domingo, 15 de dezembro de 2024

A autoridade de Jesus está naquilo que ele faz

A autoridade de Jesus é demonstrada por aquilo que ele faz | 563 |16. 12.2024 | Mateus 21,23-27

O que esta passagem do evangelho segundo Mateus tem a ver com a preparação para o Natal? Ela está localizada no final da peregrinação missionária de Jesus, já no espaço do templo central do país, em Jerusalém. Jesus havia chegado no templo e, com o chicote na mão, expulsado os vendedores que exploravam o povo. Ele queria o templo como espaço de encontro, e não como instância de opressão.

Os sumos sacerdotes ficam incomodados com este gesto e com todo o ensino de Jesus, pois, com palavras e com ações, ele desafiava e questionava a sacralidade do templo e a autoridade dos seus controladores. Sacerdotes e anciãos constituíam uma elite social, econômica, política e religiosa, baseada na origem no saber, nas riquezas e nas alianças políticas. Esta elite era politicamente legitimada pelo império romano.

Os sumos sacerdotes não se importam com o fato de o templo ter deixado de ser casa de oração e de encontro e ter sido transformado numa espelunca de rapinadores. Eles preferem questionar a autoridade de Jesus para fazer o que ele faz, perguntam quem o legitima, com que licença ou autorização ele age. É claro que a autoridade e a liberdade de ação de Jesus incomodam todos eles.

Por isso, em nome da instituição do templo, os sacerdotes apresentam a Jesus uma pergunta, que, na verdade, é uma armadilha. Jesus não pode basear sua autoridade na origem social, nos bens, no estudo ou em alguma aliança política. E se disser que sua autoridade ou sua legitimidade vem de Deus, automaticamente deslegitima os sacerdotes e anciãos e, por causa disso, pode ser acusado de blasfêmia.

Jesus sabe que sua vida e missão estão intimamente ligadas à vida e missão de João Batista. Por isso, não sem uma certa astúcia, responde à pergunta deles com outra pergunta. Os examinadores passam a ser analisados; os buscadores de lã acabam tosquiados. Eles sabem a resposta, mas calam. Se reconhecem João como profeta, reconhecem também a Jesus; se negam a inspiração da sua profecia, perdem o apoio popular.  Também o nosso encontro com Jesus passa pelo seu reconhecimento como enviado de Deus para transformar as pessoas, as sociedades e as religiões.

 

Meditação:

·        Releia atentamente estes versículos densos e tensos, que nos pedem abertura para reconhecer a ação libertadora de Jesus

·        Há quem hoje se comporte como os chefes dos sacerdotes e os saduceus, que “fazem olho grande” aos abusos contra os pobres?

·        Em que você baseia sua autoridade para anunciar o Evangelho e denunciar profeticamente os abusos contra os pobres e humildes?

·        O que precisamos “expulsar” de nossas preocupações e projetos para reconhecer Jesus e acolhê-lo de fato entre nós neste Natal?

·        Que desculpas e justificativas estamos apresentando hoje para não levar a sério o projeto de Jesus e lançar-nos na construção do Reino de Deus?

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