sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Festa da Sagrada Família de Nazaré

DEIXE JESUS ENTRAR NA SUA CASA

Precisamos procurar, cuidar e desenvolver um projeto saudável, digno e feliz de família, que se possa refletir na vida concreta de cada lar. Acolhido com fé e convicção na nossa família, Jesus pode ajudar-nos a corrigir e a melhorar o nosso modo de viver e pode nos abrir um caminho novo mais digno dos seguidores do seu Evangelho.

Deixar Jesus entrar em nossa casa significa enraizar a família com mais verdade, mais paixão e mais entusiasmo na sua pessoa, na sua mensagem e no seu projeto para o reino de Deus. Muitas coisas terão de ser feitas nos próximos anos para reavivar as nossas famílias, mas nada mais decisivo do que colocar Jesus no centro da casa, confiando na sua promessa: «Onde dois ou três se reunirem em meu nome, aí estou Eu» (Mt 18,20). Vocês não estão sós. No centro da vida de vocês está Jesus. Ele os une, os encoraja e os sustenta. Com Jesus tudo é possível.

Acolher Jesus em casa é uma tarefa para toda a vida. A primeira coisa é aprender a viver em casa com um coração novo e um espírito renovador. Isto significa começar a viver uma relação nova com Jesus, uma adesão mais viva. Uma família formada por cristãos que mal conhecem Jesus, que só o confessam de vez em quando e de forma abstrata, que nunca leem o evangelho, que se relacionam com um Jesus mudo de quem não escutam nada de especial, nada de interesse para o homem e a mulher de hoje; um Jesus apagado, que não atrai nem seduz, que não toca os corações, é uma família que dificilmente poderá sentir a sua força renovadora.

Se ignorarmos Jesus e desconhecermos a sua mensagem, não poderemos orientar a nossa vida familiar a partir do seu Evangelho. Se não sabemos olhar o mundo, a vida, as pessoas, os filhos, os problemas com os olhos com que Jesus olhava, diremos que contamos com a luz privilegiada da revelação, mas seremos uma família cega que não sabe olhar para a vida como a via Jesus. E se não escutamos o sofrimento das pessoas com a atenção, a sensibilidade e a compaixão com que Jesus escutava aos que encontrava a sofrer ao longo do seu caminho, seremos famílias surdas. E se não nos sintonizarmos com o estilo de vida de Jesus, com a sua paixão por fazer um mundo mais justo, com a sua ternura para com as crianças, com o seu perdão aos desprezados…, não saberemos transmitir o melhor que Jesus transmitia, o mais valioso, o mais atrativo: a sua Boa Nova.

Trata-se de viver nas nossas famílias esta experiência: caminhar nos próximos anos para um novo nível de convivência familiar, mais inspirada e motivada por Jesus, e para uma dinâmica e um estilo de vida mais orientado para abrir caminhos para o reino de Deus, ou seja, a esse mundo novo, mais humano e feliz que quer o Pai para todos, começando pelos últimos.

Depois de vinte séculos de cristianismo, as famílias cristãs necessitam de um «coração novo» para viver e comunicar a Boa Nova de Deus revelada em Jesus no meio da sociedade de hoje. O decisivo é não nos resignarmos a viver hoje em família sem Jesus

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

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