Cremos num
Deus que não teme descer para vir ao nosso encontro | 557 |10. 12.2024 | Mateus
18,12-14
Já lembrei isso várias vezes, mas não custa lembrar
de novo: o tempo litúrgico e espiritual do Advento nos oferece um contexto
especial que deve ser levado em conta na escuta e meditação dos textos do
Evangelho. Não é a mesma coisa ler a parábola da ovelha perdida no tempo comum,
na quaresma ou no Advento.
Os três versículos de hoje estão no capítulo 18 do
evangelho segundo Mateus. O contexto temático é uma descrição sumária das novas
relações e novas práticas que sustentam a comunidade cristã, semente e
antecipação parcial, mas profética, do Reino de Deus. Pouco antes, Jesus sublinhara
que é absolutamente importante não escandalizar nem desprezar os sujeitos
pequenos e vulneráveis. Mesmo sendo inevitável, ai de quem provoca escândalo.
No contexto do império romano e do sistema judaico,
os discípulos de Jesus são equiparados às categorias sociais desprezadas e
vulneráveis, como as crianças, as mulheres, os migrantes, os doentes (os
“pequeninos”). Eles são parte do povo,
e, aos olhos de Deus, são preciosos, têm valor, são os primeiros nas
prioridades de Deus. Que ninguém atrapalhe o caminho deles, colocando pedras de
tropeço.
Jesus pede e ordena que esta seja a atitude das
lideranças cristãs em relação aos demais membros das comunidades. E ilustra
isso com uma parábola, com a qual chama seus interlocutores a participar da
reflexão. Na tradição judaica, o pastor lembra as lideranças (políticas ou
religiosas), e o rebanho/ovelha lembra o povo. A ovelha perdida representa o
discípulo/a que não perseverou no caminho do Reino de Deus por causa dos
outros, ou a pessoa que corre risco de vida por estar à parte.
Ressaltando o desmedido cuidado
“pastoral” do pastor, que deixa as 99 ovelhas seguras e protegidas em segundo
plano, sai ansioso em busca de uma única que se perdeu e corre risco, fala
sobre como Deus Pai trata seus filhos e filhas: ele não é como os líderes
religiosos e políticos, e é mais cuidadoso que os pastores que o povo conhece.
Jesus espera que, em nossa relação de líderes com os demais membros da Igreja,
façamos como ele. Não tenhamos medo de ser uma Igreja em saída...
Meditação
· O evangelho de hoje nos
orienta para uma atitude madura e adequada em relação aos irmãos e irmãs mais
frágeis e falíveis
· Em que medida e em que
circunstâncias, por nossas atitudes, estamos sendo motivo de tropeço aos nossos
irmãos mais fracos?
· O que fazemos, como
lideranças eclesiais, quando um irmão ou irmã tropeça, cai no erro e se afasta,
por vergonha ou por resistência?
· Nossa comunidade se
sente realmente comprometida com o dinamismo e saída ao encontro de quem está
em situação de risco?
· Experimentamos alegria
quando pessoas e grupos vulneráveis são assistidos e promovidos, e se integram
na comunidade?
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