Diversamente
do “bom velhinho”, Jesus não encontra lugar | 561 |14. 12.2024 | Mateus 17,10-13
Esta cena está
literariamente localizada logo após a cena da transfiguração de Jesus diante
dos discípulos no monte Tabor. Ao lado dele, apareceram o líder e legislador
Moisés e Elias, modelo e inspiração da profecia. Por isso, ao descer da
montanha, os discípulos interrogam Jesus acerca de Elias. Na liturgia do
advento, a cena é proposta pela íntima relação que Jesus estabelece entre Elias
e João Batista, dois profetas que, cada um ao seu modo, foram vozes
orientadoras na espera do Messias.
Era ensino muito divulgado pelos
escribas que Elias voltaria, e sua volta inauguraria os tempos messiânicos.
Jesus não diverge do ensino dos escribas, mas o completa e concretiza. Segundo
ele, Elias já voltou na profecia de João Batista. Neste sentido, Jesus dá a
entender que Elias pertence ao passado, é profecia corajosa, anúncio
esperançoso, denúncia tenaz. Mas Elias não está no futuro. O futuro é o
Messias, e esse futuro já raiou em Jesus de Nazaré.
O futuro prometido por Deus e
esperado pelo povo começa com a vida e a missão de Jesus. Os tempos messiânicos
são inaugurados por ele, e é preciso abrir os olhos e aguçar o entendimento,
pois o reino de Deus não se manifesta em ações espetaculares e poderosas, como
muitos ensinam. O Reino de Deus não se deixa ver no cumprimento minucioso da
lei, mas na compaixão e na misericórdia incondicionais, à revelia da lei e até
contra ela.
Mas Jesus dá um passo a mais, e
relaciona o seu destino ao destino do profeta João: suspeita, perseguição,
violência, morte são a herança do Batista que Jesus faz sua. João precede a
Jesus também na rejeição! Este é o mistério da semente, o dinamismo escondido
do Reino de Deus. Nesse dinamismo escondido, no tempo presente, a vontade de
Deus está se realizando, e é preciso reconhecê-la e celebrá-la. Aquele que a
propaganda promete e chama de “bom velhinho” não tem nada a ver com ele.
Os escribas tinham razão ao dizer
que as escrituras falam do retorno de Elias. Mas Jesus ensina que é preciso
lê-las e interpretá-las corretamente. Elias volta em cada profeta ou profetiza.
O Reino de Deus se realiza em cada gesto de partilha e acolhida solidária. O
fim deste mundo está em curso, e um novo mundo está nascendo. E aqui não há
lugar para ameaça ou medo, mas convocação a peregrinar na esperança.
Meditação:
§ Releia atentamente esta
cena, lendo também, se possível, os versos anteriores, que narram a
transfiguração (17,1-9)
§ Você pode dizer, como o
evangelista diz dos discípulos, que você entendeu o que Jesus disse neste
texto?
§ Você espera a irrupção
do Reino de Deus (dos novos céus e da nova terra) como um fato grandioso,
terrível e destruidor?
§ O que esta cena e estas
palavras de Jesus têm a ver com a nossa caminhada de preparação para o Natal do
Senhor?
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