segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Cremos num Deus que não teme descer

Cremos num Deus que não teme descer para vir ao nosso encontro | 557 |10. 12.2024 | Mateus 18,12-14

Já lembrei isso várias vezes, mas não custa lembrar de novo: o tempo litúrgico e espiritual do Advento nos oferece um contexto especial que deve ser levado em conta na escuta e meditação dos textos do Evangelho. Não é a mesma coisa ler a parábola da ovelha perdida no tempo comum, na quaresma ou no Advento.

Os três versículos de hoje estão no capítulo 18 do evangelho segundo Mateus. O contexto temático é uma descrição sumária das novas relações e novas práticas que sustentam a comunidade cristã, semente e antecipação parcial, mas profética, do Reino de Deus. Pouco antes, Jesus sublinhara que é absolutamente importante não escandalizar nem desprezar os sujeitos pequenos e vulneráveis. Mesmo sendo inevitável, ai de quem provoca escândalo.

No contexto do império romano e do sistema judaico, os discípulos de Jesus são equiparados às categorias sociais desprezadas e vulneráveis, como as crianças, as mulheres, os migrantes, os doentes (os “pequeninos”). Eles são parte do povo,  e, aos olhos de Deus, são preciosos, têm valor, são os primeiros nas prioridades de Deus. Que ninguém atrapalhe o caminho deles, colocando pedras de tropeço.

Jesus pede e ordena que esta seja a atitude das lideranças cristãs em relação aos demais membros das comunidades. E ilustra isso com uma parábola, com a qual chama seus interlocutores a participar da reflexão. Na tradição judaica, o pastor lembra as lideranças (políticas ou religiosas), e o rebanho/ovelha lembra o povo. A ovelha perdida representa o discípulo/a que não perseverou no caminho do Reino de Deus por causa dos outros, ou a pessoa que corre risco de vida por estar à parte.

Ressaltando o desmedido cuidado “pastoral” do pastor, que deixa as 99 ovelhas seguras e protegidas em segundo plano, sai ansioso em busca de uma única que se perdeu e corre risco, fala sobre como Deus Pai trata seus filhos e filhas: ele não é como os líderes religiosos e políticos, e é mais cuidadoso que os pastores que o povo conhece. Jesus espera que, em nossa relação de líderes com os demais membros da Igreja, façamos como ele. Não tenhamos medo de ser uma Igreja em saída...

 

Meditação

·    O evangelho de hoje nos orienta para uma atitude madura e adequada em relação aos irmãos e irmãs mais frágeis e falíveis

·    Em que medida e em que circunstâncias, por nossas atitudes, estamos sendo motivo de tropeço aos nossos irmãos mais fracos?

·    O que fazemos, como lideranças eclesiais, quando um irmão ou irmã tropeça, cai no erro e se afasta, por vergonha ou por resistência?

·    Nossa comunidade se sente realmente comprometida com o dinamismo e saída ao encontro de quem está em situação de risco?

·    Experimentamos alegria quando pessoas e grupos vulneráveis são assistidos e promovidos, e se integram na comunidade?

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