O sinal de Deus é
uma frágil criança acomodada numa manjedoura | 572 |24. 12.2024 | Lucas 2,1-14
O
nascimento de Jesus ocorre no mundo dos pobres, à margem dos poderes romanos e
judaicos, na periferia daquele mundo que dizia garantir a paz recorrendo à
dominação e ao medo. Os decretos oficiais põem José e Maria na estrada:
garantem os impostos, mas mantém a Família de Nazaré na pobreza e a torna
família migrante e refugiada, como tantos migrantes climáticos e refugiados
políticos.
Aquela humilde
família percorre um longo e evocativo caminho em direção às raízes das esperanças
populares e messiânicas: o lugar onde viveu a família na qual nasceu e cresceu
o pastor Davi. Em Belém, os proscritos pastores põem sua atenção nesta família
e nela identificam a esperança que os encoraja e alegra. Para os pastores,
ignoto abrigo para animais há mais luz que no brilho de Jerusalém.
Os anjos, mensageiros
de Deus, não se manifestam no Templo, mas junto àqueles que, estando longe de
tudo, vigiam os rebanhos. E anunciam aos pastores uma alegre e boa notícia: o
Salvador nasceu na “periferia do mundo”. E indicam o sinal de que isso
aconteceu: um bebê deitado numa cocheira onde se alimentam os animais, envolto
em pobres panos. O sinal da “grande alegria para todo o povo” não são os anjos,
nem a luz que os envolve, mas a fragilidade de uma criança! Neste Menino brilha
a certeza de que Deus não esqueceu de ter misericórdia do seu povo.
Com a ajuda do
profeta Isaías, descobrimos que a encarnação do Filho de Deus refulge como luz
para quem caminha na escuridão, como a alegria da colheita para os camponeses,
como a vitória dos povos dominados sobre o medo e a violência, como o nocaute
das tropas imperiais, como a reconstrução solidária depois das enchentes. O
Natal é a passagem da opressão à liberdade, do medo à confiança, da dependência
à emancipação, da escuridão à luz, da indiferença à fraternidade.
É
verdade que o Natal é a festa da paz. Paz entre as nações. Paz entre as
Igrejas. Paz nas comunidades. Paz entre nas famílias. Paz na relação entre os
seres humanos e as demais criaturas. Paz entre o céu e a terra. Paz onde há
guerra e paz onde falta confiança. Que nesta noite santa reine a paz na terra natal
de Jesus, a paz entre os palestinos manipulados por grupos extremistas e
sitiados em sua própria terra e israelenses governados por um tirano insano e
violento.
Meditação:
§ Deixe-se envolver pela
surpresa que envolve Maria e José e pela alegria que contagia os humildes e
suspeitos pastores
§ Aproxime-se do presépio, ou
da bela narração de Lucas, e deixe-se envolver pela ternura e despojamento de
Deus no Menino Jesus
§ Ouça e acolha a mensagem
anunciada e cantada harmoniosamente pelos anjos: Glória a Deus e paz à
humanidade!
§ Reúna imaginariamente ao
redor do presépio as pessoas que lhe são queridas e que estão hoje distantes
Nenhum comentário:
Postar um comentário