocupa um lugar importante na cena. Mas,
como vimos já ontem, o evangelista toma distância dos estreitos limites do
patriarcalismo. O homem José não tem nenhum papel relevante na concepção de
Jesus no seio de Maria.
A figura de José que aparece aqui está distante do
modelo de homem e pai do mundo judeu. Apresentando-o como homem “justo”, Mateus
dá a José as características do discípulo do Reino de Deus, a quem se pede que
cumpra a justiça por inteiro, que seja perfeito como o Pai do céu é perfeito. A
justiça de José não consiste no cumprimento da lei, mas na escuta e obediência
a Deus, consiste na misericórdia.
José é uma pessoa justa porque deixa de exercer o
direito de denunciar Maria por sua gravidez misteriosa. Ele decide deixá-la em
segredo, optando pela compaixão e pela misericórdia. Ele procura entender o que
Deus estava lhe dizendo pela gravidez da sua amada Maria. Deus lhe fala de modo
sutil, durante o sono, através de seu mensageiro. E ele se deixa guiar pela
Palavra.
A resposta de José complicou maravilhosamente sua vida. Obedecendo à
Palavra de Deus, acolhendo Maria como esposa e assumindo a tutela do filho que
não gerara, José decide por uma existência difícil, contra a corrente. Dando ao
filho de Maria o nome de Jesus, José se compromete a educá-lo para acolher e
perdoar os pecadores com terna compaixão, longe do rigorismo farisaico, e a
confrontar-se com o imperador, que se apresentava como salvador.
Meditação:
· Releia atentamente este
trecho do Evangelho, prestando atenção ao modo como José procura entender os
acontecimentos
· Observe também a
acolhida generosa e o cumprimento atento de uma Palavra que complicaria sua
vida e a de Jesus
· José entende que seu
lugar na história da salvação da humanidade não é de protagonista, mas de
coadjuvante, de auxiliar
· José discerniu a Palavra
e o Querer de Deus através dos sonhos: onde e de que modo Deus me fala e me
chama hoje?
· Como nos sentimos quando
temos que reconhecer que algo muito importante foi feito dispensando a nossa
participação especial?
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