A autoridade
de Jesus é demonstrada por aquilo que ele faz | 563 |16. 12.2024 | Mateus
21,23-27
O que esta passagem do evangelho segundo Mateus tem
a ver com a preparação para o Natal? Ela está localizada no final da
peregrinação missionária de Jesus, já no espaço do templo central do país, em
Jerusalém. Jesus havia chegado no templo e, com o chicote na mão, expulsado os
vendedores que exploravam o povo. Ele queria o templo como espaço de encontro,
e não como instância de opressão.
Os
sumos sacerdotes ficam incomodados com este gesto e com todo o ensino de Jesus,
pois, com palavras e com ações, ele desafiava e questionava a sacralidade do
templo e a autoridade dos seus controladores. Sacerdotes e anciãos constituíam
uma elite social, econômica, política e religiosa, baseada na origem no saber,
nas riquezas e nas alianças políticas. Esta elite era politicamente legitimada
pelo império romano.
Os
sumos sacerdotes não se importam com o fato de o templo ter deixado de ser casa
de oração e de encontro e ter sido transformado numa espelunca de rapinadores.
Eles preferem questionar a autoridade de Jesus para fazer o que ele faz,
perguntam quem o legitima, com que licença ou autorização ele age. É claro que
a autoridade e a liberdade de ação de Jesus incomodam todos eles.
Por
isso, em nome da instituição do templo, os sacerdotes apresentam a Jesus uma
pergunta, que, na verdade, é uma armadilha. Jesus não pode basear sua
autoridade na origem social, nos bens, no estudo ou em alguma aliança política.
E se disser que sua autoridade ou sua legitimidade vem de Deus, automaticamente
deslegitima os sacerdotes e anciãos e, por causa disso, pode ser acusado de
blasfêmia.
Jesus sabe que sua vida e missão estão
intimamente ligadas à vida e missão de João Batista. Por isso, não sem uma
certa astúcia, responde à pergunta deles com outra pergunta. Os examinadores passam
a ser analisados; os buscadores de lã acabam tosquiados. Eles sabem a resposta,
mas calam. Se reconhecem João como profeta, reconhecem também a Jesus; se negam
a inspiração da sua profecia, perdem o apoio popular. Também o nosso encontro com Jesus passa pelo
seu reconhecimento como enviado de Deus para transformar as pessoas, as
sociedades e as religiões.
Meditação:
·
Releia atentamente estes versículos densos e tensos, que nos
pedem abertura para reconhecer a ação libertadora de Jesus
·
Há quem hoje se comporte como os chefes dos sacerdotes e os
saduceus, que “fazem olho grande” aos abusos contra os pobres?
·
Em que você baseia sua autoridade para anunciar o Evangelho e
denunciar profeticamente os abusos contra os pobres e humildes?
·
O que precisamos “expulsar” de nossas preocupações e projetos
para reconhecer Jesus e acolhê-lo de fato entre nós neste Natal?
·
Que desculpas e justificativas estamos apresentando hoje para
não levar a sério o projeto de Jesus e lançar-nos na construção do Reino de
Deus?
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